Ernesto Venturini, expoente da luta antimanicomial, faz conferência na UFMG
Psiquiatra italiano abordará a 'saúde mental em tempos de cólera'
Para celebrar o Dia Mundial da Saúde Mental, o psiquiatra e professor Ernesto Venturini, da Università degli Studi dela Repubblica di San Marino, na Itália, vai ministrar terça-feira, 10 de outubro, a conferência A saúde mental em tempos de cólera: primeiramente… A conferência será ministrada em português, no auditório da Reitoria, campus Pampulha, a partir das 14h. Durante o evento, o professor pretende questionar a capacidade do ser humano em buscar a felicidade em um momento em que muitas pessoas passam por sofrimento mental, e o mundo enfrenta uma crise de valores éticos, que se reflete no crescimento dos diagnósticos de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais.Segundo a professora do Departamento de Psicologia da UFMG Maria Stella Brandão Goulart, a conferência vai tratar de um assunto importante, uma vez que o sofrimento mental não atinge apenas as pessoas com diagnóstico psiquiátrico.
“Sofrimento mental é tudo que nos coloca em um impasse subjetivo, tudo que nos afasta da capacidade de responder pela nossa vida e dos projetos de felicidade e de realização. Todos já passaram por isso ou convivem com alguém que está nesta situação, daí a importância de conversarmos sobre saúde mental. Vivemos um momento de luta contra a violência e o preconceito sofrido pelas pessoas que têm algum tipo de sofrimento mental”, diz.
A conferência A saúde mental em tempos de cólera: primeiramente… integra o Programa Cátedra Fundep/Ieat e vai reunir os participantes da Rede de Saúde Mental da UFMG. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por formulário disponível na internet. Outras informações estão disponíveis no site do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat).
Psiquiatria Democrática
O psiquiatra Ernesto Venturini foi um dos principais colaboradores de Franco Basaglia no movimento que ficou conhecido como Psiquiatria Democrática Italiana, que lutou pelo fechamento progressivo dos manicômios na Itália e pela reformulação da assistência em saúde mental. Segundo a professora Maria Stella Brandão Goulart, o movimento revolucionou a psiquiatria europeia, e Ernesto Venturini foi um dos seus principais personagens.
“Ele participou da criação do tratamento em liberdade, em uma época em que as pessoas com sofrimento mental ficavam presas em manicômios. A mudança foi revolucionária. Antes da Psiquiatria Democrática Italiana, os estudiosos se preocupavam com as pessoas que tinham de se proteger de quem tinha sofrimento mental. O grupo do professor Venturini deu o protagonismo ao doente, e a psicologia e a psiquiatria começaram a se preocupar com a proteção dessas pessoas”, explica.
Ernesto Venturini participa e acompanha a construção das políticas de saúde mental no Brasil, na África e na Europa, operando em uma perspectiva transdisciplinar. O psiquiatra também representa a Fundação Franca e Franco Basaglia, de Veneza, e já publicou diversos livros sobre saúde mental.