Ex-aluno João Batista Drumond, morto pela ditadura em 1976, será homenageado na UFMG
Evento nesta sexta-feira integra a Semana da Anistia, do MDHC; ele foi assassinado no DOI-Codi de São Paulo, em 1976
A Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG sediará, nesta sexta-feira, dia 1º de setembro, uma cerimônia em homenagem ao ex-aluno João Batista Franco Drumond. Ele foi preso e assassinado nas dependências do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), órgão da ditadura militar. O episódio, que ficou conhecido como Chacina da Lapa, vitimou outros militantes e integrantes de partidos políticos que faziam resistência ao regime militar.
O evento, que terá início às 11h, no auditório Professor Rodrigo Ferreira Simões da Face, campus Pampulha, integra a Semana da Anistia, organizada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC).
Estarão presentes o assessor especial de Defesa da Democracia, Memória e Verdade do MDCH, Nilmário Miranda, e a viúva do homenageado, Maria Ester Cristelli Drumond, além de dirigentes da UFMG e outras autoridades. Uma placa em homenagem ao estudante será descerrada. João Batista Franco Drumond dá nome ao Diretório Acadêmico (DA) da Face e foi homenageado postumamente, em 2008, com a Medalha de Honra da UFMG.
Militância
Nascido em 1942, em Varginha, João Drumond estudou Economia na UFMG de 1961 a 1966. Antes de se tornar ativista e dirigente do PCdoB, ele presidiu o Diretório Acadêmico da UFMG (1964-1965) e foi um dos organizadores do 27º e do 28º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Integrou também a Ação Popular (AP), a partir de 1963, a Ação Popular Marxista-Leninista (APML), em 1969, e o Comitê Político, em 1971.
Julgado pela Justiça Militar, João Batista Franco Drumond teve seus direitos políticos cassados e foi condenado a 14 anos de prisão. No dia 15 de dezembro de 1976, ele foi preso após sair de uma reunião do PCdoB, na região da Lapa, em São Paulo.
Os relatos sobre sua morte eram contraditórios. Confronto com agentes dos órgãos de segurança, tiroteio e atropelamento foram causas indicadas por diferentes órgãos de Estado. Em 1993, a família de João Batista moveu uma ação contra a União e, após análise dos documentos, a Justiça Federal reconheceu que Drumond faleceu na sede do DOI-Codi, em 16 de dezembro de 1976. A decisão foi a primeira a atribuir responsabilidade aos agentes da ditadura pela chamada Chacina da Lapa.