Nesta terça-feira, dia 22 de novembro, às 19h30, o Conservatório UFMG recebe uma atração muito especial: a cantora Marlui Miranda com a apresentação do show Fala de Bicho, Fala de Gente: cantigas de ninar do povo Juruna do Xingu. Além do show, Marlui participará de um bate-papo, às 18h30, sobre a influência da música indígena na sua obra.

A apresentação é a última da Série Especial 2022: Retratos do Brasil, do Conservatório UFMG. Esta série foi criada para marcar o bicentenário da independência do Brasil com shows que retratam manifestações muito diversas de música brasileira e ajudam a refletir sobre a identidade plural. Artistas renomados e de larga experiência em campos musicais específicos participaram ao longo do segundo semestre de 2022, como os chorões Ausier Vinícius e Slivério Pontes, o cantor Rodrigo Borges, o rapper Roger Deff, o pianista Gustavo Carvalho, o saxofonista Nivaldo Ornelas, o grupo de música afro-mineira Babadan, e a cantora Dona Jandira. Para este último concerto será retratado o universo da música indígena do Brasil, por meio da obra de Marlui Miranda.

Neste espetáculo, ela apresenta 11 cantigas inéditas do povo Juruna adaptadas pelo renomado músico inglês John Surman que buscou cobri-las com uma textura de harmonia, acordes e percussões. O resultado é um trabalho de recriação primoroso e, acima de tudo, respeitoso, apresentando a obra com a devida consideração por importantes fatores de sua ordem cultural.

Neste show, Marlui se une ao pianista Leo Ferrarini e, juntos, eles mergulham nesse universo Juruna para construírem uma ponte com o que a música instrumental oferece de mais convidativo, preservando-o e alçando-o a novas dimensões. O resultado é surpreendente, um show que integra uma sólida proposta musical com performance artística de alta qualidade, descontração e que contribui enormemente para que a música indígena tenha seu importante valor cultural reconhecido.

O projeto é uma parceria com o Laboratório de Produção Musical da Escola de Música da UFMG, que realiza a captação e edição dos áudios das apresentações.

Sobre Marlui Miranda

Marlui Miranda é cantora, compositora, arranjadora e produtora cultural, dedicada há quase trinta anos à pesquisa e produções musicais na área da música indígena. É reconhecida como a mais importante intérprete e pesquisadora da música indígena do Brasil. Tem uma discografia ampla e acumula inúmeros prêmios, incluindo a Medalha do Mérito Cultural do Ministério da Cultura em 2002, em reconhecimento à sua contribuição à cultura no Brasil, e o Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, em 2005, por sua contribuição ao desenvolvimento da cultura e sustentabilidade na Amazônia Brasileira.

Foi professora visitante e artista-em-residência na Universidade de Chicago, Universidade de Indiana, Dartmouth College e realizou palestras na Unicamp, London University e Universidade de São Paulo (USP). Criou o espetáculo IHU, Todos os Sons em 1996 e concebeu o projeto como um todo, pelo qual recebeu o prêmio de melhor CD na categoria de World Music dado pela Academia Alemã de Crítica. Produziu o livro de partituras IHU, Todos os Sons, em 1994. Compôs e produziu Missa Indígena Kewere- Rezar, em 1997, e o CD do mesmo nome, com a participação do Coral Sinfônico do Estado de São Paulo e da Orquestra Jazz Sinfônica. Organizou Ponte entre Povos, um livro com três CDs encartados, um documento que registrou o repertório dos Wayana, Apalai, Katxuyana, Tiriyó e Palikur do Amapá.

Recebeu bolsas de apoio à pesquisa no Brasil e no exterior, tais como o a Fundação Rockfeller, a The John Simon Guggenheim, Fundação Vitae e RioArte. Marlui Miranda, durante sua carreira musical, vem realizando turnês e apresentações no Brasil e no exterior, tendo se apresentado e gravado com os músicos Rodolfo Stroeter; o Grupo Pau Brasil, Nelson Ayres, Milton Nascimento, Hermeto Pascoal, Naná Vasconcellos, Trilok Gurtu, Ruriá Duprat, Caíto Marcondes, John Surman, Jack DeJohnette, Egberto Gismonti, Lucian Rogulski, Grupo Beijo, Tiago Pinheiro, Lelo Nazario e muitos outros. Gravou Yuxin–Alma, uma releitura musical da obra literária de mesmo nome, de autoria de sua irmã, a escritora Ana Miranda, lançado pela Companhia das Letras-Selo SESC em 2009. Seu mais recente trabalho é Fala de Bicho, Fala de Gente (Selo SESC, 2014) com o qual ganhou o Prêmio da Música Brasileira 2015 como Melhor Cantora Regional.

Discografia:

(2014) Fala de Bicho, Fala de Gente • Independente • CD
(2000) Hans Staden • CD
(1998) O Sol de Oslo • Selo Pau Brasil • CD
(1997) 2ihu Kewere: Rezar • Pau Brasil • CD
(1996) Babel. (c/ Grupo Pau Brasil) • Pau Brasil • CD
(1995) Ihu, Todos os sons • Pau Brasil • CD
(1993) Série Música Viva • Tom Brasil • CD
(1986) Rio Acima • Memória • LP
(1984) Paitér Merewá • Memória • LP
(1981) Revivência • Memória • LP
(1979) Olho d'água • Continental • LP

Sobre Leo Ferrarini

Graduado em Licenciatura em Música, pós-graduado em Gestão Educacional e formado em piano pelo Conservatório de Tatuí. Como pianista, produtor e arranjador, atuou em 28 álbuns entre autorais e outros artistas, além de compor trilhas para espetáculos de dança e documentários. Como pesquisador, é autor do livro Guia Prático do Piano Brasileiro Vol.1 Ernesto Nazareth, destinado ao estudo prático da linguagem do choro ao piano.

Na área da educação musical, atua no Conservatório de Tatuí como coordenador e arranjador do grupo artístico Jazz Combo, professor das disciplinas Piano MPB/Jazz, Prática de Repertório e Processos Criativos Musicais.