Centro Cultural UFMG recebe a exposição coletiva Visualidades e Memória
Na quinta-feira, dia 5 de outubro, às 19 horas, o Centro Cultural UFMG recebe a exposição coletiva Visualidades e Memória. A mostra reúne obras dos artistas Domingos Mazzilli, Hélio Siqueira, Marcelo AB, Mário Azevedo e Paulo Miranda, com a curadoria de Rodrigo Vivas. A exposição é constituída de esculturas em cerâmica, objetos, oratórios e pinturas, que poderá ser vista até o dia 26 de novembro de 2017. Entrada franca. O Centro Cultural UFMG fica na Av. Santos Dumont, 174, esquina com Rua da Bahia. Informações pelo telefone (31) 3409-8290.
Os Artistas
Domingos Mazzilli é de Muzambinho, MG, 1963. Formado em Medicina pela UFMG com pós-graduação em Psiquiatria e História da Arte, pela PUC. Cursou Artes Visuais na EBA – UFMG e Artes Plásticas na Escola Guignard, UEMG, sem, no entanto, concluir os cursos. Tem criado uma obra instigante como artista plástico a partir de 2007, então com 43 anos, quando abandona a medicina. É um artista multimídia, que transita por vários suportes: faz objetos e assemblages (colagens com objetos e materiais tridimensionais.), borda lingeries antigas, objetos de cozinha e carne além de criar vídeos, instalações e fotoperformances. Fez uma tetralogia da dor através dos bordados. Seus temas recorrentes são a memória, o feminino, o doméstico, a dor e o íntimo. Faz fotoperformances no Brasil e exterior com seu alter ego Susan O. Campo, uma curadora de arte. Fez 18 exposições individuais: Borda, Palácio das Artes, BH [2017]; Fotoperformances, Museu Inimá de Paula BH [2017]; Trans, Centro Cultural UFMG [2016]; Carne viva, Palácio das artes BH [2015]; Eu é outr@s, no BDMG Cultural [2014], no Viaduto das Artes, BH e Casa dos Contos, Ouro Preto [2015]; Nos porões da razão em nome da loucura, Casarão do Museu Abílio Barreto [2009]; Corpoinstalação no Sesc Pompéia, SP [2008]; Arrumação, Casa da Xiclet Galeria, SP [2008], 40th Chapel Art, SP [2009] dentre outros espaços. Tem matérias publicadas em revistas de Portugal e Finlândia. Reside no distrito de Macacos, Nova Lima, próximo a Belo Horizonte.
Hélio Siqueira nasceu na cidade mineira de Ouro Fino em 1950. Seus primeiros estudos foram realizados no Grupo Escolar Coronel Paiva e no Seminário Seráfico Santo Antônio em sua terra natal. Em 1969 muda para Uberaba onde inicia seus primeiros estudos de arte de forma autodidata enquanto realiza o curso clássico no Colégio Marista Diocesano. Neste período ganha os três primeiros prêmios num concurso de pintura realizado pela União Estudantil da cidade.
Impulsionado pelos prêmios conquistados na sua primeira participação, procura ampliar seus conhecimentos de desenho e pintura nas oficinas dos Festivais de Inverno promovidos pela UFMG. Frequentou as oficinas por vários anos sendo aluno de vários artistas brasileiros de renome, tais como: Ado Malagoli, Álvaro Apocalipse, Amílcar de Castro, Iara Tupinambá, Jarbas Juarez e Frans Kragceberg de 1973 até 1991. Participou de inúmeras exposições coletivas no Brasil e no exterior, além de realizar muitas mostras individuais, das quais podemos destacar: Território de Louvor e Glória, no Palácio das Artes, em 1985; Santas Loucuras, na Galeria Elizabeth Násser, em Uberlândia; Santos Todos Nós, no Museu Murilo Mendes, em Juiz de Fora, em 2012; e Arte para todos os Santos, na Galeria Livro Objeto, também em Belo Horizonte, em 2013.
Ganhou vários prêmios nacionais entre eles destacamos o da V Bienal Nacional de Santos em 1995. Seu tema predileto gira em torno do sagrado com uma pitada de humor e influências revistas e revisitadas da arte popular.
Muitos críticos de renome já escreveram sobre suas cerâmicas. Valter Sebastião, Alberto Beutemuler, Ronald Polito e Alécio Cunha, entre outros. Hélio Siqueira é formado em Letras pela Faculdade de Filosofia Santo Tomás de Aquino de Uberaba. Em Ação Cultural pela Eca USP. Foi professor de desenho e pintura da UFU de 79 a 90 e atualmente é agente de projetos culturais da Fundação Cultural e coordenador do Museu de Arte Sacra de Uberaba, cidade onde reside e trabalha.
