Evento na UFMG chama a atenção para as múltiplas formas de violência no futebol
Trazer à tona a homofobia, o racismo, o machismo e outras violências praticadas no futebol e promover reflexões para subsidiar novas políticas que assegurem direitos no esporte. Esse objetivo permeia a programação do 3º Simpósio Internacional Futebol, Linguagem, Artes, Cultura e Lazer e 2º Seminário Futebol nas Gerais que irá reunir, no campus Pampulha, de 13 a 15 de setembro, pesquisadores da UFMG e de outras universidades, jornalistas e representantes de entidades ligadas ao esporte. Inscrições de ouvintes e mais informações estão disponíveis na página do evento. Submissão de trabalhos deve ser feita pelo e-mail simposiofutebolufmg@gmail.com
Para um dos organizadores do evento, o professor Silvio Ricardo da Silva, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia ocupacional da UFMG (EEFFTO), a Universidade cumpre importante papel ao discutir essas questões por um viés científico. Em sua opinião, “muito se fala da violência explícita, mas são pouco debatidas outras agressões, sobretudo as que cerceiam certos grupos, como o público LGBT. O pesquisador salienta que as violências veladas trazem grande prejuízo não só para essas comunidades, mas para toda a sociedade, uma vez que ferem a democracia e os direitos humanos”.
A pesquisadora do Grupo de Estudos sobre Futebol e Torcidas (GEFuT) da UFMG, Marina de Mattos Dantas, salienta que a violência como tema central de um evento sobre futebol atesta o quanto a questão ganhou visibilidade e necessita ser discutida, de modo a contestar situações que anteriormente eram silenciosas e invisíveis. Mulheres jogadoras, cobertura esportiva do futebol feminino e mulheres nos estádios são objetos de pesquisas que serão abordadas no evento.
De acordo com o coordenador do GEFuT, Silvio Ricardo, o futebol apresenta-se como instrumento de inclusão e exclusão. O esporte pode ajudar a eliminar os discursos de ódio, defende o professor, lembrando o recente caso da seleção francesa de futebol, que, na última Copa do Mundo, sagrou-se campeã com um time formado em grande parte por imigrados ou filhos deles. “Notadamente, a questão da França fez pensar mundialmente a situação dos imigrantes”.
A conferência de abertura do evento será proferida pelo professor José Garriga Zucal, da Universidade Nacional de San Martín (Argentina), que desenvolve pesquisas sobre o tema futebol no seu país. Como destaca o professor Silvio Ricardo as várias formas de violência manifestadas no esporte não são características apenas da sociedade brasileira.
Após o evento, será produzida uma carta aberta com o objetivo de levar para a sociedade, sobretudo para federações esportivas, clubes, entidades científicas, sociais e políticas, as conclusões obtidas no Simpósio. A ideia, conforme Silvio Ricardo, é fazer circular as proposições construídas, a fim de proporcionar novos diálogos e subsidiar novas políticas que garantam a execução de direitos no esporte.
O 3º Simpósio Internacional Futebol, Linguagem, Artes, Cultura e Lazer e 2º Seminário Futebol nas Gerais é promovido pelo GEFuT, em parceria com o Núcleo de Estudos sobre Futebol, Linguística e Artes (FuLiA).