Evento cultural

Um século do Manifesto Surrealista: Fale celebra legado da obra de Breton com jornada nos dias 29 e 30 de maio

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A Faculdade de Letras da UFMG (Fale) sediará, nos dias 29 e 30 de maio, a Jornada A máquina de revirar o espírito: 100 anos do 1° Manifesto Surrealista. Para debater o manuscrito de André Breton, a programação reúne professores de universidades de diversas localidades do país.

Ao abordar o impacto do surrealismo em áreas como a poesia, o cinema, a pintura, a tradução e a crítica cultural, o evento explora tanto figuras consagradas quanto desdobramentos menos conhecidos do movimento. O propósito da jornada é revisitar a trajetória do surrealismo, principalmente sua presença na América Latina. As atividades terão lugar no auditório 2001.

Publicada em outubro de 1924, a obra foi escrita por André Breton, poeta francês que liderou o movimento surrealista entre as décadas de 1920 e 1960. O manifesto foi concebido inicialmente para ser apenas um longo prefácio à obra Poisson soluble (Peixe solúvel), coletânea de 31 poemas em prosa. 

Influenciado por nomes como Charles Baudelaire, Stéphane Mallarmé, Paul Valéry e Sigmund Freud, Breton propunha uma nova forma de enxergar os modos de produção artística, escapando à realidade e à racionalidade e adentrando o mundo da imaginação 

“A atitude realista [...] parece-me hostil a todo impulso de liberação intelectual e moral. Tenho-lhe horror, por ser feita de mediocridade, ódio e insípida presunção. É ela a geradora, hoje em dia, desses livros ridículos, dessas peças insultuosas", escreveu Breton no Manifesto. Leia mais sobre a história do manuscrito.

Da Europa à América
Algumas semanas depois do lançamento do escrito de André Breton, em 1° de dezembro de 1924, foi publicada a revista La Révolution Surréaliste, com textos do próprio Breton, de Benjamin Péret, Paul Éluard, Aragon e Chirico, ilustrados por Max Ernst, Man Ray e Picasso. Essa produção compunha a primeira edição de um total de 12 volumes que ainda viriam a ser publicados até 1929. Foi também no ano de 1924 que o artista Joan Miró, também influenciado pelo surrealismo, desenvolveu um estilo único de arte, unindo as ideias do francês com a estética catalã.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro, a revista Estética, logo em seu segundo número, em janeiro de 1925, trazia um artigo em que Prudente de Moraes Neto comentava uma crítica sobre o movimento publicada na França. Estava apresentado o movimento no Brasil, e tinha início à longa trajetória do surrealismo na América Latina. Outras manifestações surgiram no continente, como em 1928, com a revista Qué, em Buenos Aires, e em 1932, em Talca, no Chile, com a fundação do grupo Mandrágora.

Tais eventos abriram espaço para a emergência de nomes como Tarsila do Amaral, Francisco Madariaga, Aldo Pellegrini, Octavio Paz, Aimé Césaire, entre outros. Mais tarde, no início da década de 1970, durante o governo do socialista Salvador Allende, Mário Pedrosa usou sua antiga relação com artistas surrealistas para pedir a colaboração na criação do Museo de la Solidaridad, no Chile – atendendo a esse apelo, Joan Miró pintou uma tela especialmente para a ocasião.

Organizado pelos professores Elisa Amorim (Fale), Margareth dos Santos (USP), Ivan Martin (Unifesp) e María José Lemaitre (vinculado ao Museo de la Solidaridad Salvador Allende), o evento é gratuito e aberto ao público. As inscrições devem ser realizadas em formulário on-line. Seu preenchimento é necessário para emissão de certificados.

Programação

29 de maio

9h – Conferência de abertura da Jornada por María José Lemaitre, diretora do MSSA

10h – Abertura da exposição Museo de la Solidaridad Salvador Allende

10h30 às 12h - Mesa 1
Márcia Arbex (UFMG) – Ecos do surrealismo no Brasil
Marcelo Moreschi (Unifesp) – Curativo e sujeira: o surrealismo em Flávio de Carvalho
Laura Gabino (doutoranda, Literatura ∕ UFMG) – O surrealismo na poética de Alejandra Pizarnik

12h às 14h– Almoço

14h às 15h30 - Mesa 2
Margareth dos Santos (USP) – Os Toros oníricos, revolucionários e cotidianos de Joan Ponç
Bárbara Lissa (doutoranda, Literatura ∕ UFMG) – O surrealismo mexicano e o mundo pré-hispânico: uma abordagem desde a exposição Frida Kahlo – Conexões entre mulheres surrealistas no México
Aléxia Prado (doutoranda, Literatura ∕ UFMG) – A influência surrealista nos contos de Silvina Ocampo

15h30 às 16h – Café

16h às 17h30  Mesa 3
Silvia Cárcamo (UFRJ) – Entre os anjos e o povo: o 'erro' na poética de Rafael Alberti
Guilherme dos Santos (Iniciação Científica, Fale/UFMG) – Luis Buñuel no México: Surrealismo e o pesadelo burguês
Lia Miranda (UFMG) – Traduzir a palavra errante de Edmond Jabè

30 de maio

9h às 10h30  Mesa 4
Ivan Martin (Unifesp) – A arte de voar pelas entranhas: imagens oníricas do franquismo no romance gráfico
Ana Chiarini (UFMG) – A viagem cósmica de Ítalo Calvino na rota de Roberto Matta
Mayra Moreira Carvalho (Uemg) – Debates do surrealismo argentino na coleção El pan y la estrella (Buenos Aires, 1948-1962)

10h30 às 12h – Mesa 5
Elisa Amorim (UFMG) – Entre a luz e a vida: Benjamin Péret na zona tórrida do Brasil
Marina Baltazar (doutoranda, Literatura ∕ UFMG) – Ao sul do real: considerações sobre a pintura de Leonora Carrington ou Leche del sueño: fulgurações de monstros, alquimia e delírio em Leonora Carrington
Lady Lourdes (mestranda, Literatura ∕ UFMG) – Um mundo tem muitos mundos: maquinarias da realidade em Remedios Varo

12h às 14h – Almoço

14h – Encerramento

Descrição Imagem
André Breton lançou as bases do movimento surrealista em 1924 Foto: Wikipedia | Domínio público

Ficha técnica

Jornada A máquina de revirar o espírito: 100 anos do 1° Manifesto Surrealista
Data: 29 e 30 de maio
Local: Auditório 2001 da Faculdade de Letras da UFMG
Endereço: Avenida Antônio Carlos, 6.627 – Pampulha, Belo Horizonte
Evento gratuito

Serviço

26 a 30 de maio de 2025

Auditório 2001 da Faculdade de Letras

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Entrada franca

Avenida Antônio Carlos, 6.627 – Pampulha, Belo Horizonte