Marcelo AB é de Belo Horizonte e nasceu no dia 27 de dezembro de 1945. Foi na capital mineira, no tradicional bairro de Santa Tereza, que o artista viveu as travessuras da infância e as primeiras descobertas na área do desenho e da música. A formação humanística que recebeu de seus pais – Joaquim Bento Carneiro Brandão e Célia Sales Brandão – bem como as atividades manuais praticadas em casa e na escola impulsionaram o menino a desenvolver o gosto pelas artes. Em 1959, após concluir o primário, Marcelo foi estudar no internato do Seminário Santo Antônio na cidade mineira de Santos Dumont. Nessa instituição, convidado para ajudar no ateliê do mestre Frei Davi, aprendeu técnicas de desenho, pintura e gravura. Em 1964 foi transferido para São João Del Rei, onde cursou o ensino médio no Colégio Santo Antônio. Durante esse período frequentou ateliês de artistas e desenvolveu desenhos de observação. Em 1967, após terminar o ensino médio em São João Del Rei, Marcelo Afonso Brandão voltou a residir em Belo Horizonte e frequentou por dois anos o curso de Filosofia e Teologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Nessa época montou um ateliê de serigrafia em sua casa e começou a produzir cartões comemorativos para serem comercializados em papelarias da cidade. Em 1970, Marcelo iniciou graduação em Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais, tornando-se, três anos depois, bacharel com especialização em Jornalismo, Publicidade e Relações Públicas. Em 1971 cursou pintura no Atelier Livre de Artes Plásticas da Escola Guignard e começou a expor seus trabalhos.
Mário Cesar de Azevedo (Ubá/MG,1957) é artista plástico/visual e trabalha com desenho, gravura, pintura, objetos, fotografias e edições/publicações desde 1980. Fez mais de trinta e cinco mostras individuais de seu trabalho, em galerias e instituições culturais entre Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e outras cidades.
Seus trabalhos já integraram inúmeros Salões de Arte e mostras especiais, de caráter nacional e internacional, sendo premiado diversas vezes. Tem obras no acervo de importantes museus e várias coleções particulares. É professor da Escola de Belas Artes da UFMG, em Belo Horizonte, e terminou recentemente um Pós-doutorado na Escola de Belas Artes da UFRJ, no Rio de Janeiro.
Paulo Miranda [1964, Adamantina SP] é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Uberaba. Pós Graduação em Desenho e Criatividade pela Unifran. Viagem de estudos a Paris, março/abril de 2004 e abril/maio de 2008. Foi aluno de desenho e pintura dos artistas Hélio Siqueira, Frans Krajecberg, Karin Lambrecht, Orlando Castaño, Shirley Paes Leme, Alex Cerveny, entres outros. Já realizou mais de 60 exposições no Brasil e no exterior. Durante três décadas, integrou importantes mostras nacionais entre elas, Panorama da Arte Atual Brasileira-Papel, no MAM-SP; Projeto Macunaima, na Funarte Rio de Janeiro; América, no MASP; Jovem Arte Brasileira, na Pinacoteca do Estado em São Paulo; Mostra do Desenho Brasileiro, em Curitiba PR; Triângulo das Artes, na Galeria Debret em Paris França; A Materialidade na Arte Brasileira, no Museu Murilo Mendes em Juiz de Fora MG e Minas Território das Artes, na Grande Galeria do Palácio das Artes em Belo Horizonte MG. Obteve vários prêmios de nível nacional e internacional, dentre eles Prêmio Patrícia Galvão, na II Bienal Nacional de Santos; Unesco de Fomento às Artes, Salão Paulista de Arte Contemporânea; SARP Ribeirão Preto e 1º Salão Cidade de Uberaba. Atualmente é agente de projetos culturais da Fundação Cultural e coordenador do MADA-Museu de Arte Decorativa em Uberaba MG, cidade onde reside e trabalha.
Texto da Curadoria - Visualidades e Memória
Domingos Mazzilli, Hélio Siqueira, Marcelo AB, Mário Azevedo e Paulo Miranda
Nos últimos anos o Centro Cultural UFMG, vinculado à Diretoria de Ação Cultural (DAC-UFMG), comprometeu-se especificamente nas artes visuais com o seguinte desafio: a realização de exposições que atribuíssem valor à produção de artistas atuantes em Minas.
Embora possa parecer simples, tal desafio exige grandes esforços, por se tratar do circuito belo-horizontino. Visitar uma exposição nem sempre é uma experiência reveladora do esforço despendido para sua realização. O comprometimento de seleção das obras, a articulação de um conceito capaz de nortear a organização obra/espaço, bem como os princípios básicos da expografia, como o planejamento de iluminação, organização do espaço ou a escrita de um texto sobre o artista e suas obras, são elementos capazes de realizar uma mediação entre o público e as obras. Elevando-se o interesse de atribuição de valor ao evento, aos artistas e suas obras, existe ainda a preocupação com a elaboração de um catálogo com boas reproduções fotográficas das obras. No momento em que uma exposição é inaugurada, todas estas questões desaparecem aos olhos dos não especialistas. O ideal, embora não frequente na maioria dos espaços expositivos, seria a composição de uma equipe multidisciplinar capaz de realizar outros níveis de mediação entre o público e a proposta da exposição. Entretanto, o Centro Cultural conta com uma equipe dedicada, que não mede esforços para a concretização dos projetos, além de contar com o empenho e a disponibilidade dos artistas participantes.
A realização desta exposição é coerente com o Programa de Extensão do Centro Cultural: Visualidades e Memória, o qual propõe a articulação de dois cenários essenciais para a compreensão da cultura: Visualidades, que se refere à ação de tornar visíveis, socialmente, os grupos ou artistas sem espaço de apresentação, os quais, por motivos diversos, não conseguem expor suas obras ao público geral ou familiarizado com a área de artes visuais; e a Memória, responsável por revisitar o passado, valorizando-o, atualizando-o ou propondo novas questões por meio de pesquisas e problematizações do presente.
A exposição realiza uma retrospectiva dos artistas que expuseram no Centro Cultural UFMG nesses últimos anos. (por Rodrigo Vivas)