Estudantes do ensino fundamental e médio apresentam seus trabalhos na UFMG Jovem
Feira será dias 26 e 27 de outubro na Praça de Serviços do campus Pampulha
Um aplicativo que ajuda no controle alimentar acompanhado por um protótipo de geladeira inteligente; outro que visa prevenir suicídios e combater o jogo Baleia Azul e uma proposta de tinta sustentável são alguns dos mais de 60 projetos desenvolvidos por alunos de escolas do ensino fundamental e médio que estarão expostos, dias 26 e 27 de outubro, durante a 19ª edição da UFMG Jovem, feira de ciências que acontecerá na Praça de Serviços do campus Pampulha.
Com o tema Ciência, Tecnologia e Matemática para o Bem Comum, o evento terá credenciamento dos participantes e montagem dos estandes na quinta, dia 25 de outubro; e será aberto ao público dia 26 de 9 às 16h. No sábado, dia 27, será de 8 às 12h. Haverá premiação os melhores trabalhos e a expectativa é receber um público de quatro mil pessoas.
Escolas e grupos interessados em visitar a feira podem agendar até dia 20 de outubro através de formulário on-line.
A UFMG Jovem é uma feira de ciências e tecnologia da educação básica, realizada anualmente desde 1999, com a participação de escolas públicas e privadas de Minas Gerais. Por possuir tantas edições, é um evento já enraizado no calendário universitário e participa do planejamento anual de várias escolas.
"O bem comum da feira é inspirado no tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, focado na redução das desigualdades. Queremos que os jovens e seus professores reflitam, estudem e, porque não, inventem e inovem estimulados por esse conceito tão importante, tão antigo e tão presente na ética, na religião, na ciência política e nas sociais, mas tão central também na busca de inovações tecnológicas e pesquisas científicas voltadas para reduzir problemas, em nosso país, como as desigualdades no acesso ao conhecimento, à saúde, a recursos e aos direitos", explicou Yurij Castelfranchi, titular da Diretoria de Divulgação Científica da UFMG.
Em 2018 a feira vem cheia de novidades, entre elas o #ExploraUFMGJovem, espaço interativo de demonstrações, experiência e diálogos de divulgação científica. Outra novidade é a intervenção artística coordenada pela professora Rosvita Kolb Bernardes, da Escola de Belas Artes.
Veja abaixo os resumos de alguns projetos que serão apresentados na UFMG Jovem:
Projeto Farinha Nutricional para Idosos
Professor orientador: Eduardo Geraldo Teixeira Neves
Há grande quantidade de alimentos desperdiçados em supermercados, sacolões e centrais de abastecimento como a Ceasa. Esses alimentos são desperdiçados por apresentarem pequenas deformações e, com este aspecto, não são vendidos. Porém, preservam as mesmas propriedades nutritivas de um alimento intacto. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) alertou que, anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de comida é desperdiçada ou se perde ao longo das cadeias produtivas de alimentos. Pesquisas apontam que muitas pessoas que possuem deficiências nutricionais são de baixa renda. Diante dessa realidade o trabalho produziu uma farinha nutricional fazendo uso de alimentos que seriam descartados em comércios, direcionada aos idosos com deficiência nutricional.
A pesquisa foi realizada por alunos do 9º ano do Colégio UNIFEMM, de Sete Lagoas, entre os meses de abril e junho de 2018 visando amenizar o desperdício e a deficiência nutricional dos idosos.
A superfarinha é feita a partir de frutas, legumes e verduras (tomate, maçã, laranja, pêra, banana, couve-flor e repolho), podendo substituir a farinha de trigo na produção de bolos e biscoitos. “Os alunos ficaram incomodados com esse desperdício e com o apoio de uma nutricionista, identificaram alimentos fundamentais para a reposição nutricional dos idosos. Esses alimentos foram doados pelos sacolões da cidade, desidratados e processados no Laboratório Dietético do Colégio”, explicou Eduardo Teixeira, professor de Geografia.
Projeto Tinta sustentável: Tinta de Terra
Professora orientadora: Raquel Helena Alves Campos
Todo início de ano letivo, Raquel Helena Alves Campos, professora de Química da Escola Estadual Newton Ferreira de Paiva, em Santo Antônio do Amparo, MG, propõe aos alunos que desenvolvam projetos de Iniciação Cientifica para participação em Feiras de Ciências, Tecnologia, Educação e Cultura. O projeto interdisciplinar da área de Ciências Exatas e da Terra denominado Tinta de Terra desenvolveu uma tinta ecológica e sustentável que polui bem menos que as outras já existentes, mais acessível, sem trazer qualquer risco para a saúde e ao meio ambiente.
Obteve-se uma tinta realmente natural, com uma grande variedade de cores, que permite que a parede respire, garantindo um controle de umidade do ar. Ela não desbota quando em contado com água e pode ser usada em paredes internas e externas. Os resultados foram muito satisfatórios. Tem cores vibrantes; ao ser aplicada não libera odor forte ou gases tóxicos; possui fácil aplicação (tanto pincel quanto rolo); não demora a secar; adere fácil a qualquer uma das superfícies aplicadas: papel, madeira ou parede; não desbota em contato com água ou quando exposta ao sol.
Participaram os alunos Thalissa Aparecida Pacheco Santos e Lucas Henrique Pereira (3º ano do Ensino Médio em 2017) e Taynara Aparecida Borges (2º ano do Ensino Médio em 2017).
Projeto Diário 51
Professora orientadora: Edileuza Oliveira Bárbara
Se o jogo da Baleia Azul dá 50 motivos para a desistência da vida, o Diário 51 dá mil passos para que o indivíduo busque ajuda e vença a batalha em favor da vida e contra o ato de suicídio. Ele é um aplicativo desenvolvido por estudantes da Escola Estadual Padre Alfredo Kobal, em Caputira, município mineiro com menos de 10 mil habitantes.
Segundo a professora Edileuza Oliveira Bárbara, o projeto é interdisciplinar, envolvendo Matemática, Ciências, Biologia, Física e Química. “Aplicamos um questionário com jovens de 13 a 16 anos dos três turnos da escola, preservando o anonimato dos dados dos respondentes. Buscávamos identificar possibilidades de tendências suicidas na cidade. A partir daí e em contato com uma equipe multidisciplinar dos serviços de saúde, articulamos médica, enfermeiro, pedagoga, assistente social, psicólogo, estudante de medicina e um membro da liga acadêmica de psiquiatria de Manhuaçu MG. Em conjunto desenvolvemos um protótipo utilizando a linguagem Java, que permite uma espécie de atendimento clínico, onde é possível “consultar” um profissional e obter ajuda sem a presença física. Os questionários demonstraram que essa é uma opção bem mais confortável para 60% das pessoas que precisam de ajuda e essa mesma porcentagem, revelou que geralmente não procuraria ajuda por receio ou vergonha”, explica.
Projeto Nutry Saúde: Tecnologia, alimentação e saúde
Professora orientadora: Daniela de Oliveira Lage
O Nutry Saúde é um aplicativo Android desenvolvido por estudantes do curso Técnico de Informática da Utramig, em Nova Lima, como conta Daniela de Oliveira Lage, coordenadora do curso. “Desenvolvemos um aplicativo Android, acompanhado por uma “geladeira inteligente” criado para ajudar no controle alimentar. Com esse aplicativo nosso desejo é contribuir para que o país alcance algumas metas vinculadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU). O projeto envolve tecnologias emergentes como Internet das Coisas que conecta pessoas com objetos e é interdisciplinar”, detalhou a professora.
Projeto de Inserção das Transexuais/Travestis no mercado de trabalho em Campanha – MG
Professor orientador: Hygor Mesquita Faria
O projeto trata da inserção das pessoas trans no mercado de trabalho na cidade de Campanha – MG. Os estudantes fizeram revisão bibliográfica sobre o tema e pesquisa de campo para a extração de dados quantitativos e qualitativos.
A vida das pessoas trans no Brasil é marcada por discriminação e preconceitos. No mercado de trabalho isso não é diferente, poucas são as pessoas trans que conseguem ingressar no mercado formal de emprego, construir uma carreira profissional ou se destacar no mundo dos negócios. Partindo dessa ideia da importância do mercado de trabalho na vida das pessoas, o artigo analisou a inserção das pessoas trans no mercado de trabalho no Brasil.
O professor de Filosofia e Sociologia Hygor Mesquita criou um núcleo de pesquisa e iniciação cientifica com objetivo de incentivar a pesquisa durante o ensino médio e o aluno Luan Ximenes abordou o interesse em trabalhar com as problemáticas que envolvem as questões trans. O professor, através do núcleo, construiu com o aluno a estrutura da pesquisa.
Projeto que resultou em Lei Municipal após descoberta em pesquisa alimentar na escola
Professora orientadora: Rosilane Marini Martins Costa
Pesquisa sobre hábitos alimentares e doenças dos familiares de estudantes foi realizada em 2018 por alunos de oitavo ano da Escola Estadual Américo Lopes de Eugenópolis. Com a descoberta de vários casos de jovens estudantes com sobrepeso, o que pode acarretar problemas de saúde, os alunos propuseram algumas intervenções como o projeto de lei para criação de hortas comunitárias.