Espaço Comum Luiz Estrela é tema de novo episódio de podcast do Centro Cultural UFMG
O décimo sexto episódio do Corredor Cultural 174 Podcast, produzido pelo Centro Cultural UFMG, traz um bate-papo com Zion, representante do Espaço Comum Luiz Estrela, um centro cultural autogestionado que é referência na luta antimanicomial, na defesa das pessoas em situação de rua e do ativismo político por meio da arte e cultura.
No podcast, Zion explica quem foi Luiz Otávio da Silva, mais conhecido como Estrela, que “era um artista, um poetista, morador de rua, homossexual”, inspiração para o nome do espaço. Ele atuou com o grupo de estudos Gangue das Bonecas, discutindo questões relacionadas ao gênero e à diversidade sexual nas ruas, participou do movimento Praia da Estação, importante espaço de luta e debate pelo uso da cidade de Belo Horizonte, realizou performances no extinto bar Nelson Bordello, no baixo centro da capital mineira, continuamente colaborando na mobilização cultural da cidade. “Ele era uma figura muito amistosa”, relembra Zion. “Todas as pessoas que passavam pelos locais que ele fazia suas performances o conheciam como Estrela. Ele pintava uma estrela na testa e a gente chamava ele de Estrela. Tanto é que a gente chama o espaço de Luiz Estrela para ter essa referência direta mesmo”, relata.
Cidadão atuante, Luiz também participou das manifestações de junho de 2013, período em que muitos brasileiros foram às ruas protestar contra o aumento das tarifas do transporte público. Segundo Zion, no dia 26 do referido mês, após uma ação mais repressiva da polícia, Estrela faleceu e não teve sua morte investigada. “O mais provável é que ele teve um ataque epilético. Ele era usuário do sistema de saúde mental e não teve um socorro ali, pronto para atendê-lo”, explica. “A partir da sua morte, ele virou uma estatística, ou nem isso, né?!”, questiona. “Por que muitas vezes as pessoas nem estatística viram”, reflete. “O Espaço Comum Luiz Estrela teve essa homenagem justamente para visibilizar as pessoas que a sociedade invisibiliza”, esclarece. “No caso dele: pobre, homossexual, não era branco e usuário do sistema de saúde mental”, complementa.
Zion descreve a história do casarão que abriga o Espaço Comum Luiz Estrela, na Rua Manaus, número 348, bairro Santa Efigênia. “O casarão tem uma história centenária. Ele começou as obras em 1912 e terminou em 1914 como um hospital militar”, narra. Em 1994, o imóvel foi tombado e o casarão ficou abandonado por quase 20 anos, até que, em 26 de outubro de 2013, após duas décadas de degradação e descumprimento da função social da propriedade, o local foi ocupado por artistas, ativistas, pesquisadores, educadores, produtores culturais, entre tantas outras pessoas motivadas pela carência de espaços acessíveis para produção e fruição artística, que lançaram um novo olhar para a sua história e projetaram um novo futuro, inaugurando o Espaço Comum Luiz Estrela.
Os ocupantes conquistaram a cessão de uso do espaço e, desde então, vêm realizando diversas atividades abertas à cidade, como encontros comunitários, oficinas formativas, manifestações políticas, performances artísticas, peças de teatro, blocos de Carnaval, debates públicos, festivais, eventos culturais, dentre outras. Para além desses trabalhos, foi realizado um conjunto de ações de restauração e preservação, trazendo novos sentidos e valores para o imóvel que se encontrava com risco de desabamento, até então esquecido pela cidade e poder público, sendo reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por meio da 30ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, em 2017, como patrimônio mais importante do Brasil.
Ouça o podcast na íntegra e conheça a história de mais de uma década desse espaço livre de formação educacional e artística, aberto e autogestionado: https://bit.ly/498iIgg
Acompanhe o trabalho do Espaço Comum Luiz Estrela no Instagram.
Corredor Cultural 174 Podcast
O podcast de cultura do Centro Cultural UFMG, disponibilizado uma vez por mês no Spotify, o Corredor Cultural 174 Podcast é um projeto que foca em conversas com artistas, músicos, escritores, cineastas, agentes culturais e demais pessoas que pensam, respiram e produzem cultura. “Corredor”, pelo fato de o Centro Cultural UFMG estar situado no corredor cultural Praça da Estação e também no sentido de espaço de passagem, onde transitam ideias, movimentos e expressões artísticas em Belo Horizonte. “Cultural”, pois a temática será sempre cultura e “174” é o número de localização da instituição na Avenida Santos Dumont.
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