Cachorros resgatados em Brumadinho por equipe da UFMG passam por acompanhamento
Sob responsabilidade dos professoras da Escola de Veterinária da UFMG Suzane Beier, Christina Malm e Marcelo Pires Nogueira de Carvalho, a frente de atuação que se encarrega dos animais de pequeno porte e silvestres em Brumadinho já realizou 117 resgates. O procedimento padrão das equipes alocadas é realizar uma triagem ainda em Brumadinho, e, quando necessário, encaminhar os animais para tratamento.
Uma cadela, que foi identificada numericamente como 31, foi resgatada pela Brigada Animal e reencontrada pela família no dia 03 de fevereiro. Segundo Raiane Araujo de Moura, residente do Hospital Veterinário da UFMG que a atendeu, ela foi recolhida nas proximidades de onde havia o restaurante da Vale, a cerca de 500 metros de distância de sua casa.
“Para todos os animais é preenchida uma ficha com os parâmetros vitais e exame clínico. Ela não tinha nenhuma alteração de parâmetro vital, por isso não teve que receber nenhum tratamento específico. Só estava muito suja e com muitos nós no pelo, então foi realizado tratamento externo, banho, escovagem. Além disso, todos os animais recebem remédio para endo e ectoparasitas (vermífugo, Bravecto) e uma coleira repelente, para prevenir leishmaniose”, explica Raiane.
Sobre o reencontro com a família, Raiane conta que a tutora descobriu que a cadela havia sido resgatada e foi até a base veterinária da Brigada Animal à sua procura. “Quando ela descreveu o animal, nós abrimos o local onde ela estava e a cadela já saiu correndo para pular em cima dela. Reconheceu a tutora na hora. Foi bem emocionante”, relata a residente.
Os tutores da cadela ainda contaram que o canil onde ela ficava foi soterrado pela lama e que ela só sobreviveu porque estava solta no instante do rompimento da barragem. “Eles nos agradeceram bastante. Falaram que nem acreditavam que ela estava viva e que eles perderam familiares, perderam amigos, e a única felicidade que tinham no momento era encontrá-la viva”, completa Raiane.
Entre os 71 cães resgatados e atendidos pelas equipes da Escola de Veterinária até o momento, sete foram encaminhados para o Hospital Veterinário da UFMG, em Belo Horizonte. Eles são: Duke, Amarelo, Fumaça, Jack e outros três, encontrados sem reconhecimento de nome, que estão sendo identificados como 06, 09 e 25 (que foi apelidada de Magricela pela equipe do Hospital).
06 foi resgatada com duas fraturas, na pelve e no fêmur, sendo a primeira uma lesão antiga, de acordo com a equipe que a examinou. A cadela foi encontrada em uma casa vazia, em um quintal com vários outros cães. Após passar pela triagem em Brumadinho, ela foi encaminhada para o Hospital Veterinário, onde passou por uma cirurgia ortopédica no dia 05 de fevereiro. Ainda sem família localizada, 06 está em estado pós-operatório no canil do Hospital Veterinário.
Duke e Amarelo chegaram no Hospital Veterinário diagnosticados com miíase, doença que se desenvolve a partir de ferimentos na pele, e receberam o tratamento sem necessidade de cirurgia. 09 realizou um exame de raio-X no qual foi descoberta uma fratura antiga, que já não causava mais dor, e por isso também não passou por cirurgia. Os três cães retornaram para Brumadinho no dia 05 de fevereiro.
Magricela (25), também diagnosticada com miíase, perdeu uma orelha devido à doença e atualmente está no Hospital Veterinário aguardando para passar por uma cirurgia de reconstrução do canal auditivo. Fumaça, que foi resgatada com infecção no útero, passou por uma cirurgia de piometra e atualmente está em período pós-operatório, no canil do Hospital Veterinário. E Jack, encontrado com injúria renal aguda, recebeu transfusão de sangue e agora se encontra na UTI do Hospital.
A Escola de Veterinária da UFMG está atuando em Brumadinho através da Brigada Animal desde o dia 28 de janeiro. As equipes de médicos veterinários, residentes e alunos de pós-graduação estão divididas em quatro frentes: Grandes Animais, Animais de Pequeno Porte e Animais Silvestres, Saúde Pública e Monitoramento dos animais terrestres e aquáticos ao longo do Rio Paraopeba e na Represa de Três Marias.