Dissertação da UFMG em Estudos do Lazer aborda as representações femininas em filmes de super-heroínas
As representações de personagens femininas que são super-heroínas em filmes foram foco da pesquisa Protagonismo e empoderamento feminino nos filmes de super-heroínas: uma análise dos filmes “Mulher-Maravilha” e “Capitã Marvel”, defendida na Escola de Educação Física, Fisioterapia e terapia ocupacional (EEFFTO) da UFMG. Segundo a autora, o estudo reforça a potência do cinema para atuar dando visibilidade a grupos não priorizados, a partir de narrativas que quebrem com antigos padrões e clichês.
A dissertação foi defendida em setembro de 2021 por Juliana Pieve de Souza, com orientação da professora Christianne Luce Gomes, docente do Departamento de Educação Física e do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer (PPGIEL), ambos da EEFFTO da UFMG.
O objetivo do trabalho foi trazer uma discussão atual, a partir dos filmes analisados, sobre como são as representações femininas no cinema e como podem agregar para a representatividade de gênero. A pesquisadora analisou os filmes Mulher Maravilha (2017) e Capitã Marvel (2019), a partir de elementos e técnicas da linguagem audiovisual, discutindo como é construído o protagonismo das personagens femininas e se elas oferecem empoderamento. Nesse processo, a autora constatou que as representações das personagens ainda precisam de ajustes.
“Em termos de enredo, os dois filmes trabalham a jornada de heroínas, então o protagonismo é verificado neles. Agora, pensando em estratégias visuais, cada um atuou de uma forma diferente. O filme Mulher Maravilha se baseia mais no apelo à beleza da atriz, e de diferenciá-la por essa característica em relação às demais mulheres do filme, como tentativa de chamar a atenção para ela enquanto mulher bonita e sensual, enquanto Capitã Marvel não tem esse mesmo apelo visual”, explica Juliana.
Comparando os filmes analisados, a autora concluiu que o longa Mulher Maravilha permanece muito dependente da dimensão física para construir a admiração em torno da personagem principal, enquanto em Capitã Marvel o enredo ganha protagonismo, mais do que a imagem da atriz.
Representações culturais
Segundo Juliana, o interesse em iniciar uma pesquisa veio a partir de sua participação em um grupo de estudos com a professora Christianne Gomes, mas o tema já chamava sua atenção desde a infância. Além de gostar de super-heróis e assistir a variados desenhos animados, filmes e séries com a temática, Juliana disse que sempre se incomodou com a forma como as mulheres eram representadas nessas produções.
“Ou elas tinham um papel secundário, estavam ali em função de um personagem masculino - como uma tia, uma mãe, uma namorada, a donzela em perigo -, ou, se elas eram super-heroínas, não tinham a mesma força, os mesmos poderes, a mesma capacidade de decisão que os homens”, avalia a pesquisadora.
Como essas representações fizeram parte de sua formação, Juliana conta que até as brincadeiras de criança eram afetadas, pois ninguém queria brincar de ser um personagem feminino, já que os mais representativos eram sempre os personagens masculinos, como Superman, Batman, Change Dragon.
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