Acesso ao ensino formal e permanência de pessoas trans em universidades serão debatidos na UFMG
As dificuldades de acesso das pessoas transexuais ao ensino universitário serão tema de debate na próxima segunda-feira, 5, na UFMG. Das 14h às 17h, no Auditório 2 da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), campus Pampulha, militantes e ativistas sociais vão conversar com mediação do professor Luiz Alex Saraiva, da Face, membro do Núcleo de Estudos Organizacionais e Sociedade (Neos), grupo que promove o debate do ciclo DesConstruções.
Serão emitidos certificados de participação para as pessoas que se inscreverem no blog do Neos e participarem do evento. Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (31) 3409-7235 e 3409-7238.
O reconhecimento do nome social adotado por travestis e pessoas transexuais é a primeira barreira para o acesso ao ensino, na avaliação de João Maria Kaisen de Almeida, que se define como artivista por seu envolvimento com a arte e com a causa trans. "Esse geralmente é o primeiro muro, pois a pessoa precisa lutar para ter o nome que a representa reconhecido pelos demais", afirma.
Um dos idealizadores da Academia Mineira Transliterária, Kaisen adianta que sua fala recairá sobre o acesso ao ensino formal, que ainda é a maior dificuldade enfrentada pela pessoa trans. "A dificuldade de acesso é geral, não apenas ao ensino, mas também a outros direitos fundamentais, como o reconhecimento do nome social", enfatiza.
"A população trans ainda é muito marginalizada em nossa sociedade. Quando consegue acessar espaços como o ambiente universitário, ela precisa lutar muito para permanecer. Muitas vezes, o que ocorre é um acesso fajuto, porque em muitos locais a pessoa é submetida a constrangimentos e humilhações cotidianos, a começar pela questão do nome social. Ou seja, você pode até estar lá, mas não é respeitado", critica.
Na universidade
Além de João Maria Kaisen, participarão da mesa sobre As pessoas trans e a universidade: cenário e perspectivas a atriz e ativista Walkiria La Roche e a jornalista Juhlia Santos, também atriz e militante. Ao longo do debate, eles vão tratar da atual conjuntura que envolve acesso e permanência de pessoas trans nas universidades. Também serão discutidos a violência, o preconceito e a marginalização das pessoas LGBTIQ no Brasil, país com maior índice de assassinatos de travestis e transexuais.
Em relação à violência, a discussão deverá abarcar várias esferas, entre as quais se destaca a discriminação no âmbito do mercado de trabalho, o que se reflete em poucas oportunidades de emprego formal, e os diferentes níveis de educação formal, em que travestis e transexuais lidam com organizações e profissionais pouco preparados e muitas vezes hostis.