16º Festival de Verão UFMG propõe olhares sobre a Semana de Arte Moderna
Gratuito, evento acontece on-line de 9 a 12 de fevereiro; artista indígena Jaider Esbel, falecido no ano passado, será homenageado na abertura
De 9 a 12 de fevereiro, a UFMG promove o seu 16º Festival de Verão. O evento, referência em Minas e no país, terá uma programação inteiramente gratuita. Com o tema Culturas em movimento: olhares da UFMG sobre a Semana de Arte Moderna, a edição de 2022 comemora o centenário da Semana de Arte Moderna com reflexões sobre as contribuições, contradições e desdobramentos que o movimento proporcionou ao país.
Confira a programação ao final do release (relação completa, em breve, no site www.ufmg.br/festivaldeverao). As atividades oferecem certificado de participação e dispensam a necessidade de inscrição prévia. Devido à pandemia do novo coronavírus, o evento será totalmente on-line pelo segundo ano consecutivo. A programação prevê três palestras, quatro rodas de conversa, uma homenagem e uma apresentação de danças urbanas.
Para a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, a Semana de Arte Moderna foi um marco no processo de valorização e afirmação da cultura brasileira, e seus desdobramentos são sentidos até hoje. “Esse centenário é muito mais do que uma efeméride. Refletir sobre a Semana de Arte Moderna é, sobretudo, refletir sobre os impasses de um Brasil que se modernizou, mas que ainda guarda traços de um país arcaico e desigual”, analisa. A reitora acredita que é papel da UFMG estimular o debate sobre o movimento que lançou o país na modernidade. “Começamos essa discussão no ano passado, com o Festival de Inverno, e fecharemos esse ciclo agora, com o Festival de Verão”, afirma.
“Achamos importante focar nos olhares dos professores, artistas e pensadores da UFMG sobre o movimento modernista e a Semana de Arte Moderna. O tema Culturas em Movimento sintetiza nossa perspectiva contemporânea para refletir sobre as repercussões do Modernismo na arte e na cultura até os dias de hoje”, afirma o diretor de Ação Cultural da UFMG, Fernando Mencarelli, que coordena o Festival ao lado da diretora-adjunta, Mônica Medeiros Ribeiro.
Homenagem à arte de Jaider Esbell
A abertura do Festival será no dia 9 de fevereiro, quarta-feira, às 19h, quando a professora da Escola de Belas Artes Lúcia Pimentel conduzirá a homenagem ao artista indígena Jaider Esbell, falecido em 2 de novembro passado. Na ocasião, o público poderá assistir novamente à palestra Rever Makunaíma, que foi proferida pelo artista da etnia Macuxi em 2021, durante o 53º Festival de Inverno UFMG. Em sua fala, Jaider refletiu sobre as origens do personagem mítico Macunaíma, nascido em uma tribo amazônica e que, em sua opinião, poderia representar “os sujeitos indígenas que despertam e advertem sobre o ato-reivindicação de um outro lugar para o mito, que seria, também, um outro lugar para a autoria, ilustrando, por tantos meios as apropriações, os deslocamentos e também as invisibilidades”. Na visão de Mencarelli, essa será uma oportunidade de “celebrar este artista tão singular e especial que contribui para o nosso entendimento da importância da arte indígena contemporânea no Brasil”.
Nuances do modernismo e pluriepistemologia
Segundo a coordenadora-adjunta do Festival, Mônica Medeiros Ribeiro, os quatro dias de evento foram divididos segundo temáticas que exploram as nuances do movimento Modernista. No primeiro dia, as ressonâncias da Semana de Arte Moderna no cenário contemporâneo guiarão as reflexões e os diálogos em uma palestra e roda de conversa; no segundo dia, pesquisadores convidados farão uma revisão sobre os grupos, as comunidades e os modos de fazer que não foram contemplados pela Semana de Arte Moderna de 1922, como as artes negra e indígena.
No terceiro dia, serão exploradas as emergências no âmbito cultural contemporâneo, a partir das provocações expressas no Manifesto da poesia pau-brasil, do escritor Oswald de Andrade. “Ver com os olhos livres”, uma das máximas presentes no documento, é interpretada aqui como possibilidade de praticar e fruir a cultura com base na alteridade e na diversidade. No último dia de Festival, será abordada a multiplicidade de saberes que constituem o campo de conhecimento das artes. “Na atualidade, há um movimento de abertura para outros conhecimentos e saberes na academia. Já é possível a presença dos saberes científicos com as artes e com os saberes da tradição, configurando uma pluriepistemologia. Durante esta edição do Festival, vamos realçar essas várias vozes que compõem a Universidade que desejamos”, afirma Ribeiro.
Programação
9 de fevereiro (quarta-feira)
18h30: Solenidade de abertura oficial
19h: Homenagem a Jaider Esbell, com Lucia Pimentel, e reapresentação da palestra Rever Makunaíma, de Jaider Esbell
20h: Roda de conversa Ressonâncias da Semana de Arte Moderna
10 de fevereiro (quinta-feira)
19h: Palestra Psicanálise literária: o campo do fora
20h: Roda de Conversa com Eduardo de Jesus, José Newton Meneses e Ricardo Aleixo
11 de fevereiro (sexta-feira)
19h: Palestra Modernismos: uma questão de memória
20h: Roda de conversa com Ana Cláudia de Assis, Gabriela Guerra e Marcos Alexandre
12 de fevereiro (sábado)
18h: Palestra Sobre beleza e possibilidades de salvar o mundo
19h: Roda de conversa com César Guimarães, Edgar Kanaykõ e Sônia Queiroz
20h30: Vídeo-documentário MEC – MOVIMENTO EM CENA
Sobre o Festival
Criado em 2007, o Festival de Verão UFMG é realizado anualmente pela Diretoria de Ação Cultural. A iniciativa visa oferecer ao público e à cidade de Belo Horizonte um vasto e significativo programa cultural durante as férias de verão. A proposta é reconhecer e promover o processo de interação dinâmica entre cultura e educação.
O Festival será transmitido pelo canal da Diretoria de Ação Cultural da UFMG no YouTube.
Acompanhe o Festival de Verão UFMG:
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