Em livro, Heloísa Starling e Newton Bignotto, da UFMG, discutem crise da democracia brasileira

Com lançamento hoje, autores, ao lado do cientista político Miguel Lago, investigam atuação do bolsonarismo e seus efeitos no país

Os professores da UFMG Heloisa Starling e Newton Bignotto e o cientista político Miguel Lago participam nesta quinta-feira, 28 de abril, de edição de retomada presencial do projeto Sempre um papo. Os três são autores de Linguagem da destruição – A democracia brasileira em crise (Companhia das Letras, 2022), que será lançado na sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro), a partir das 19h, com participação gratuita. O evento também será transmitido, ao vivo, nas redes sociais do Sempre um papo. A conversa entre os autores será mediada pelo jornalista Afonso Borges, criador e curador do projeto. 

Na obra, Starling, Bignotto e Lago – respectivamente, historiadora, filósofo e cientista político – investigam a atuação do bolsonarismo e seus efeitos para a democracia brasileira. Já na introdução, os pesquisadores relembram a campanha presidencial de 2018 e um memorável discurso do então candidato Jair Bolsonaro, proferido em São Paulo, no dia 21 de outubro, a uma semana do segundo turno do pleito. Citando alguns trechos, como “A faxina agora será muito mais ampla”, “Ou vão pra fora ou vão pra cadeia”, “Petralhada vai tudo pra ponta da praia”, os pesquisadores defendem que “Bolsonaro prometia uma só coisa: a morte”.

“E ele honrou sua palavra. O ano de 2021 termina como o mais mortal da história do país, superando o recorde de mortalidade atingido em 2020, segundo ano de seu governo. No passado, o Brasil viveu guerras, revoltas e epidemias, mas nada se compara ao saldo desses últimos dois anos. O ano de 2021 termina também com a volta definitiva do Brasil ao mapa da fome, que assola o cotidiano de dezenas de milhões de cidadãs e cidadãos. A crise humanitária se dá em meio a ameaças de instabilidade institucional, de ameaças à Suprema Corte e de mobilização contínua do quarto demográfico desta terra que segue religiosamente o presidente, parte significativa do qual está armada”, afirmam na introdução de Linguagem da destruição.

Os pesquisadores defendem ainda que "Bolsonaro e o bolsonarismo são fenômenos que desafiam as análises racionais" e que "a chegada de Bolsonaro à Presidência desencadeou uma tempestade política e intelectual". Para eles, esse cenário reavivou um debate intenso acerca das "novas formas de governo alinhadas com o ideário de extrema direita" e ajudou a revelar que pensar em regimes que atacam abertamente os valores democráticos é um grande desafio na contemporaneidade. Explicar o bolsonarismo, defendem os autores, é uma questão que segue aberta, e, nesse contexto, a obra pretende ser uma contribuição para o movimento acadêmico e intelectual de decifrar o bolsonarismo e todo o fenômeno que o sustenta.

Ensaios

Miguel Lago, que atualmente leciona na Universidade de Columbia (Estados Unidos) e na École d’Affaires Publiques de Sciences Po Paris (França), abre o livro com o ensaio Como explicar a resiliência de Bolsonaro?. Para responder a essa questão, o autor explora duas hipóteses: a primeira, da dificuldade de os opositores do atual mandatário oferecerem um enfrentamento eficaz, por conta da dificuldade em compreender as estratégias políticas do presidente; na segunda, Lago trata das mudanças significativas na relação entre representante e representado, causadas pela hiperconectividade e também pela emergência das igrejas evangélicas brasileiras, com foco no neopentecostalismo.

A seguir, em Brasil, país do passado, a historiadora Heloisa Starling, coordenadora do Projeto República, vinculado ao Departamento de História da UFMG, analisa o reacionarismo, característica eleita por ela como central em Jair Bolsonaro. Para isso, a autora parte de uma distinção entre reacionarismo e conservadorismo, passando pelas raízes históricas desses movimentos, a fim de compreender que Brasil o bolsonarismo está construindo. 

No capítulo que encerra o livro, Bolsonaro e o bolsonarismo entre o populismo e o fascismo, o filósofo Newton Bignotto, professor colaborador do Programa de Pós-graduação em Filosofia da UFMG, mobiliza e propõe reflexões de conceitos da teoria política que frequentemente têm sido utilizados para descrever o bolsonarismo e o governo Bolsonaro — entre os quais, fascismo, populismo e cesarismo. 

Livro: Linguagem da destruição – A democracia brasileira em crise

Autores: Heloisa Starling, Miguel Lago e Newton Bignotto

Editora: Companhia das Letras

R$ 69,90 / 200 páginas

Lançamento: quinta-feira, 28 de abril, às 19h, na sala Juvenal Dias, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro)

Texto de Hugo Rafael

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG