Em 2023, Capes deverá conceder número recorde de bolsas para a pós-graduação, anuncia presidente da agência em evento na UFMG

Projeção foi anunciada por Mercedes Bustamante; no mesmo evento, foi apresentado diagnóstico da pós-graduação da UFMG

Segundo a professora Mercedes Maria da Cunha Bustamante, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a previsão é de que a fundação conceda, ao longo de 2023, 104.705 bolsas para estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado — maior número desde o início da série histórica, iniciada em 2013. 

A proporção de doutorandos agraciados também será a mais alta da década: 53,6%. "Por outro lado, o índice de bolsas para o pós-doutorado deverá ser de apenas 3,5%. "Esse baixo percentual representa um desafio a ser superado", considerou Mercedes Bustamante. Esses e outros dados foram divulgados pela presidente da Capes durante palestra ministrada por ela ontem (terça, 28), no auditório da Reitoria da UFMG.

Cenário
O recurso disponível para custeio dos Programas de Pós-graduação (PPG), segundo informou Bustamante, supera em R$ 50 milhões o orçamento do ano passado, mas ainda é menor do que o de 2014, segundo Mercedes Bustamante, que é professora da Universidade de Brasília.

A disparidade regional na distribuição das bolsas também é preocupante, na visão da presidente da Capes. "O Sudeste fica com 47%, e o Sul, ainda que tenha apenas três estados, faz jus a 22% do benefício. As regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte recebem, respectivamente, 18%, 7% e 5% do número de bolsas", comparou.

Mercedes Bustamente ainda enumerou algumas das ações que a Capes pretende levar a cabo em 2023 com vistas à consecução de um projeto de internacionalização, entre as quais a ampliação das instituições participantes, a reativação de programas de pós-doutorado no exterior, o reajuste das bolsas no exterior e a retomada das políticas de colaboração Sul-Sul, especialmente com países da América Latina, do Caribe, da África e da Ásia. 

Processo de escuta
Na sequência, o professor Fábio Alves, titular da Pró-reitoria de Pós-graduação da UFMG (PRPG) de 2018 a 2022, apresentou o relatório técnico da Avaliação Diagnóstica da Pós-graduação da UFMG. De acordo com o docente, a publicação é fruto de um processo de escuta, por meio de questionários, que incluiu professores, estudantes e técnicos que atuam nos 90 programas da Universidade. 

"Com base na escuta, foi elaborada uma análise para cada um dos 90 programas. Em seguida, foi feita outra avaliação, agrupando-os em nove áreas do conhecimento. Por fim, o agrupamento foi reduzido nos três colégios do conhecimento", descreveu Fábio Alves. 
As informações decorrentes da apuração com a comunidade universitária, conforme detalhou o professor, foram representadas em gráficos de corda no relatório. "Não é do meu conhecimento outra iniciativa semelhante no país. Com base nos resultados, será possível implementar iniciativas pontuais para cada programa, visando ao aprimoramento dos quesitos analisados em suas várias dimensões", ele disse.

Lacunas
Atualmente, há 67 bolsistas estudando na UFMG com bolsas da Capes, sendo quatro do mestrado, 36 do doutorado e 27 do pós-doutorado. O número de programas submetidos à série histórica de autoavaliação cresceu de 32, no biênio 1981/1982, para 90, em 2019/2021 (sendo 79 mestrados acadêmicos, 11 mestrados profissionais e 71 doutorados). 

O relatório aponta que prevalecem lacunas quanto às questões ligadas à saúde mental da comunidade da pós-graduação, assim como às relativas a acessibilidade e inclusão. "É necessário ainda reforçar ações de acolhimento e acompanhamento", acrescentou Fábio Alves.  

Para ele, deve ser assegurada a amplificação do processo de escuta, para que a avaliação diagnóstica possa ser examinada por toda a comunidade universitária. "As considerações apresentadas deveriam ser incorporadas institucionalmente em prol de objetivos consistentes de crescimento dos PPGs", argumentou.

O docente sugeriu ainda que seja criado um banco de egressos da pós-graduação, como forma de se acompanhar sistematicamente o impacto de sua atuação nos cenários nacional e internacional. "O conhecimento profundo e atualizado do patrimônio institucional de pós-graduação viabilizará uma dinâmica de ações constantes, em substituição a ações motivadas pela demanda espontânea", afirmou.

No entendimento de Alves, essas adaptações possibilitarão que a instituição fomente o crescimento da pós-graduação induzido pelo planejamento estratégico, atenta ao que já funciona e às lacunas que podem ser preenchidas. "Assim, será possível avançar para uma fase de indução estratégica, pautada pela construção coletiva, fortalecendo o protagonismo institucional", finalizou Fábio Alves.

Excelência
A UFMG tem hoje 90 programas de pós-graduação stricto sensu. Desses, 68% são considerados de excelência. Os dados finais da mais recente avaliação quadrienal dos PPGs, divulgados em dezembro de 2022, atestam que a UFMG tem atualmente 44,4% de seus programas avaliados com as notas 6 e 7, percentual quase três vezes superior à média nacional, que é de 15%. Todos esses programas foram alvo da investigação diagnóstica empreendida pela Universidade.

O relatório é resultado de um amplo processo de discussões e debates com a comunidade acadêmica, iniciado em 2019. Em setembro daquele ano, foi instituída, pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), a Comissão de Avaliação Diagnóstica da Pós-graduação. No mesmo ano, a PRPG formou um conselho consultivo, que elaborou questionários destinados a coordenadores de programas, docentes que atuam na pós-graduação stricto sensu, professores que não atuam, mas são elegíveis, secretários e ex-secretários dos programas, mestrandos, doutorandos e pesquisadores em residência pós-doutoral.

No texto que encerra o documento, a Comissão de Avaliação Diagnóstica afirma que o objetivo do relatório é apresentar “o que a pós-graduação da UFMG é hoje e quais são suas principais carências”. “A escuta realizada é fundamental para prover bases para decisões institucionais que propiciarão o crescimento sustentável e a gestão eficiente”, completa o relatório.

(Texto de Matheus Espíndola)

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG