Estudo UFMG: 45% das secretarias de educação do Brasil estão parcialmente estruturadas para gerir casos de violência, racismo e bullying
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Um estudo inédito desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa em Desigualdades Escolares (Nupede) da UFMG avaliou 196 secretarias estaduais e municipais de educação nas cinco regiões do país e concluiu que quase metade delas estão somente “parcialmente estruturadas” para gerir o clima e a convivência no ambiente escolar, considerando questões de equidade de gênero e raça. Isso significa que 89 pastas (45,7%) possuem algumas iniciativas voltadas para questões como violência, bullying e racismo, mas ainda não estão no nível máximo (“muito estruturado”) – patamar atingido por apenas oito redes (4,1%). 17,3% delas, que correspondem a 34 secretarias, estão em um grupo intermediário, classificado como “estruturado”.
Os dados são da pesquisa Gestão das redes de ensino e clima escolar: mapeamento das ações e uma proposta de matriz avaliativa sensível à equidade, desenvolvida pelo Nupede sob a coordenação das professoras Flavia Pereira Xavier e Valéria Cristina de Oliveira. A iniciativa teve o apoio do Programa de Fomento à Pesquisa Aplicada do Centro Lemann, edital aberto em 2022, que selecionou seis grupos de pesquisa espalhados pelo País para produzir evidências que apoiem a tomada de decisão de lideranças educacionais e fortaleça a equidade na agenda de educação brasileira.
O estudo mapeou políticas e intervenções relacionadas à melhoria do clima escolar implementadas por secretarias estaduais e municipais de educação, entre os anos de 2022 e 2023. A pesquisa se baseou na revisão de artigos acadêmicos e na coleta de dados em uma amostra representativa do Brasil, com aplicação de questionários em 14 secretarias estaduais e 182 secretarias municipais de educação.
O produto final é uma matriz avaliativa com os critérios de classificação das práticas de gestão. Ela foi organizada em cinco dimensões: 1) estratégias de comunicação entre secretaria e escolas; 2) desenvolvimento de projetos orientados especificamente para a melhoria do clima; 3) ações para a administração do clima no cotidiano das escolas; 4) estabelecimento de parcerias; e 5) existência de orientações dessas ações para a equidade. Após análise dos resultados de cada uma das dimensões da gestão do clima escolar, as secretarias foram organizadas em cinco grupos: incipiente, pouco estruturado, parcialmente estruturado, estruturado e muito estruturado.
Os dados mostram que ainda são pouco desenvolvidas as estratégias de comunicação entre escolas e secretarias para a identificação, intervenção e monitoramento sobre situações que afetam o clima escolar. Apesar da grande frequência de secretarias que afirmam investir na formação continuada de docentes, poucas desenvolveram planos de convivência ou incluíram a questão do clima escolar em documentos como o Plano Político-Pedagógico.
“Identificamos a necessidade desse mapeamento uma vez que a violência e a convivência escolar são temáticas de interesse público. Políticas e estratégias que priorizem a inclusão, diversidade e equidade precisam ser priorizadas, para promover um ambiente seguro para as crianças, os jovens e os profissionais da educação”, esclarece Flávia Pereira Xavier, pesquisadora do Nupede/UFMG e coordenadora da pesquisa.
Confira mais informações e acesse o relatório completo no site do Nupede.