Estudo longitudinal mostra que racismo está na base das desigualdades em saúde

Elsa-Brasil, que tem a UFMG como um de seus centros regionais, reúne evidências geradas nos últimos 15 anos

O Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa-Brasil), o maior levantamento sobre doenças crônicas não transmissíveis do país, publicou, nesta segunda-feira, dia 20,  edição de seu boletim dedicada ao Dia da Consciência Negra. Os dados revelam desigualdades em indicadores de saúde e qualidade de vida. O Elsa-Brasil reúne mais de 15 mil voluntários, e a Faculdade de Medicina da UFMG é a sede de um dos seus centros regionais.

No Elsa, a raça/cor é autodeclarada pelos participantes com base em categorias utilizadas no Censo Demográfico Brasileiro conduzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população negra é formada por pardos e pretos.

O estudo reconhece o racismo como uma das causas fundamentais das desigualdades em saúde. Neste boletim, o Elsa reúne evidências produzidas ao longo de 15 anos de estudo. Análises interseccionais de raça/cor e gênero mostram que as mulheres pretas são as que mais adoecem, enquanto homens pretos e pardos correm mais risco de morrer na comparação com seus pares brancos.

Negros e negras adoecidos
Os resultados revelam que, quando se iniciou o acompanhamento no Elsa, de 2008 a 2010, para cada pessoa branca que convivia com seis ou mais condições crônicas, havia aproximadamente 13 pessoas pardas e 15 pessoas pretas na mesma situação.

Pretos eram os que mais sofriam com a hipertensão (48%), com o diabetes (27%) e com a doença renal crônica (11%); quase um terço desse grupo reunia pessoas com obesidade. Pardos vinham logo na sequência, com 23% do grupo com hipertensão, 20% com diabetes, 9% com doença renal e 23% com obesidade.

As pesquisas também revelaram que as mulheres pretas eram as mais adoecidas por múltiplas condições no início do estudo. Cerca de 10% das mulheres pretas conviviam com seis ou mais doenças crônicas na gênese do levantamento. Além disso, 40% delas conviviam com transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão, e 35% com obesidade.

Assessoria de Imprensa UFMG

Fonte

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG

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