Ars Nova Coral da UFMG faz apresentação em comemoração aos 91 anos da universidade
Na próxima terça-feira, dia 11 de setembro, às 19h30, o Ars Nova – Coral da UFMG retorna ao Conservatório de Música da UFMG (Av. Afonso Pena – 1534, Centro) para uma apresentação comemorativa dos 91 anos da UFMG, completados no último dia 7 de setembro. O repertório tem início com os Three Madrigals, da compositora norte americana Emma Lou Diemer (1927), para coro e piano, trazendo três poemas de William Shakespeare, cada um deles explorado de maneira diferente: harmonias transparentes em O Mistress Mine, Where Are You Roaming?, harmonias pesadas em Take, Oh Take Those Lips Away, e rápidas provocações ao piano em Sigh No More Ladies, Sigh No More!.
Em seguida, o Ars Nova interpreta Hymne au Soleil, que homenageia os 100 anos de morte da compositora Lili Boulanger – a primeira mulher a ganhar o Prix de Rome. Composta em 1912, descreve um cenário evocativo de um despertar do sol, baseado no poema de Casimir Delavigne. E depois, Trois Chansons de Charles D’Orlean, as três únicas canções escritas por Claude Debussy para esta formação – música coral a cappella, sem acompanhamento – que vêm, também, para relembrar os 100 anos de morte do compositor. Com textos de Charles D’Orleans, a primeira é fluente e flexível, a segunda apresenta influências espanholas e a terceira encerra o ciclo com uma explosão irada contra o Inverno, o “vilão” de D’Orleans.
A partir daí o repertório valoriza os compositores nacionais, abrindo o terceiro momento com três músicas de autoria do maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca que, em 1964, fundou o Ars Nova - Coral da UFMG. O coral homenageia os 85 anos de nascimento de seu fundador com as seguintes composições: Ponto de Oxum Iemanjá, uma obra escrita em 1965, rica pelo aspecto rítmico e inovador, com vozes masculinas que imitam o som de tambores, acompanhando uma melodia tradicional da Umbanda e um texto que lembra o sincretismo religioso e que saúda Iemanjá como a Rainha do Mar; Ponto de São Jorge Ogum Guerreiro, mais uma das obras do maestro Carlos Alberto dedicada a preservar e divulgar o universo da música de Umbanda, que exibe precisão rítmica aliada a uma melodia que torna-se fácil de cantar por seu desenrolar progressivo; e Ponto Máximo de Xangô, obra que o Ars Nova estreou no mês passado, na apresentação da Quarta Doze e Trinta e que incorpora em seu repertório.
As três músicas que encerram o programa são do Cancioneiro de Lampião, composição do pernambucano Marlos Nobre, que escreveu um trio de canções – Muié Rendêra, É Lamp, é Lamp, é Lampa e Cantigas de Lampião – em homenagem ao cangaceiro Virgulino Ferreira, o Lampião. Nos concertos de 2018 o Ars Nova – Coral da UFMG vem relembrar os 120 anos do nascimento de Lampião e os 80 de sua morte.
O foco do grupo neste ano é a música composta no século XX, divulgando não apenas os compositores brasileiros, mas também novos repertórios de compositores internacionais, com ênfase em obras ainda consideradas inéditas no Brasil. Esta é uma maneira de incentivar a produção de novas obras para coral, além de garantir que cantores e público pratiquem e escutem a música de nosso tempo, com suas idiossincrasias, seus contrastes, suas coerências e incoerências.
Programa
Three Madrigals – Emma Lou Diemer (1927)
Textos de William Shakespeare
I. O Mistress mine, where are you roaming?
II. Take, o take those lips away
III. Sigh no more ladies, sigh no more!
Hymne au Soleil Lili Boulanger (1893-1918)
Texto de Casimir Delavigne
Mezzo-soprano solo: Mariana Redd
Trois Chansons de Charles D’Orleans Claude Debussy (1862-1918)
Textos de Charles D’Orleans (1394-1465)
I. Dieu! Qu'il la fait bon regarder
II. Quand j'ai ouy le tambourin
Mezzo soprano solo: Iolanda Camilo
II. Yver, vous n'estes qu'un villain
Quarteto solo: Poliana Martins, Iolanda Camilo, Messias de Oliveira e Giancarlos de Souza
Três Pontos de Umbanda – Carlos Alberto P. Fonseca (1933-2006)
I. Ponto de Oxum-Iemanjá
II. Ponto de São Jorge Ogum Guerreiro
III. Ponto Máximo de Xangô
Cancioneiro de Lampião – Marlos Nobre (1939)
Três Corais Brasileiros para coro misto a cappella, opus 52
I. Muié Rendera
II. É Lamp, É Lamp, É Lamp
III. Cantigas de Lampião
Piano: Thiago André
Regência: Lincoln Andrade
Sobre o Ars Nova – Coral da UFMG
Desde 2016, quando passou a ser regido pelo maestro Lincoln Andrade, o Ars Nova tem buscado ampliar a área de atuação do coral e divulgar não só os compositores brasileiros, mas também novos repertórios de compositores internacionais, com ênfase em obras ainda consideradas inéditas em território brasileiro.
É uma maneira de incentivar a produção de novas obras para coral, além de garantir que cantores e público pratiquem e escutem a música de nosso tempo, com suas idiossincrasias, seus contrastes e suas coerências e incoerências, mas acima de tudo, com o registro de uma leitura atual do movimento coral mundial.
O maestro Lincoln Andrade é natural de Leopoldina, Minas Gerais. Mas foi em Brasília onde começou seus estudos em música e iniciou uma sólida carreira como professor e maestro. Possui doutorado em Regência pela University of Kansas, EUA, mestrado em Regência pela University of Wyoming, EUA, e é licenciado em Música pela Universidade de Brasília.
Foi professor e diretor do Centro de Educação Profissional/Escola de Música de Brasília, professor assistente premiado na University of Wyoming, na University of Kansas e na Indiana State University. Foi professor no curso de pós-graduação da Faculdade de Artes do Paraná, em Curitiba. Foi diretor musical do grupo vocal Invoquei o Vocal e regente titular do Madrigal de Brasília e ganhou medalha de prata e medalha de ouro nas categorias coro misto e coro folclore, no Festival Internacional de Coros de Atenas, na Grécia, em 1994. Foi regente assistente do Coro Jovem Comunitário de Kansas City e maestro do Coro Lírico do Teatro Nacional Cláudio Santoro, em Brasília. Foi também o maestro titular do Coral Brasília e ganhou medalha de ouro no Festival Internacional de Coros em Atenas, Grécia, em 2004.
Regeu concertos na Alemanha, Argentina, Chile, Espanha, nos Estados Unidos, Grécia, Hungria, Paraguai, Polônia, Portugal, e Turquia. Foi regente titular do Coral Lírico de Minas Gerais e regeu concertos como maestro convidado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e da Orquestra de Câmara Opus. Lincoln Andrade foi o produtor musical, apresentador e entrevistador do programa Conversa de Músico, produzido e veiculado durante 12 anos pela TV Senado. É constantemente convidado a ministrar cursos, palestras e workshops sobre regência nos diversos festivais de música pelo Brasil. É professor de regência e coordenador da Orquestra Sinfônica da Escola de Música da UFMG.