Centro Cultural UFMG inaugura exposição que reúne mostras simultâneas sobre poéticas do som
O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição Arte Sonora, dos artistas Amir Brito Cadôr e Ulisses Carvalho, nesta sexta-feira, 19 de agosto, às 19h. Haverá uma performance de Ulisses Carvalho e Pedro Fontenelle às 20h40. A mostra é um panorama da presença poética do som como fenômeno e matéria nas práticas artísticas em seus aspectos visuais e táteis. A visitação vai até o dia 25 de setembro. A entrada é gratuita. Classificação: livre.
Ocupando a Grande Galeria do Centro Cultural UFMG, a exposição reúne duas mostras simultâneas, uma coletiva e uma individual, que apresentam diferentes tipos de arte sonora.
Uma delas apresenta publicações da Coleção Livro de Artista da UFMG, complementada com acervo da editora 55SP e acervos particulares; a outra, Plástica Sonora, apresenta trabalhos do artista e pesquisador Ulisses Carvalho, resultado de sua pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Artes pela Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG, sob a orientação do artista Amir Brito Cadôr.
Obras
A exposição coletiva tem curadoria conjunta de Cadôr e Carvalho, que escolheram obras que materializam o som. São peças diversas, que têm como característica comum serem editadas, encontradas em galerias de arte, em livrarias ou em lojas de disco: revistas e livros com áudio, discos de artistas e capas de discos feitas por artistas, partituras gráficas e livros de artista que sugerem uma partitura por meio de colagens, onomatopeias ou escritas assêmicas.
A representação do som nos livros de artista pode acontecer a partir da escrita, como nas tipologias sonoras de Raquel Stolf; nas colagens de histórias em quadrinhos que sugerem uma partitura, em obra do artista Christian Marclay; nos desenhos de Montez Magno sobre partituras, sugerindo novas sonoridades; ou as traduções gráficas de uma composição sonora, como o livro Tartamudo que acompanha o disco de Yuri Bruscky.
Entre os discos de artista, o público poderá conhecer os trabalhos de Antonio Dias, Brígida Baltar, Cildo Meireles, Dieter Roth, Eduardo Kac, Milan Knížák e Vivian Caccuri, além de obras de poesia sonora de Alex Hamburger e do artista mexicano Ulises Carrión.
Outro destaque da mostra são as obras criadas para a capa do disco, incluindo o famoso álbum da banda The Velvet Underground, com capa assinada por Andy Warhol, e o Talking Heads, em edição especial criada por Robert Rauschenberg.
Estarão expostas partituras de Dick Higgins, Neo Muyanga, Jorge Macchi e Mungo Thomson, ao lado da partitura da peça para piano 4’33”, de John Cage, compositor norte-americano que foi professor e teve grande influência nos artistas que começaram suas atividades nos anos 1960.
Impressões acústicas
Em outra sala da galeria, Ulisses Carvalho apresenta duas séries de trabalhos bidimensionais, desenhos e serigrafias, que buscam traduzir o som em grafismo.
Na série Impressões Acústicas, imagens de instrumentos e objetos sonoros fragmentados são sobrepostas inúmeras vezes, embaralhando a visualidade do objeto que nos remete ao acústico e à materialidade do gerador de som. Em Sobrepunho, objetos musicais são contornados com caneta e os desenhos são sobrepostos.
Uma peça sonora de Carvalho completa o conjunto, dividida em três momentos sequenciais: em Abertura (2022) a partitura é escrita ao vivo, adicionando notas sobre a pauta musical, a partir da ação com uma furadeira em uma pilha de partituras em branco, que explora o som deste processo.
Improvisação
Logo depois, em Que balbúrdia é essa? (2022), o artista improvisa uma composição musical apoiada em bateria (Pedro Fontenelle) e guitarra que servirá como um fundo musical para construção de Parasita, uma escultura sonora produzida pelo ato de furar o instrumento e serrar a caixa de som.
A vibração sonora causada pela ação dos furos e cortes dos materiais tenta jogar com a estrutura rítmica do fundo musical improvisado. O resultado sonoro será reunido posteriormente em um disco de vinil.
Os curadores
Amir Brito Cadôr é artista e professor de Artes Gráficas na Escola de Belas Artes (EBA) da UFMG. Fez a curadoria de exposições sobre livros de artista no Centro Cultural São Paulo (SP), Centro Cultural UFMG, Sesc Pompeia (SP), Museu de Arte da Pampulha (MG) e no Cabinet du livre d’artiste em Rennes (França). É curador da Coleção Livro de Artista da UFMG. Atualmente trabalha em um livro sobre as publicações de artista no Brasil.
Ulisses Carvalho vive e trabalha em Belo Horizonte com artes visuais, integrando diversas mídias como design gráfico/web, fotografia e som. Artista plástico, bacharel em Gravura (2004) e Fotografia (2005) pela Escola Guignard – Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Em 2008, se especializou em Artes Plásticas Contemporâneas na mesma Universidade. É mestrando no Programa de Pós-Graduação em Artes da UFMG, com dissertação sobre a materialidade do som. Participou de exposições no Brasil e no exterior, entre elas: Digitalia International Congress/Festival de Música e Cultura Digital – Galeria do Instituto Goethe, Salvador, Bahia (2013); Viradão Carioca – PROJETO SIMULTÂNEO – Centro de Arte Helio Oiticica, Rio de Janeiro/RJ; HTTPVIDEO – 1º festival de videoarte on-line – Instituto Sérgio Motta, YouTube Brasil (2009); Concorto Film Festival of the Short Film – Pontenure, Itália (2006); III Fórum de Arte das Américas – Belo Horizonte/MG (2005); VII Bienal de Reconhecimento Baiano – Centro Cultural Dannemann, BA (2004).
Serviço:
Exposição Arte Sonora – Amir Brito Cadôr e Ulisses Carvalho
Abertura: 19 de agosto de 2022, às 19h
Visitação: até o dia 25 de setembro de 2022
Terças a sextas: 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h
Grande Galeria, Centro Cultural UFMG (Av. Santos Dumont, 174 - Centro, Belo Horizonte)
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita