Em solo dirigido por professor da UFMG, atriz encena convivência com mãe em estado vegetativo
Permanece em cartaz, até 29 de janeiro, o espetáculo Death lay: na vida tem jeito pra tudo, dirigido por Antonio Hildebrando, professor da Escola de Belas Artes da UFMG. A peça integra a 48ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de Belo Horizonte e é apresentada de quinta a domingo, às 19h, no teatro II do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), localizado na Praça da Liberdade, 450. O ingresso pode ser adquirido a R$ 30 (inteira) na bilheteria do CCBB ou a R$ 15 em promoções nos postos da campanha. A classificação indicativa é de 14 anos.
O solo autobiográfico da atriz Anna Campos, ex-aluna da EBA, conta a história real de duas mulheres: mãe e filha, unidas e separadas pelo estado vegetativo de uma delas. Há 10 anos, Valéria Vieira, mãe de Anna Campos, foi atropelada, aos 65 anos, quando ia para sua festa de aniversário. Desde então, vive em estado vegetativo permanente, sendo alimentada por uma sonda gastrointestinal.
Corpo vivo com consciência?
"Para os médicos, é um corpo vivo, que tem dor, mas que não tem consciência, ou se tem, não se sabe em qual nível de consciência está", explica Anna Campos. Ela acrescenta: "Existe a dificuldade de falar sobre o tema com ética, mas falo do meu ponto de vista sobre a convivência com minha mãe, sobre questões legais, sentimentais e religiosas", afirma Anna.
Em cena, a atriz propõe questionar se essas pessoas são vistas, se a religião ou o Estado enxergam pacientes em estado vegetativo. "É um tabu muito grande falar sobre o assunto e um abandono ainda maior do poder público. As pessoas não têm a real dimensão do que é estar ao lado de alguém em estado vegetativo permanente, que vai passar o resto da vida sob sua responsabilidade", observa a artista.