Aula aberta na Faculdade de Medicina UFMG debate tradições indígenas de promoção à saúde
Aberto ao público, evento terá a presença de indígenas da Amazônia e estudantes indígenas da Universidade
A relação entre o saber indígena e a medicina ocidental será tema de uma roda de conversa no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da UFMG, no campus Saúde, no dia 31 de maio, a partir das 17h30. Aberto a todos e sem necessidade de inscrição prévia, o evento tem como tema Os povos Huni Kuĩ/Kaxinawá e Omágua/Kambeba: Tradições e Rituais de Tratamento e Cura e conta com a apresentação da médica Adana Omágua (nome ocidental: Danielle Soprano) e o estudante de medicina Otávio Kaxixó, além do coordenador da aula e professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social (MPS) da Faculdade, Ulysses Panisset. Ainda participam os indígenas Bane e Nixiawaka do povo Huni Kuĩ.
A roda de conversa faz parte da disciplina Perspectivas Globais da Saúde Indígena, ofertada pelo MPS no contexto de formação transversal internacional da UFMG e coordenada pelo professor Ulysses Panisset. De acordo com ele, esse será o encontro de duas culturas, com diferentes perspectivas em saúde: a da medicina ocidental, baseada na evidência científica; e a outra da medicina indígena, que usa como parâmetros a natureza e a espiritualidade. “São dois paradigmas, mas que podem se beneficiar. Inclusive há evidências sobre essa contribuição, como os estudos de plantas medicinais e os princípios ativos”, comenta.
O professor ressalta que o objetivo, tendo em vista a própria história do Brasil e os oito alunos indígenas que estudam na Faculdade de Medicina, é ampliar a discussão sobre as tradições dos povos originários e suas contribuições, incluindo as ações e conhecimentos em promoção de saúde. Com as apresentações dos convidados sobre a visão dos seus povos, tradições, rituais de cura e suas vivências pelos dois universos, usando também o canto, o evento promove mais visibilidade e identificação das interfaces entre os dois saberes.
“Este encontro entre indígenas e não indígenas dentro da academia e com a academia correspondem aos anseios do movimento indígena, o mesmo movimento que garantiu na Constituição 1988, pelo menos na lei, os direitos dos povos indígenas. Entre eles o direito à autonomia de nossas terras, autonomia de sermos quem somos e de executarmos nossas tradições e saberes como nossa medicina tradicional. Neste encontro iremos compartilhar desafios e reflexões que surgem da relação das duas medicinas (tradicional indígena e medicina científica oficial) no contexto amazônico”, Adana Omágua.
Exposição
Durante o dia 31, o Centro de Memória (Cememor) da Faculdade de Medicina também reapresenta a exposição (Re)Tratar – Cura da Terra no corredor da Memória, com fotografias que ilustram a vida de dois povos indígenas aldeados durante a pandemia de covid-19. Esse é um trabalho realizado pelo estudante Otávio Kaxixó e do professor da Formação Intercultural de Educadores Indígenas da UFMG Edgar Kanaykõ.
Saiba mais sobre a exposição na reportagem Exposição de fotos aborda a pandemia de covid-19 no contexto de indígenas aldeados.