CTE UFMG vira polo de preparação de atletas paralímpicos
Atletismo, natação e halterofilismo são as modalidades contempladas
O Centro de Treinamento Esportivo (CTE) da UFMG passa a atuar como Centro de Referência Paralímpico. Na instituição, serão realizadas atividades de preparação de atletas, formação de recursos humanos e desenvolvimento de pesquisa, segundo prevê protocolo de intenções assinado no fim de 2018 pela UFMG e pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Parte das atividades será viabilizada, nos primeiros dois anos, por recursos da ordem de R$ 1,76 milhão, liberados pelo Ministério do Esporte. O contato com o CTE deve ser feito pelo telefone (31) 3409-3337 e pelo e-mail esporteparalimpicoufmg@gmail.com.
As atividades do CTE serão dedicadas ao atletismo, à natação e ao halterofilismo. O objetivo é apoiar atletas com deficiência na participação em competições dentro e fora do Brasil. No prazo mais curto, o foco do projeto são os Jogos Parapan-americanos de Lima, em setembro deste ano, e as Paralimpíadas de Tóquio, em setembro de 2020.
A previsão é de que a parceria com o CPB beneficie, numa primeira fase, 50 atletas, incluindo oito que já iniciaram os treinamentos neste ano, no CTE, como Izabela Campos, deficiente visual, medalhista de bronze no lançamento de disco nas Olimpíadas do Rio, em 2016. Os outros serão selecionados em breve.
Capacitação
A coordenadora do recém-criado Setor de Esporte Paralímpico do CTE, professora Andressa da Silva de Mello, informa que a primeira ação vinculada ao acordo ocorrerá neste mês: um curso de capacitação de professores, com 28 horas-aula (teoria e prática). As inscrições para as 100 vagas (35 para atletismo, 35 para natação e 30 para halterofilismo) esgotaram-se em duas horas.
“O projeto vai agregar conhecimentos de áreas diversas, como o treinamento esportivo, a biomecânica, a fisioterapia e a fisiologia, e vai estimular novas pesquisas. Além disso, é mais uma forma de a Universidade promover inclusão”, afirma Andressa, que integra o Departamento de Esportes da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional e coordena o Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício. Com 13 anos de experiência em competições paralímpicas nacionais e internacionais, incluindo três edições dos Jogos Paralímpicos e dos Parapan-americanos, a professora lembra que as instalações do CTE são acessíveis para atletas com deficiência e abrigaram a delegação paralímpica britânica em preparação para os Jogos do Rio 2016.
Os recursos oriundos do Ministério do Esporte serão administrados pela Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fepe), vinculada à Escola de Veterinária da UFMG.
Excelência
O Comitê Paralímpico Brasileiro pretende implantar ao menos 20 centros de referência pelo país até 2024, por meio de parcerias com universidades, governos estaduais e prefeituras. A ideia é aproveitar estruturas que integram o legado da Rio-2016, muitas delas ainda ociosas. Atualmente, há apenas um centro de treinamento e formação de profissionais em pleno funcionamento, em São Paulo.
“Para o CPB, é um privilégio a parceria com a UFMG, que oferece as ótimas instalações do CTE e pesquisadores e profissionais de excelência”, afirma o diretor técnico do Comitê, Alberto Martins.
Além da capacitação de treinadores e da preparação de atletas, o CTE vai contribuir para a formação de alunos de cursos como educação física, terapia ocupacional, fisioterapia, nutrição, medicina e psicologia e realizar cursos como o de classificação funcional, que serve para habilitar os atletas nas diversas categorias do esporte paralímpico, de forma a assegurar uma disputa justa entre pessoas com limitações semelhantes. O Centro também tem planos de aprovar, ainda em 2019, projeto de extensão destinado a identificar e preparar estudantes da UFMG para o esporte paralímpico de alto rendimento. Segundo Andressa de Mello, a UFMG tem hoje cerca de 300 alunos com deficiência.
Um dos atletas que já se prepara no CTE, Davi Hovadick, 25 anos, é aluno do sexto período de Educação Física e pratica atletismo de pista. Ele é classificado como T47, categoria que reúne amputados de membros superiores que se dedicam à corrida. David, que nasceu sem parte do antebraço esquerdo, mas com mobilidade no cotovelo, comemora a oportunidade para que mais atletas se beneficiem das instalações do CTE e do conhecimento produzido na UFMG. “Aqui temos condições disponíveis em poucos centros no país. A inclusão do CTE vai fortalecer o esporte paralímpico e abrir novas possibilidades para muitos atletas em potencial”, diz.
O Brasil participou pela primeira vez dos Jogos Paralímpicos de Verão em 1972, em Heidelberg, na Alemanha, com delegação formada por 20 atletas de quatro modalidades. Nos Jogos Paralímpicos de Inverno, o país estreou em 2014, nos Jogos de Sochi, na Rússia, com dois atletas. Em 12 participações nos Jogos de Verão, o Brasil ganhou 302 medalhas – 87 de ouro, 112 de prata e 103 de bronze.
(Texto de Itamar Rigueira Jr.)