Estudo UFMG: escolha correta de antipsicóticos pode reduzir reinternações psiquiátricas

Pesquisa da Faculdade de Farmácia orienta decisões clínicas relacionadas a pacientes com transtornos mentais graves

Passados mais de 20 anos da chamada Reforma Psiquiátrica e do fechamento gradual dos manicômios no Brasil, instituídos pela Lei 10.216, de 2001 ‒ também conhecida como Lei Antimanicomial ‒, o estigma em torno das instituições que atendem pacientes com transtornos mentais graves persiste. A observação é do farmacêutico Ronaldo Portela, que concluiu doutorado no Programa de Pós-graduação em Medicamentos e Assistência Farmacêutica da Faculdade de Farmácia da UFMG. Em sua tese, ele analisou a relação entre reinternações psiquiátricas e o uso de medicamentos antipsicóticos no tratamento desses pacientes. 

Portela acompanhou 625 pessoas que receberam alta do principal hospital de referência para internação psiquiátrica da rede pública de saúde de Brasília, no Distrito Federal, no período de 2012 a 2017. Ele constatou que o tempo de permanência dos pacientes nos hospitais era curto, se comparado à média de outros países, com reinternações posteriores.

Associado ao período de reinternação, o pesquisador analisou o tipo de antipsicótico prescrito no tratamento, se era típico ou atípico. Ele explica que os antipsicóticos típicos foram os primeiros medicamentos usados para tratar pessoas com transtornos mentais, a partir da década de 1940. Os atípicos, por sua vez, começaram a ser usados por volta de 1990 e foram considerados um avanço, por serem mais efetivos.

Os antipsicóticos típicos foram os mais utilizados no tratamento de manutenção pós-alta, em 63% dos casos. Nesse grupo, o medicamento mais prescrito foi o haloperidol, recomendado em 54% dos casos. As análises mostraram acréscimo de 25% no risco de reinternação para pacientes que fizeram o tratamento com antipsicóticos típicos em relação aos que fizeram uso de antipsicóticos atípicos.

Em razão de efeitos colaterais, o acompanhamento dos pacientes tratados com antipsicóticos atípicos é mais complexo e exige a realização de exames laboratoriais periódicos. Os resultados da pesquisa contribuem para a decisão clínica em relação ao tipo de medicamento a ser prescrito e para a definição de políticas públicas de tratamento mais efetivas. 

Saiba mais no novo episódio do Aqui tem Ciência, programa da Rádio UFMG Educativa. Ouça aqui.

Raio-x da pesquisa

Título: Reinternações psiquiátricas e uso de antipsicóticos no tratamento de pacientes com transtornos mentais graves

O que é: Tese de doutorado que apresenta a análise da relação entre a ocorrência de reinternações psiquiátricas e o uso de diferentes medicamentos antipsicóticos no tratamento de 625 pacientes com transtorno mental grave atendidos no principal hospital psiquiátrico de Brasília (DF)

Programa de Pós-graduação: Medicamentos e Assistência Farmacêutica

Orientadora: Cristina Mariano Ruas

Ano de defesa: 2021

Aqui tem ciência

O episódio 140 do Aqui tem ciência encerra a terceira temporada do programa, que retorna com episódios inéditos a partir de março. A produção é de Laura Silva, com apresentação de Joabe Andrade, edição de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá.

O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa desenvolvido na Universidade. 

O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h. Durante o mês de fevereiro, a Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) veiculará alguns dos episódios mais baixados pelos ouvintes nas plataformas de podcast ao longo de 2022.

Assessoria de Imprensa UFMG

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