As músicas do próximo concerto do Ars Nova-Coral da UFMG, que será realizado nesta terça-feira, dia 27 de junho, às 19h30, no Conservatório UFMG (Afonso Pena, 1534 - Centro de Belo Horizonte – MG), foram escolhidas como forma de celebrar a alegria de poder cantar ao vivo para o público. Nesse sentido, o coral resolveu trazer de volta obras que foram marcantes no início do ano e obras inéditas em seu repertório. 

O Ars Nova-Coral da UFMG instigará, novamente, a necessidade de cantar a cappella e provocará o público com poemas de Federico García Lorcaos e com os quatro movimentos contundentes da Suíte de Lorca, opus 72, do finlandês Einojuhani Rautavaara (1928-2016). Em contrapartida, vai também convidar os espectadores a meditar e degustar The Beatitudes, ou As Bem-Aventuranças, do estoniano Arvo Pärt (1935), com texto retirado do evangelho segundo São Mateus, capítulo 5, versículos 3 a 12, conhecido como O Sermão da Montanha. 

Juntam-se a essas duas obras as 11 canções ciganas para coro e piano, da coleção chamada Zigeunerlieder, ou Canções Ciganas, opus 103, escritas por Johannes Brahms (1833-1897), neste ano em que são celebrados os 190 anos do nascimento do compositor. Para encerrar o concerto, o Ars Nova interpreta Die vier Gesänge, ou As Quatro Canções, escritas por Franz Schubert (1797-1828) entre 1816 e 1825, também para coro e piano, mas reunidas em um único ciclo. 

Já Einojuhani Rautavaara, considerado um dos mais notáveis compositores finlandeses, com seu estilo neo-romântico e místico, absorveu uma variedade de influências para criar uma linguagem musical própria. Suíte de Lorca, opus 72, possui quatro breves mas intensos movimentos com poemas de García Lorca. Apesar de falarem da morte, os quatro poemas escolhidos pelo compositor estão longe de serem mórbidos e traduzem a morte como algo inevitável, com o qual se convive normalmente: a caminho de Córdoba, nos olivais, nos laranjais ou nas tabernas. 

Arvo Pärt escreveu The Beatitudes, As Bem-Aventuranças, em 1990. Ele utiliza o texto do evangelho de São Mateus para escrever uma obra totalmente homofônica em que é explorada a técnica do tintinnabulis, que foi criada e desenvolvida por ele. Essa técnica foi influenciada pelas experiências místicas do compositor. Nela, duas vozes (alto e baixo) movem-se diatonicamente, enquanto outras duas, sopranos e tenores, harpejam a tríade harmônica. O caráter é meditativo, em movimento lento, com uma abordagem minimalista. Além disso, o Ars Nova-Coral da UFMG fez a primeira audição da obra em Belo Horizonte, em abril de 2023. 

Em 1887, Johannes Brahms conheceu o tradutor de canções húngaras Hugo Conrat (1845-1906). Conrat selecionou 11 das 25 canções que havia traduzido e as apresentou a Brahms. O compositor ficou entusiasmado e as transcreveu em um verdadeiro caleidoscópio de humores, mas sem a intenção de contarem uma história. A vida nômade dos ciganos, apesar de serem perseguidos e marginalizados por séculos, e a proximidade espontânea desse povo com a música sempre foram atrativos para os compositores românticos e Brahms não fugiu à regra. O ciclo Zigeunerlieder, Canções Ciganas, opus 103 foi escrito para coro e piano. 

Die vier Gesänge ou As Quatro Canções estão entre as melhores canções escritas por Franz Schubert para coro a quatro vozes e piano. Elas são relativamente pouco conhecidas, embora na época em que foram escritas, obras como essa eram especialmente populares e interpretadas tanto em ocasiões informais quanto em concertos célebres. Essas canções foram escritas para serem interpretadas por um coro de câmara e vale a pena lembrar que o piano, na época de Schubert, era um instrumento menor, portanto com extensão e volume menores do que hoje em dia. As canções agregam poesia e música numa variedade de humor e ritmo e dão um aviso bem-humorado ao público e aos cantores para a atenção com o caráter irresistível da dança. 

Com a escolha desse repertório, o Ars Nova-Coral da UFMG espera transmitir a emoção de poder performar e compartilhar músicas. 

Serviço:
Da Espanha aos acampamentos na Hungria - Música para coro à capela e coro e piano 
Ars Nova-Coral da UFMG 
Regência: Lincoln Andrade 
Data: 27 de junho 
Horário: 19h30
Local: Conservatório UFMG (Afonso Pena, 1534 - Centro de Belo Horizonte – MG)