Evento na Fale UFMG homenageia poeta mineiro Affonso Ávila
Na quarta-feira, dia 24 de outubro, a partir das 9h, o Auditório Professor Luiz Bicalho, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG, recebe as atividades da Jornada Affonso Ávila – 90 anos. O evento é em homenagem ao renomado poeta da cena vanguardista brasileira. Com entrada gratuita, a homenagem será composta por debates e premiações dos concursos de fotografia e de leitura de poemas realizado pela Faculdade de Letras (Fale) da UFMG. A celebração inclui, ainda, exposição sobre a vida e a obra de Ávila, que acontece até o dia 14 de novembro, no Centro de Memória da Fale UFMG. As faculdades ficam no campus Pampulha.
O objetivo do evento é chamar a atenção para o legado de Affonso Ávila, reconhecendo seu lugar na cultura brasileira. A organização é do pesquisador Kaio Carmona, da professora Myriam Ávila, filha do homenageado, e do professor Rômulo Monte Alto, ambos da Fale.
Na programação do dia 24 de outubro, que será aberta pela professora Maria Zilda Cury, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Fale UFMG, haverá duas mesas: a primeira discutirá os elementos afetivos e políticos relacionados à escrita de Affonso Ávila, e terá as palestras Resíduos a céu aberto, Memória histórico-afetiva do acervo Affonso Ávila e Escrita poética e ofício político no governo JK. Participam os professores Wander Melo Miranda, Cristina Ávila e Eneida Maria de Souza, com moderação de Leandro Rodrigues, diretor do Acervo de Escritores Mineiros da UFMG.
O professor Wander ressalta que poucas pessoas estudaram tão bem o Barroco. “Para seu encontro com os concretistas, Ávila levou sua experiência com esse estilo artístico. Ele incorporou essa tradição à poesia visual e retomou a plasticidade do Barroco no espaço da folha em branco”, afirma Wander, lembrando que uma das parcerias mais marcantes de Affonso Ávila com a UFMG foi a publicação da Revista Barroco.
A segunda mesa, por sua vez, versará sobre a produção artística de Affonso Ávila, com foco nas formas poéticas criadas por ele e na metodologia por trás dessa escrita. A discussão terá como base as palestras Affonso Ávila: dizer a mínima vida, A vida das formas poéticas: a estaticidade e a dinamicidade na obra do poeta-arquiteto Affonso Ávila e A poesia como método. Os convidados são os professores Rafael Lovisi Prado, Carla Tomasi e Kaio Carmona, cuja discussão será moderada pelo professor Rômulo Monte Alto.
Kaio Carmona destaca a capacidade de Ávila, tanto em seus estudos críticos quanto em sua poesia, de fazer dialogar a tradição e a vanguarda. “Em um trabalho intenso e transformador, ele promoveu constante experimentação linguística. Seu leitor percebe um poeta atento às mudanças sociais, históricas e culturais”, afirma.
Após a segunda mesa, haverá narração do poema Cromo, por Myriam Ávila, além de apresentação oral dos poemas e exibição de fotografias selecionados por meio de concurso.
Sobre o poeta
Nascido em Belo Horizonte, no ano de 1928, Affonso Ávila construiu sua escrita voltando-se para a singularização do cotidiano nacional e mineiro. Seu primeiro livro, O açude e sonetos da descoberta, foi publicado em 1953, com destaque para a poesia descritiva voltada para a musicalidade da linguagem.
Ao lado da esposa Laís Corrêa de Araújo, o poeta fez parte da vanguarda poética brasileira do século XX, que valorizava o lado estético em conjunto com uma postura crítica observada em poemas a partir dos anos 60.
Em 1965 organizou, a pedido de Orlando de Carvalho, então reitor da UFMG, a Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, evento que visava a junção entre as experimentações estéticas e uma intervenção crítica na realidade, em defesa da quebra de padrões, e do qual participaram diversos integrantes do movimento da Poesia Concreta.