Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG inicia expansão para a América Latina
Centro mineiro firmou cooperação internacional com o Peru para implantação de um projeto de telediagnóstico em regiões rurais
A experiência do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG vai cruzar as fronteiras brasileiras. O centro mineiro e a Pontificia Universidad Católica del Perú (PUCP) firmaram acordo de cooperação internacional que possibilitou a execução de um projeto piloto de serviços de saúde à distância nas áreas de cardiologia e oftalmologia em áreas rurais do Peru. O convite partiu da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), que realizou, nos dias 3 e 4 de maio, na capital peruana Lima, a segunda edição do Fapemig-PUCP: promovendo pesquisa em conjunto com o Peru.
Esse primeiro passo da cooperação, realizado em uma unidade de saúde no vilarejo ribeirinho de Santa Clotilde, no Departamento de Loreto (como são chamadas as unidades federativas no Peru), foi bem-sucedido. Agora, tendo sido feita a prova de conceito, está sendo preparado um projeto que viabilize o financiamento da implantação e expansão do serviço para pelo menos outros 12 pontos, envolvendo também profissionais médicos da Universidad Nacional Mayor de San Marcos e da Universidad Peruana Cayetano Heredia, em Lima.
Loreto inclui toda a Amazônia peruana, com pouco mais um milhão de habitantes distribuídos em cerca de um terço do território daquele país. “Os testes já foram feitos. Em março, recebemos no HC a médica peruana Ana Gutierrez, que veio conhecer a nossa experiência. Foram levados para a unidade de saúde de Santa Clotilde um notebook, um eletrocadiógrafo e um retinógrafo, além do sistema parcialmente traduzido para o espanhol. Logo em seguida, em maio, eu e o professor Daniel Vítor estivemos em Santa Clotilde para dar início ao projeto piloto”, contou o coordenador do Centro de Telessaúde, o cardiologista e professor Antonio Ribeiro.
Cobertura
Se tudo der certo, a proposta é ofertar telediagnóstico em regiões peruanas de difícil acesso. “Tratam-se de locais remotos, com histórico de doenças infecciosas, mas que estão vivendo uma transição epidemiológica com o crescimento do número de casos de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Porém, faltam no Peru políticas públicas bem estabelecidas para controle dessas doenças”, afirmou o médico.
Segundo ele, essa colaboração internacional contribuirá com o desenvolvimento de regiões rurais peruanas, já que a tecnologia desenvolvida no Hospital das Clínicas da UFMG ajudará no diagnóstico e no tratamento de doenças, podendo antecipar a implantação de políticas públicas específicas em diversas partes do Peru.
O serviço
O Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da UFMG, por meio de modernas tecnologias de informação e comunicação, realiza telediagnóstico nas áreas de cardiologia e oftalmologia. Além desse serviço de emissão de laudos à distância, o Centro também oferta teleconsultorias, para discussão de casos clínicos e temas específicos entre profissionais de saúde; e tele-educação, por meio de cursos, web-aulas, treinamentos e capacitações à distância, ambas em todas as áreas da saúde. Além disso, desenvolve aplicativos e sistemas de suporte a decisão para pacientes e profissionais de saúde.
Mais de 3,6 milhões de ECG já foram realizados, o que fez do HC-UFMG o Núcleo Especialista do Ministério da Saúde para teleeletrocardiografia. Cerca de 100 colaboradores, dentre profissionais de saúde, de informática e gestores, atuam em sintonia com as políticas públicas nacionais e estaduais com o objetivo de facilitar o acesso dos pacientes aos serviços de saúde.
Sobre a Ebserh
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal vinculada ao Ministério da Educação, administra atualmente 40 hospitais universitários federais, incluindo o Hospital das Clínicas da UFMG. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações nos 50 hospitais que integram a rede. Além disso, atua em conjunto com as universidades federais para a gestão de seus respectivos hospitais.