O décimo quarto episódio do Corredor Cultural 174 Podcast, produzido pelo Centro Cultural UFMG, traz um bate-papo com o artivista trans não binário Ed Marte, integrante da Academia Transliterária. Esse coletivo reúne artistas travestis, transexuais e transgêneros, bem como cisgêneros próximos à pauta, que investigam estratégias, estéticas e linguagens artísticas para difusão e protagonismo da arte e cultura trans periférica.

O nome do coletivo tem como referência a Academia Brasileira de Letras e Ed relata que para eles, a maioria pessoas trans e travestis, é difícil chegar nesse lugar da Academia. “Hoje nossos corpos já estão conquistando esses espaços, mas antes era mais difícil ainda. Hoje a gente já têm escritoras acadêmicas que fazem doutorado e pós-doutorado e, mesmo assim, é para fazer essa referência que a gente também pode estar nesse lugar, e deve estar, que é um direito de todas nós. Então, por isso que a gente brinca com essa coisa de ser uma Academia Transliterária, apesar de que a gente não trabalha só com a literatura”, expressa.

O artivista relembra que tudo começou com o Sarau do Amor, em 2016, debaixo do Viaduto Santa Tereza, movimento protagonizado por artistas trans que teve como premissa dar visibilidade às produções com a linguagem das palavras desenvolvidas pela população T. O gancho inicial foi a literatura, mas após esse evento o coletivo foi conquistando espaço dentro da cena cultural, realizando inúmeras atividades em BH e região, como oficinas, performances, rodas de conversa, saraus, concursos literários, ações formativas, dentre outras, dando voz a essas pessoas que sofrem historicamente as consequências do silenciamento.

Ed afirma que a Academia Transliterária apoia a liberdade dos corpos, a descoberta pela verdadeira identidade, o direito pelo próprio corpo, inclusive de modificá-lo, de ser e usar o que quiser, de estar nas ruas e proceder como realmente são, sem sofrer nenhum tipo de preconceito e violência. “O Brasil é um dos países que mais agride e mata pessoas trans no mundo, apesar de ser o país que também mais consome a pornografia LGBTQIAPN+ nas redes sociais e na internet”, relata.

Ouça o podcast na íntegra e conheça essa iniciativa pioneira em BH de caráter fundamentalmente artística, que produz uma cultura trans ainda invisível e pouco representada:https://bit.ly/478vRVj

Acompanhe o trabalho da Academia Transliterária no Instagram.

Corredor Cultural 174 Podcast

O projeto do Centro Cultural UFMG disponibiliza mensalmente no Spotify conversas com artistas, músicos, escritores, cineastas, agentes culturais e demais pessoas que pensam, respiram e produzem cultura. “Corredor”, pelo fato do Centro Cultural UFMG estar situado no corredor cultural Praça da Estação e também no sentido de espaço de passagem, onde transitam ideias, movimentos e expressões artísticas em Belo Horizonte. “Cultural”, pois a temática será sempre cultura e “174” é o número de localização da instituição na Avenida Santos Dumont.