Artigo de professores da UFMG demonstra efeito positivo da música na odontopediatria
Ensaio clínico inédito, com uso de biomarcador para medir ansiedade, revela que benefícios são ainda mais intensos para crianças tímidas
Artigo recém-publicado por pesquisadores da Faculdade de Odontologia e do Departamento de Psicologia da UFMG demonstra que crianças que ouvem música quando submetidas a tratamento odontológico podem ficar menos ansiosas. E esse efeito é ainda mais intenso quando se trata de crianças tímidas.
Grande parte da pesquisa foi realizada durante o mestrado de Marcela de Oliveira Brant, que teve orientação da professora Júnia Serra-Negra e defendeu sua dissertação em 2016, no Programa de Pós-graduação em Odontologia, na área de Odontopediatria. Agora, em 2019, o artigo The reassuring role of music associated with the personality traits of children during dental care: a randomized clinical trial foi publicado pela European Archives of Paediatric Dentistry.
O aspecto inédito do trabalho foi o uso de biomarcador para medição de ansiedade: as crianças tiveram frequência cardíaca aferida por um oxímetro de dedo em três momentos diferentes de cada consulta. Uma criança ansiosa tende a ter acelerados seus batimentos.
Marcela atendeu 34 crianças de quatro a seis anos de idade, das cidades mineiras de Brumadinho e Confins, que nunca tinham sentado numa cadeira de dentista. Os procedimentos foram realizados com e sem audição da Sinfonia nº 40, de W.A. Mozart, por fone de ouvido.
Paralelamente, uma equipe da Fafich, coordenada pela professora Carmen Flores-Mendoza, mediu traços da personalidade das crianças. Era preciso conhecer, por exemplo, as reações de cada um dos pacientes a ambientes estranhos. A conclusão foi a de que as crianças classificadas como menos extrovertidas se beneficiaram de forma mais significativa, relativamente, quando submetidas a tratamento odontológico ouvindo a sinfonia de Mozart. A música foi capaz de tranquilizá-las.
“A música é um recurso simples e barato, que pode gerar benefícios enormes para o tratamento odontopediátrico”, diz Júnia Serra-Negra, lembrando que a literatura informa sobre a importância das técnicas de distração, como a música e o vídeo, para o sucesso de diversos tipos de tratamento de saúde, mas os estudos ainda são escassos na áreas da odontologia.
Leia mais sobre a pesquisa em reportagem do Boletim UFMG. O texto aborda a parte apresentada na defesa da dissertação, que não inclui os resultados da avaliação psicológica.