Centro Cultural UFMG recebe exposição de patrimônio artístico e histórico de Diamantina
O Centro Cultural UFMG promove a abertura da exposição Me Aspice: Sibilas na Semana Santa, no dia 16 de outubro, às 19h. A mostra tem curadoria de Bernardo Magalhães e permanece no espaço até 21 de novembro. Entrada gratuita.
A exposição é um projeto do Instituto de Arte e Cultura de Diamantina (Diarte), concebido pelo fotógrafo e curador da mostra, Bernardo Magalhães. Me Aspice, que em latim significa "olhe para mim", tem como objetivo chamar a atenção da população diamantinense para um bem artístico e histórico único no Brasil: as Sibilas de Diamantina.
As Sibilas de Diamantina e região têm uma importância universal e reafirmam a sobrevivência de um antigo mito que foi se adaptando em diferentes lugares. O mito das Sibilas tem um fôlego inigualável e sobrevive até hoje. A previsão do futuro é desde os primórdios da humanidade um saber desejado e altamente sedutor.
Reproduções fotográficas desses panos foram ampliadas e impressas em tecido e dez artistas locais foram convidados a trabalhar o contorno dessas imagens para compor as tradicionais colchas da Semana Santa que adornam as sacadas dos casarões coloniais da cidade durante esse período.
Me Aspice reúne a produção dos artistas Samia Abbas, Fernanda Alvarenga, Marcial Ávila, Marcelo Brant, Juliana Cyrillo, Elisa Grossi, Vanessa Pádua, Adriana Reis, Parísina Ribeiro e Gracíola Rodrigues.
Sibilas
Figuras proféticas da mitologia antiga, as Sibilas tiveram um alcance temporal longo no decorrer da história da humanidade. Elas faziam o elo entre o profano e o sagrado, o humano e o divino. Suas profecias não diziam respeito a sagas individuais, mas a futuros coletivos como resultados de guerra, decisões políticas e a riqueza ou pobreza das nações. Da vasta osmose espiritual entre oriente e ocidente na antiga Babilônia, as Sibilas migraram para a mitologia greco-romana, onde se tornaram profetisas do deus Apolo.
Foi no ano 325 de nossa era, durante o Concílio de Niceia, que as profetisas foram incorporadas ao cristianismo pelo imperador Constantino. A partir de então, as Sibilas passaram a ser representadas ao longo da história cristã, através de diversas linguagens artísticas, como a pintura, o desenho e a escultura. Suas representações mais conhecidas são as cinco Sibilas de Michelangelo pintadas no teto da Capela Sistina, no Vaticano.
Restauração dos véus quaresmais
Em Diamantina, as Sibilas estão presentes em quatro imagens no teto da Igreja do Bonfim, em pinturas datadas do final do século XVIII, e em seis véus quaresmais, pertencentes às ordens terceiras, inventariados pelo IPHAN.
O Instituto Diarte está comemorando o início do trabalho de restauração desses panos através de um projeto aprovado pela Secretaria de Estado de Cultura, com verba do Fundo Estadual de Cultura.
Fruto do trabalho do Diarte, com a participação do Sr. Ângelo Oswaldo, Secretário de Cultura do Estado de Minas Gerais, será apresentada a Sibila Tiburtina original, do início do século XIX da Igreja do Amparo, desaparecida de Diamantina e recentemente recuperada.