Exposição no Centro Cultural UFMG aborda Zonas de Autossalvamento nos arredores das barragens de mineração
O Centro Cultural UFMG convida para a abertura da exposição individual ZAS, da escultora, ceramista e artista plástica mineira Neide Pimenta. A mostra reúne peças em cerâmica, pinturas sobre tecido, vídeo projeção e placas de sinalização, evidenciando a violência da mineração e o movimento de suas barragens. O evento acontece hoje, 16 de agosto, às 19h. Na ocasião, haverá uma apresentação da cantora lírica Ana Clara Sepúlveda e do pianista Rafael Oliveira. As obras poderão ser vistas até 22 de setembro. A entrada é gratuita e tem classificação livre.
Vulnerabilidade ambiental como temática
O nome dado por Neide Pimenta à sua atual exposição diz respeito ao estado de espírito de quem se sente constantemente ameaçado pelo rompimento de uma barragem de mineração. A artista vive há 30 anos em Nova Lima, Minas Gerais, nas proximidades de uma Zona de Autossalvamento, também conhecida como ZAS, área localizada logo abaixo de uma barragem que, em caso de ruptura, pode ser atingida e inundada por rejeitos em minutos.
É nesse contexto de vulnerabilidade, vivenciado pela ameaça da “lama invisível” - termo usado para explicar a incerteza sobre o possível rompimento da barragem -, que a artista uniu forças para se expressar. Em suas produções, Neide trabalha com materiais da região para criar as peças em cerâmica, manuseando argila e manganês, além de utilizar pigmentos extraídos da própria terra e instrumentos empregados em empresas de mineração para pintar as telas, encontrando traços e texturas por intermédio das peneiras metálicas.
O professor João Guilherme Dayrell (UFRGS), ao descrever as criações de Neide Pimenta, diz que “o contato direto com a terra por meio da interação com a argila atravessa toda sua obra, no entanto, agora temos, numa série de frotagens, imagens oriundas da fricção com telas de mineradora”. Ele ainda enfatiza que “a violência da mineração e o rompimento de suas precárias barragens, que fazem da terra um violento redemoinho sumidouro de plantas, animais e vilarejos inteiros, de um lado, e, de outro, uma abstração inédita se matiza nas imagens que, dispostas numa superfície, alçam voo, desprendendo-se da matéria, instigando a imaginação”.
“O caos da mineração não seria ensejo para nos reinventarmos enquanto civilização?” Fica o questionamento de Dayrell para os visitantes da mostra.
Sobre a artista
Natural de Governador Valadares, Neide Pimenta é artista plástica, ceramista e escultora, com uma longa convivência pelo mundo das artes. Estudou cinema, fez teatro e atualmente é pesquisadora no campo da arte contemporânea. Em 1966 iniciou seus estudos na pintura e no desenho com o mestre Aníbal Mattos. Em 2003 começou a frequentar o Atelier do Jambreiro, em Nova Lima (MG), escola de arte fundada por Sara Ávila, ex-diretora da Escola Guignard, onde conheceu a cerâmica, técnica que se especializou sob a orientação de Adel Souki, referência nacional no assunto. Desde 2005 expõe seus trabalhos em mostras coletivas e individuais, com destaque para Sumidouro, que lhe rendeu o primeiro lugar no Prêmio Artes Visuais de Nova Lima, em 2022. É membro do Grupo de Pesquisa da Cultura do Barro (UFMG), integrante do Grupo de Acompanhamento ESPAI (orientação de Nydia Negromonte e Marcelo Drummond) e diretora do atelier de cerâmica O Grão do Barro.
Serviço:
Exposição ZAS – Neide Pimenta
Abertura: 16 de agosto | às 19h
Visitação: até o dia 22 de setembro
Terças a sextas: 9h às 20h
Sábados, domingos e feriados: 9h às 17h
Sala Celso Renato de Lima do Centro Cultural UFMG (av. Santos Dumont, 174 - Centro - BH | MG)
Classificação indicativa: livre
Entrada gratuita