Canalização dos cursos d’água em BH é discutida na UFMG
Debate acontece no próximo sábado, dia 3 de junho, às 11h, no Espaço do Conhecimento, no Café Controverso
Em meio a tortuosos caminhos pelas galerias e subsolos da cidade, eles vivem sufocados por estruturas pouco adequadas e pela intensa poluição e degradação. Com o avanço da modernização e do ritmo acelerado da vida urbana, grande parte dos 700 km de rios, córregos e nascentes de Belo Horizonte está canalizada sob as ruas e avenidas da capital.
Discutir os impactos que a ação humana tem gerado sobre os recursos hídricos é a proposta da próxima edição do Café Controverso – Canalização: por que (des)cobrir rios?, que acontece no sábado, dia 3 de junho, às 11h, na Cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG. Durante o encontro, os convidados debaterão o tema com o público, que pode participar com perguntas e apontamentos. O Espaço do Conhecimento UFMG fica na Praça da Liberdade, 700. A entrada é franca. Mais informações pelo telefone (31) 3409-8350.
Participam da conversa a arquiteta, urbanista e doutora em recursos hídricos pela UFMG Adriana Sales e o engenheiro e professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e de Recursos Hídricos da UFMG Márcio Baptista. O debate integra a programação da exposição À Margem: Água, Cultura e Território.
Se esse rio fosse meu
Cobertos pelo asfalto debaixo dos nossos pés, não apenas seus caminhos foram esquecidos, mas também as histórias e memórias que corriam à margem de seus leitos d’água. Márcio Baptista avalia como inegáveis as vantagens da não canalização dos rios, partindo dos aspectos ambientais e sociais, mas também destaca as contrapartidas, como a necessidade de expansão do sistema viário e a habitação nas áreas urbanas.
“É preciso um equilíbrio entre as coisas, porque, em alguns casos, a questão já é irreversível. Como podemos pensar numa obra de descanalização do rio Arrudas, por exemplo, que está numa área tão central da cidade? Há também o esgoto, que precisa de uma coleta adequada”, explica o professor.
Já para a arquiteta e urbanista Adriana Sales, apesar do alto custo que envolve uma obra de descanalização, principal fator quando se fala desse tipo de prática, hoje não faltam possibilidades. Ela destaca que, “nos termos tecnológicos, tudo é possível. Poderíamos abrir o Arrudas inteiro. Mas, é preciso avaliar todos os impactos envolvidos, e a participação popular, que é ainda incipiente, tem grande importância”.
O papel da comunidade nesses projetos foi uma variável importante na pesquisa de doutorado de Sales, em que foram propostas alternativas para a revitalização do córrego Engenho Nogueira, que corre dentro do campus Pampulha da UFMG. “Nos surpreendemos bastante, porque, mesmo com o problema de estacionamento da universidade, a maioria das pessoas foi a favor da abertura de trechos do córrego”, ela explica.
O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Liberdade, o museu é fruto da parceria entre a UFMG e o Governo de Minas. O Espaço está subordinado à Diretoria de Ação Cultural (DAC) da universidade, é amparado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e conta com patrocínio da Unimed e do Instituto Unimed.