Comunidade dos Arturos vai se apresentar no Festival de Inverno da UFMG
Em meados do século 19, o escravo Camilo Silvério da Silva desembarcou no Brasil em um navio negreiro e dele descendeu a Comunidade dos Arturos. Uma amostra de sons e da cultura dessa comunidade quilombola enraizada no bairro Vera Cruz, em Contagem, será apresentada na oficina Cantando e reinando com os Arturos: os cantos, as danças e os ritmos, que integra a programação do 48º Festival de Inverno da UFMG, que acontece de 15 a 23 de julho.
A oficina, uma das 17 oferecidas pelo Festival, será realizada de 18 a 22 de julho, das 14 às 17h, na sala 3 do Centro de Musicalização Infantil da UFMG, no campus Pampulha. Com ritmos, cantos, danças e rituais, os representantes da comunidade pretendem estimular uma reflexão sobre a cultura e a devoção à Irmandade do Rosário e ao Reinado dos Negros.
Informações sobre o Festival e a programação estão disponíveis no site do evento.
Cantando e reinando será conduzida por Jorge dos Santos, capitão da Guarda de Moçambique dos Arturos e mestre em construção de instrumentos para congado, e Maria Isabel Pereira, capitã da Guarda de Congo dos Arturos, que apresentará cantos e danças da comunidade. Maria Isabel é filha de Raimundo Afonso da Silva, um dos principais mestres de Reinado dos Arturos, e Lúcia dos Santos, que foi bandeireira da Guarda de Moçambique.
A dupla será assistida pelo instrutor de percussão e capitão da Guarda de Moçambique do Reinado do Rosário, Thiago Santos, que preside o grupo de dança afro Arturos Filhos de Zambi, e pela arte-educadora, coreógrafa e dançarina Miriam Regina Santos.
Origem e celebrações
A comunidade negra Arturos descende de Camilo Silvério da Silva que, em meados do século 19, chegou ao Brasil em um navio negreiro proveniente de Angola. Do Rio de Janeiro, Camilo foi enviado a Minas Gerais, onde se radicou em um povoado situado na Mata do Macuco, antigo município de Santa Quitéria, hoje Esmeraldas. Ele trabalhou nas minas e como tropeiro nas lavouras. Casou-se com a escrava alforriada Felismiba Rita Cândida e, dessa união, foram gerados seis filhos.
Entre as celebrações dos Arturos, destacam-se o Batuque (reconhecido como forma de expressão artística pelo Ministério da Cultura), a festa da capina João do Mato, a folia de Reis, a Festa da Abolição da Escravatura e, principalmente, o Reinado de Nossa Senhora do Rosário, popularmente conhecido como Congado. A comunidade também é o berço do grupo Arturos Filhos de Zambi (deus dos negros da nação banto), especializado em percussão, dança afro e teatro sobre a história do povo negro e de sua cultura.
Em sua quarta geração, os Arturos possuem 80 famílias, totalizando cerca de 500 pessoas.