Campus UFMG Montes Claros apoia agricultores em atividades de produção, higiene e saúde
Qualidade do leite é o foco da principal frente do programa de extensão, tema da primeira reportagem de série da TV UFMG
Ainda era madrugada quando um grupo de professores e estudantes deixou o Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da UFMG com destino a uma propriedade rural no município de Juramento, a 32 quilômetros de Montes Claros, no Norte de Minas. Eles integram o programa de extensão que tem o objetivo de promover o encontro entre a Universidade e o campo, beneficiar o trabalho desenvolvido pelos produtores rurais, aprimorar a formação dos estudantes e gerar conhecimentos com base em parcerias com a comunidade.
O principal projeto do programa é o Sanileite, voltado para o desenvolvimento da qualidade e sustentabilidade da produção leiteira na região. “O programa teve início em 2007. A gente começou com alguns objetivos específicos que era trabalhar com agricultores familiares. Mas outros cursos foram chegando, e hoje temos um leque maior de atuação. Trabalhamos com produção e qualidade de leite, com foco maior na Zootecnia e na Agronomia”, explica a coordenadora do programa de extensão, professora Anna Christina de Almeida.
Intercâmbio campo-universidade
Docentes de cursos de Zootecnia e Agronomia, especialmente, dão suporte aos dez estudantes bolsistas que acompanham 15 fazendas, ouvindo as demandas das famílias e oferecendo orientações aos produtores para gestão das propriedades rurais. “A gente trabalha não só a qualidade do leite, como também a gestão da propriedade. Estão envolvidos os professores de forragicultura, resíduos, solos, irrigação, nutrição. A abrangência é muito ampla”, afirma a também coordenadora do programa de extensão, professora Júlia Maria de Andrade.
Para os acadêmicos, a iniciativa é oportunidade de pôr o aprendizado em prática, trocar conhecimentos e experiências. “Estar na sala de aula é importante? Sim, é importante. Mas estar na prática, conhecendo o dia a dia do produtor, é uma experiência a mais para a gente. É importante saber um pouco de cada coisa para lá no futuro você saber o que aplicar e onde aplicar”, destaca a estudante de Zootecnia Alice Santos.
Durante as visitas, os alunos interagem com os produtores em atividades que possibilitam a troca de informações e direcionam os trabalhos a serem desenvolvidos na propriedade. Tudo sob supervisão dos professores. “Assim que chegamos a essa propriedade em Juramento, acompanhamos a ordenha, fazemos os testes de análise para avaliar se não tem mastite, tanto a subclínica quanto a clínica. Verificamos com o produtor se há alguma demanda específica que ele queira passar pra gente, se tem alguma vaca que esteja precisando de tratamento”, exemplifica Alice Santos.
Três em um
Outra frente do programa é o Três em um: tratamento de resíduos orgânicos, obtenção de produtos para uso domiciliar e educação socioambiental, projeto que oferece cursos de aproveitamento de resíduos e produção de sabão com base no óleo da casca do pequi, alimento típico e bastante consumido no Norte de Minas. “O consumo do pequi faz parte da cultura local. A fruta contém propriedades antioxidantes, é rica em vitaminas, em ácidos graxos. O pequi é um alimento bom e barato à mesa. Mas o descarte incorreto do material não é interessante, porque pode gerar problemas de toxicidade e também atrair roedores e insetos. Propomos medidas sustentáveis para aproveitamento do material e que agreguem valor a ele, por exemplo, na forma de sabão”, ressalta o professor de Química da UFMG Charles Martins Aguilar.
O projeto, que conta com a participação de professores do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental e de áreas básicas do campus Montes Claros, atua em comunidades em situação de vulnerabilidade econômica e social. O bairro Castelo Branco, em Montes Claros, é um dos atendidos. A autônoma Ana Paula Oliveira participa ativamente das oficinas oferecidas. “Isso ajuda muito a comunidade. Quem está participando pode fazer o sabão e ter uma renda, que vai ajudar dentro de casa. Eu pego o limão, tiro a casca, ponho de molho, tiro a essência e faço sabão de limão. A laranja, eu tiro a casca também, ponho de molho e faço a essência. Coloco cor nessa mistura e quero que cada vez fique melhor”, relata.
Para a coordenadora do programa, professora Anna Christina de Almeida, todos os trabalhos desenvolvidos convergem para a missão primeira da Universidade: a formação de profissionais e cidadãos. “Lógico que a publicação de trabalhos é importante, mas a formação profissional e de pessoas é o que a gente tem como primeiro objetivo.”
O programa de extensão Apoio a agricultores familiares do Norte de Minas Gerais em atividades de produção, higiene e saúde pública foi abordado em reportagem da TV UFMG, a primeira de uma série de três que registrou atividades extensionistas do campus Montes Claros. Os outros vídeos abordarão os projetos Horticultura urbana e Horto medicinal.
(Texto de Ana Cláudia Mendes | campus Montes Claros)