BH, 125 anos: pesquisa da UFMG mostra como a Avenida Afonso Pena preservou sua identidade

Dissertação da pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo é tema do novo episódio do ‘Aqui tem ciência’, da Rádio UFMG Educativa

Há 125 anos, quando Belo Horizonte foi inaugurada, a avenida Afonso Pena já aparecia como eixo do projeto de uma cidade planejada. Na época, ela se estendia do Mercado Central, localizado onde hoje fica o Terminal Rodoviário da Praça Rio Branco, até a Avenida do Contorno. Conforme a cidade cresceu, a Afonso Pena também foi estendida e modificada, sem perder sua importância. 

Em sua dissertação de mestrado, defendida na UFMG, a arquiteta Tatiana Pimentel buscou entender como a avenida Afonso Pena tem sido, por mais de um século, um dos locais mais importantes de Belo Horizonte, mesmo depois de passar por mudanças.

Um dos aspectos centrais da pesquisa é a noção de identidade. A pesquisadora trabalhou com duas variações desse conceito. A primeira é a identidade territorial, a parcela da identidade formada pelo contato delas com os espaços que ocupam. A outra, a identidade espacial, não diz respeito às pessoas, mas ao próprio espaço. São os significados, sentidos e valores que as pessoas associam a um lugar. Os dois conceitos têm em comum o fato de que só existem porque as pessoas habitam e se relacionam com o espaço.

Estabelecidos esses dois conceitos, a pesquisadora observou que a identidade espacial da avenida continua muito forte, tendo em vista que permanece sendo uma via muito conhecida e usada pela população da cidade para trabalhar, divertir-se, consumir cultura e fazer compras. 

A autora sugere que, embora a Afonso Pena tenha se modificado, principalmente a partir do processo de verticalização iniciado na década de 1930, e vários ícones urbanos tenham sido substituídos ou retirados da avenida, os elementos identitários não foram perdidos. Quando esses elementos eram removidos, outros tomavam seu lugar, com a mesma importância. 

Tatiana Pimentel conclui que a perenidade simbólica da avenida Afonso Pena tem menos a ver com a manutenção ou substituição dos ícones urbanos e mais com aspectos gerais da avenida, como sua direção, saindo do Hipercentro até a Serra do Curral, sua dimensão monumental e sua localização central na cidade. 

A arquiteta argumenta que, embora a identidade da avenida se mantenha após várias transformações, isso não significa que preservar monumentos e conjuntos arquitetônicos seja desnecessário. Ela reconhece que novidades surgem e espaços se modificam, mas a arquitetura compõe a memória e a identidade de muitas pessoas. Assim, preservar espaços, monumentos e ambientes assegura que a memória e a identidade não se percam com o passar do tempo. 

Ouça entrevista sobre o assunto em programa da Rádio UFMG Educativa.

Raio-x da pesquisa

Título: Identidade sociedade-espaço: transformação e permanência na avenida Afonso Pena
O que é: dissertação de mestrado que apresenta razões pelas quais a avenida Afonso Pena, principal via de Belo Horizonte, tem sido tão importante para a população nos 125 anos de existência da cidade, mesmo depois de passar por mudanças. A conclusão é que a identidade da avenida tem mais relação com elementos, como seu tamanho, localização e topografia, do que com os ícones arquitetônicos. 
Pesquisadora: Tatiana Pimentel
Programa de Pós-graduação: Arquitetura e Urbanismo
Orientador: Professor Flávio de Lemos Carsalade
Ano da defesa: 2022

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG