Crise de representação favorece surgimento de lideranças digitais na América Latina, diz estudo da UFMG
Tema de novo episódio do programa 'Aqui tem ciência', tese da Ciência Política analisou o fenômeno no Brasil, no Peru e no México
Como nomes como Kim Kataguiri, Joice Hasselmann e Olavo de Carvalho passaram de influenciadores digitais a lideranças políticas nos últimos anos? O cientista político e pesquisador do Grupo Opinião Pública da UFMG Joscimar Silva investigou essa questão em sua tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFMG.
O trabalho mostra como a emergência dessas lideranças está ligada não apenas ao uso das redes sociais, mas também à crise de representação política que ganhou força no Brasil desde as manifestações de 2013. E o fenômeno não é apenas brasileiro. Ele ocorre no México e no Peru, países onde também foram realizados protestos contra o sistema político que, assim como no Brasil, tiveram como características o questionamento às bandeiras partidárias, às instituições políticas e à corrupção.
Joscimar Silva investigou os dados do Latinobarômetro, levantamento que, desde 1995, analisa o comportamento político na América Latina e identificou uma desconfiança extrema nos partidos políticos e em outras instituições democráticas desses três países. Ele concluiu que as lideranças digitais se aproveitam desse contexto de crise de representação e usam as redes sociais como trampolim para direcionar seus discursos para nichos específicos.
O estudo também alerta para o risco à democracia que essas lideranças podem representar, já que nem sempre respeitam as regras do jogo. Saiba mais no novo episódio do Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa.
Raio-x da pesquisa:
Tese: Surfando na crise de representação e nos valores: lideranças políticas emergentes e mídias sociais digitais na América Latina
O que é: pesquisa tem o objetivo de compreender o surgimento de lideranças políticas nas mídias sociais digitais no atual contexto de crise de representação na América Latina, marcado por protestos antissistema, queda da confiança nos partidos, rejeição às instituições e aos procedimentos da democracia representativa liberal
Pesquisador: Joscimar Souza Silva
Programa de Pós-graduação: Ciência política
Orientador: Helcimara de Souza Telles (UFMG)
Coorientador: Jesús Alejandro Moreno Alvarez (ITAM, México)
Ano da defesa: 2021
Financiamento: Associação Latino-americana de Ciência Política e Capes
O episódio 78 do programa Aqui tem ciência é apresentado por Beatriz Kalil e produzido por Paula Alkmim. Os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues.
O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa da Universidade.
O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas-feiras, às 11h, com reprises às quartas-feiras, às 14h30, e às sextas-feiras, às 20h.