Cirurgia Vascular do Hospital Risoleta Neves UFMG completa 15 anos com resultados expressivos
Estima-se que, com o trabalho desenvolvido, a equipe consiga evitar mais de 400 amputações e 100 mortes por ano
Neste mês de janeiro, o serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Risoleta Tolentino Neves (HRTN), gerenciado pela UFMG, completa 15 anos e orgulha-se por ser destaque em Minas Gerais, com indicadores comparáveis a serviços de ponta dos EUA e da Europa em relação à baixa mortalidade e baixa amputação de membros devido às complicações do chamado ‘pé diabético’.
A equipe desse serviço é multiprofissional (médicos, enfermeiros, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e nutricionista) e atende, por ano, cerca de 5.000 pacientes. São realizadas, por ano, entre 1.000 e 1.200 internações e, semanalmente, ocorrem 30 atendimentos no ambulatório onde os pacientes recebem tratamento integral (fisioterapia especializada, tratamento de feridas, reabilitação cardiovascular, cuidados com pés para prevenção de lesões, produção de calçados adaptados e preparo de coto de amputação para protetizações).
O serviço é o único de Belo Horizonte que realiza matriciamento de casos com Estratégia de Saúde da Família (ESF) e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) para desospitalização responsável. A porta de entrada para atendimento no serviço é o SUS Fácil.
Resultados
O alto volume de atendimentos, o fomento à pesquisa e a atuação multiprofissional geram resultados expressivos. O trabalho desse grupo evita, por ano, mais de 400 amputações e quase 100 mortes.
Dados do Serviço de Cirurgia Vascular do Risoleta:
- a taxa de amputação de membros é de cerca de 16% - comparável a grandes centros internacionais de prevenção de amputação nos EUA e na Europa (onde essa taxa varia de 15% a 20%) e muito inferior a Minas e ao Brasil (com taxas entre 50% e 60%, em alguns cenários chegando a mais de 70%).
- a taxa de mortalidade varia entre 2% e 6%, também comparável aos centros internacionais (onde é de cerca de 5%) e muito inferior à taxa no Brasil (entre 10% e 15%).
Perfil dos pacientes
Otacílio Fernandes de Oliveira (64 anos), morador de Conceição do Mato Dentro, é paciente do Risoleta há cerca de 10 anos. Antes de iniciar o seu tratamento no Risoleta ele teve as duas pernas amputadas devido às complicações do diabetes. Atualmente, é atendido três vezes por semana no Ambulatório de Egressos e recebe aplicação de laserterapia. Confira um vídeo com o depoimento de Otacílio.
Assim como Otacílio, o perfil dos usuários atendidos pela equipe é, em sua maioria, de pessoas com diabetes que têm feridas de longa duração, passaram por centros de menor complexidade e foram orientados a realizar apenas cuidados locais por meio de curativos simples. Como não foram tratadas devidamente as condições sistêmicas que causam a ferida, muitos dos pacientes têm comprometimento importante dos órgãos internos, uma vez que têm isquemia, neuropatia, deformidades nos pés e imunossupressão. Com a piora das feridas associada às infecções, o desfecho frequente é a amputação – que salva a vida do usuário num primeiro momento, mas leva a uma sobrevida reduzida em duas a três vezes nos próximos meses.
“O Risoleta é crucial para a rede de saúde municipal e estadual, pois recebe grande parcela desses usuários, desafogando a fila de internação e oferecendo resultados de excelência. Também são atendidos pacientes com outros tipos de feridas (não diabéticas) em membros inferiores, aneurismas de aorta, acidentes vasculares encefálicos por doenças da carótida e traumas vasculares, entre outros problemas. A maioria é desnutrida e tem comorbidades como doenças cardíacas, doenças renais, idade avançada e doenças pulmonares, além de fazer uso de muitos medicamentos (polifármacos)”, diz o coordenador do serviço, Túlio Pinho Navarro. Confira um vídeo com Dr. Túlio.