Teste de Candida auris criado na UFMG tem pedido de registro aceito no INPI
Método diagnóstico poderá ser usado em hospital com surto do superfungo em BH
Um teste diagnóstico para identificação de Candida auris desenvolvido com orientação de pesquisadores do INCT Leveduras, sediado no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, teve seu pedido de registro aceito no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O novo método diagnóstico poderá ser usado para testar pacientes do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, onde um surto do superfungo vem preocupando autoridades de saúde de Minas Gerais. Quatro casos foram confirmados e mais de vinte são investigados.
O teste desenvolvido pela farmacêutica Viviane Cata Preta de Souza - sob orientação dos professores Susana Johann e Carlos Augusto Rosa e coorientação de Raquel Basques Caligiorne - consiste em um meio de cultura chamado Candida auris Selective, ou CAS, e pode ajudar no processo de controle de infecções hospitalares, já que o número de testes específicos para identificação de fungos ainda é muito reduzido.
O CAS fornece nutrientes para que o fungo, na verdade uma levedura renomeada recentemente como Candidozyma auris, cresça em ambiente controlado, inibindo outras espécies de leveduras oportunistas. “Os testes mostraram sensibilidade de 92,9% e especificidade de 100% para a Candida auris em estufa a 36°C, afirma a bióloga Susana Johann.
Criada no Laboratório de Taxonomia, Biodiversidade e Biotecnologia de Fungos do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, a tecnologia possibilita a realização de testes rápidos e com baixo custo. Segundo a farmacêutica Viviane Cata Preta Souza, o novo método pode ser usado para rastrear pacientes ou equipamentos portadores da Candidozyma auris e para diagnóstico de infecção pela levedura.
“Barato e fácil de usar, ele dispensa treinamento técnico tanto para aplicação quanto para interpretação dos resultados”, explica. Mas seu grande diferencial, de acordo com a pesquisadora, é a economia de espaço no laboratório com uso de microplacas e a possibilidade de dispensa da estufa exclusiva de 40°C.
Com alta transmissibilidade e resistência, a C. auris pode causar infecção sistêmica e levar à morte pacientes com comorbidades, idosos, transplantados, submetidos a cirurgias e internados geralmente em UTI por longos períodos. De posse do resultado positivo, os profissionais de saúde podem iniciar imediatamente as medidas de tratamento e de limpeza, aumentando as chances de cura dos pacientes e evitando a propagação no ambiente.
A professora Susana Johann acredita que essa solução pode ser eficaz como teste auxiliar na identificação da Candida auris, viabilizando a testagem de um número maior de pessoas ao mesmo tempo. “Esperamos ajudar a preservar mais vidas e a proteger pacientes e profissionais de saúde. Também é nossa expectativa contribuir para a redução de custos no processo de identificação, tratamento e desinfecção dos ambientes”, afirma.