Coordenado por Robson Santos, emérito da UFMG, simpósio reunirá especialistas internacionais em peptídeos vasoativos
De 20 a 22 de julho de 2025, a Fundação Dom Cabral, na Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, sediará o XV Simpósio Internacional de Peptídeos Vasoativos. O evento reunirá 22 palestrantes internacionais, além de pesquisadores brasileiros, para discutir avanços científicos com potencial transformador na área médica. O simpósio é coordenado pelo professor emérito da UFMG Robson Santos, referência internacional no estudo do sistema renina-angiotensina e coordenador do laboratório de Hipertensão da Universidade e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Nanobiofarmacêutica (INCT-NanoBiofar).
No evento, será apresentada descoberta recente da UFMG na área da hipertensão e de outras doenças cardiovasculares: a alamandina-(1-5). Esse novo peptídeo — identificado e estudado pelo grupo do professor Robson Santos — demonstrou, de forma inédita, a capacidade de atuar simultaneamente sobre três receptores protetores do sistema cardiovascular.
Em estudos com modelos animais, a infusão do peptídeo em ratos hipertensos foi capaz de normalizar a pressão arterial em apenas 14 dias — algo que peptídeos mais clássicos, como a Angiotensina-( 1-7) ou a Alamandina, ainda não haviam conseguido. E mais: quando encapsulada em lipossomas e administrada por via oral, a alamandina-(1-5) também se mostrou eficaz, reduzindo a pressão em poucas horas, o que revela um importante potencial terapêutico.
“Estamos falando de uma molécula naturalmente presente na circulação humana, com alto potencial. Ela age em alguns locais onde mais precisamos: no endotélio dos vasos, no sistema nervoso central, no coração”, explica o professor Robson Santos. Segundo ele, os próximos passos são os estudos de segurança e eficácia em humanos.
Além da hipertensão, o grupo estuda aplicações do peptídeo em eventos agudos como o infarto do miocárdio, condição em que o organismo sofre uma descarga do sistema nervoso simpático, aumentando o risco de arritmias fatais. “Nosso peptídeo reduz a força de contração do coração, o que pode ser benéfico nesse contexto — como um betabloqueador natural”, destaca.
Desde 1991, quando foi realizado pela primeira vez em Ouro Preto, o encontro consolidou-se como fórum estratégico para o debate e desenvolvimento de conhecimentos e terapias baseadas em peptídeos vasoativos — pequenos pedaços de proteínas que regulam funções como a contração dos vasos sanguíneos, a pressão arterial e a inflamação.
Atividade física
Como parte da programação do evento, será realizado o VI Simpósio de Atividade Física e Saúde da Região Sudeste, destinado à discussão de estratégias para a promoção da saúde e prevenção de doenças crônicas, com ênfase no envelhecimento saudável. O encontro contará com palestras, mesas-redondas e uma sessão de pôsteres, reunindo pesquisadores, profissionais da saúde e estudantes.
O simpósio pretende fortalecer o diálogo entre academia e prática profissional, promovendo um ambiente propício à troca de experiências e à atualização científica. As inscrições estão abertas, e a programação completa pode ser acessada no site oficial.
