Comunidade LGBT tem saúde mental mais comprometida do que a média da população mineira, revela pesquisa da UFMG
Conclusão é de pesquisa vencedora do Grande Prêmio de Teses UFMG e do Prêmio Capes de Tese 2022, tema do ‘Aqui Tem Ciência’ desta semana
No âmbito mundial, é sabido que as minorias sexuais têm a saúde mental mais comprometida na comparação com a população geral. A constatação vale também para a população de lésbicas, gays e bissexuais (LGB) de Minas Gerais. O demógrafo Samuel Araújo buscou investigar a relação de idade, gênero e suporte familiar com o desenvolvimento da identidade sexual e a saúde mental dessas pessoas no estado. A pesquisa, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Demografia, da Faculdade de Ciências Econômicas, é uma das vencedoras do Grande Prêmio de Teses UFMG 2022, depois de ter sido reconhecida com o Prêmio Capes de Tese.
A partir do projeto Manas, que buscou investigar o suporte do Sistema Único de Saúde (SUS) a pessoas LGBT em Minas Gerais, o pesquisador formulou um questionário que obteve 754 respostas e entrevistou presencialmente 33 pessoas LGB em todo o estado. Ele explica que a população trans não foi incluída na pesquisa em razão de suas especificidades. Foi encontrada relação direta entre gênero, idade e suporte familiar e o desenvolvimento da identidade sexual e a saúde mental dessas minorias.
Entre os principais resultados, foi confirmado que o grupo LGB tem risco maior de desenvolver depressão e está submetido ao estresse crônico. É diferente, entre homens e mulheres, o tempo entre se perceber LGB e comunicar esse fato às outras pessoas. Em Minas Gerais, a família tem peso maior nesse processo. O estudo também constatou que mudanças legais associadas ao tema, como a liberação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da adoção de crianças por casais homoafetivos, não necessariamente se refletiram em alterações na situação familiar dessas pessoas.
Saiba mais no novo episódio do Aqui tem ciência.
Raio-x da pesquisa
Tese: “Nós que mudamos, eles não”: a importância do suporte familiar, da idade e do gênero na análise do desenvolvimento da identidade sexual e da saúde mental de lésbicas, gays e bissexuais em Minas Gerais
O que é: tese que investiga a relação entre idade, gênero e suporte familiar e o desenvolvimento da identidade sexual e a saúde mental de lésbicas, gays e bissexuais em Minas Gerais. A pesquisa utilizou um método misto, combinando 754 respostas a um questionário on-line com 33 entrevistas semiestruturadas.
Pesquisador: Samuel Araújo Gomes da Silva
Programa de Pós-graduação: Demografia
Orientadora: Paula de Miranda-Ribeiro
Ano da defesa: 2021
Financiamento: PPSUS (Ministério da Saúde), Fapemig, Capes e CNPq
O episódio 127 do Aqui tem ciência teve produção e apresentação de Igor Costa, edição de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e busca abranger todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa desenvolvido na Universidade.
O programa fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas-feiras, às 11h, com reprises às quartas-feiras, às 14h30, e às sextas-feiras, às 20h.