Estudo UFMG: Temperaturas elevadas são identificadas pela primeira vez no Cerrado durante o Pleistoceno
Pesquisadores da UFMG e da Ufop analisaram folhas fósseis preservadas oriundas de uma mina de fosfato em Goiás
A era glacial foi marcada apenas pelo frio? Nem sempre. Pesquisadores da UFMG e da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) conseguiram identificar, pela primeira vez, temperatura média do cerrado durante o Pleistoceno, em um intervalo glacial. Por meio da análise da margem de folhas fósseis encontradas em uma mina de fosfato em Goiás, os cientistas identificaram que a temperatura no período variou de 23ºC a 25ºC. O valor é superior do que a média atual anual na região, que, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, (INMET) é de 22.6ºC. O artigo foi publicado na edição de abril da revista Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology.
Resgatados no começo da década de 2010, os materiais preservados estão sob os cuidados do Laboratório de Paleontologia e Macroevolução (LPM), do Centro de Pesquisas Professor Manoel Teixeira da Costa (CPMTC), órgão complementar do Instituto de Geociências da UFMG. O trabalho foi desenvolvido pela doutoranda em Geologia Ambiental e Recursos Naturais da Ufop, Gabriela Pires Follador. A pesquisa foi orientada pelo coordenador e pesquisador do LPM, Jonathas Bittencourt, e pelas professoras da Ufop Raquel Franco Cassino e Angélica Drummond Varajão.
Os geólogos dividem o tempo em eras. A idade de um fóssil é estimada por meio de análise da quantidade de Carbono 14 encontrada nele. As folhas fósseis do Laboratório de Paleontologia e Macroevolução da UFMG estudadas por Gabriela remontam ao Pleistoceno, marcado pelas formações glaciais por todo o planeta. Mas também houve tempos de aquecimento dentro dessa era, como o período analisado no artigo.
O dinamarquês Peter Lund (1801-1880) catalogou diversos espécimes de megafauna presentes no Brasil durante o Pleistoceno, incluindo o primeiro tigre-dente-de-sabre (em Lagoa Santa) e as preguiças-terrícolas-gigantes.
Paleontologia e macroevolução
Fundado em 2017, o Laboratório de Paleontologia e Macroevolução da UFMG conta com múltiplas linhas de pesquisa, desde análises de pólens, microrganismos e invertebrados a mamíferos e dinossauros preservados. Jonathas Bittencourt lidera a equipe formada por pesquisadores e alunos de mestrado, doutorado e iniciação científica.
O trabalho de produção científica em paleontologia desenvolvido pelo Laboratório começa com as saídas a campo, em busca de sítios arqueológicos e resgates de fósseis, passa pela preservação dos espécimes, e, após extensa análise, pela divulgação científica. Acesse o site do Laboratório e conheça outros trabalhos, como a descoberta do mais antigo lagarto da América do Sul.
Saiba mais em vídeo produzido pela TV UFMG (equipe: Victor Hugo Rocha – produção; Marcia Botelho - edição de imagens; Jessika Viveiros - produção e edição de conteúdo):