Pesquisadores de vários países e de diferentes áreas do conhecimento se uniram em um projeto que pretende organizar assembleias nacionais e uma grande assembleia global formadas por cidadãos comuns, pessoas leigas. O objetivo é criar condições adequadas de informação e discussão para que as pessoas reflitam conjuntamente sobre temas complexos. O tema escolhido para os encontros é a edição genética, técnica que permite a alteração de trechos específicos do DNA de organismos vivos. As ideias que estruturam o projeto estão em um artigo publicado no último dia 17, na revista Science. 

O projeto Deliberação global do cidadão sobre a edição genética é coordenado pelo professor John Dryzek, do Centro para Democracia Deliberativa e Governança Global da Universidade de Canberra, na Austrália. No artigo, os pesquisadores definem que a assembleia global deve contar com pelo menos 100 pessoas leigas. Antes, serão realizadas várias assembleias nacionais com esses cidadãos.

As assembleias deverão contribuir para elaborar políticas e regulações relativas ao desenvolvimento e ao uso de tecnologias de edição genética, que possibilitam muitos benefícios, mas também envolvem perigos graves para o presente e o futuro das nossas sociedades. Os pesquisadores responsáveis por organizar o ramo brasileiro da iniciativa são dois professores da UFMG: Ricardo Fabrino Mendonça, do Departamento de Ciência Política, e Yurij Castelfranchi, do Departamento de Sociologia. 

“Estamos falando de questões que afetam o planeta e a humanidade. Temas complexos não são balizados por fronteiras nacionais. Eles requerem a ponderação coletiva sobre os rumos do mundo. Justamente por isso, é importante fomentar possibilidades de participação para que pessoas de diversos continentes possam pensar conjuntamente sobre o futuro”, afirmou Ricardo Fabrino, em entrevista ao Portal UFMG.

Nesta segunda-feira, 28, Ricardo Fabrino conversou com o programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, sobre a iniciativa.