Festival de Verão UFMG apresenta ciclo de debates
Convidados vão abordar ocupações urbanas, refugiados e vivência trans na universidade
Antenado com as discussões latentes ao mundo contemporâneo, o 13º Festival de Verão UFMG, a ser realizado entre 11 e 14 de fevereiro, apresentará um ciclo de debates sobre questões caras às sociedades do mundo inteiro: experiências de refugiados fora de seus países, vivência trans na universidade e a luta das ocupações urbanas.
Os debates, com classificação etária entre 16 e 18 anos, acontecerão no miniauditório do Conservatório UFMG (Avenida Afonso Pena, 1.534, Centro), entre 10h e 12h. A entrada é gratuita, sujeita à lotação do espaço. Os interessados em retirar certificado devem fazer inscrição prévia pelo site www.ufmg.br/festivaldeverao.
No dia 11, a partir do tema “Populações de Rua, Ocupações, Arte e Cultura”, o público será convidado a analisar a interseccionalidade entre relações de gênero e a realidade habitacional do Brasil. A conversa é conduzida por Cristina Tolentino, do Movimento de Mulheres Olga Benário, e Leonardo Péricles, integrante da Coordenação Nacional do Movimento de Luta nos Bairros e Favelas (MLB).
Para Leonardo, o fato de a maioria das ocupações urbanas no país serem lideradas por mulheres, torna o debate de políticas habitacionais intrínseco às discussões de gênero. “São mais de 7 milhões de pessoas sem casa no Brasil. E na luta por moradia, por dignidade, as mulheres, que muitas vezes carregam a administração de suas casas sozinhas, cuidando da família e da organização do lar, têm um papel fundamental de liderarem ocupações urbanas e rurais, definir políticas e pautas prioritárias. Tudo isso numa sociedade extremamente machista”, diz Leonardo.
Na sequência, no dia 12, o debate “O Refugiado, Este Outro”, apresentado pelo acadêmico congolês Felix Kaputu, abordará os desafios para ressignificar vivências sócio-culturais em meio a guerras e catástrofes naturais.
Pesquisador residente da UFMG e Doutor em Estudos Interdisciplinares em Antropologia e em Literatura Inglesa Comparada, Kaputu está em Belo Horizonte desde 2017, acolhido pelo acordo entre a UFMG e a International Cities of Refuge Network (Icorn). O professor congolês foi obrigado a deixar seu país há 11 anos. Ele foi perseguido pelo governo, passou mais de quatro meses preso no Congo sem acusações formais e, em 2006, chegou a ser condenado a 30 anos de prisão. Atualmente, o Congo soma cinco milhões de refugiados ao redor do mundo — um cenário fruto dos conflitos étnicos e econômicos da região, intensificado pelo surto do vírus ebola no país, em 2018. A palestra será em inglês e haverá tradução simultânea para o português.
Fechando os debates, no dia 13, as conversas serão dedicadas à “Transvivência: diálogos sobre o direito à diferença na universidade”. A conversa terá relato de Samara Gabi Pimenta, servidora da UFMG desde 2004, que assumiu sua transexualidade em 2007 e até a presente data é a única servidora transmulher da universidade.
Ao lado dela estará o professor da Faculdade de Educação da UFMG (FaE), Paulo Henrique de Queiroz Nogueira, responsável pela pesquisa “A presença de pessoas trans na UFMG: perspectivas interpessoais e institucionais”, desenvolvida junto a pessoas trans na universidade. Segundo Paulo, as primeiras análises do estudo mostram como as relações interpessoais são fundamentais para o combate da transfobia na universidade.
“Existem diferentes percepções da transfobia vivenciada pelas pessoas; quanto mais próximos são os vínculos, menor a transfobia sofrida, porque a rede de relações pessoais acaba atenuando as perspectivas transfóbicas. Tem haver com acolhimento e pertencimento da pessoa trans à comunidade. O isolamento causa o efeito inverso. Então, o que temos notado é que é preciso fortalecer esses laços, inclusive com ações afirmativas e institucionais”, diz Paulo.
13º Festival de Verão da UFMG
Com o tema Desaplanando Horizontes, o 13º Festival de Verão da UFMG acontecerá de 11 a 14 de fevereiro no Centro Cultural UFMG, no Espaço do Conhecimento da UFMG e no Conservatório da UFMG, localizados na região centro-sul de Belo Horizonte. Além dos três espaços, haverá atividades ao ar livre no bairro Lagoinha, Praça da Liberdade e Viaduto Santa Tereza, todas gratuitas, como também eventos culturais, shows e debates.
Exposição
Durante todo o festival, a fachada digital do Espaço do Conhecimento UFMG (Praça da Liberdade, 700, Funcionários) vai propiciar um espetáculo à parte e, claro, gratuito. De segunda a domingo, entre 9h e 23h, a exposição “O Canto dos Saberes Tradicionais”, com curadoria de Pedro Aspahan, irá projetar um universo rico de vozes, cores e imagens que refletem a sabedoria de mestras e mestres afrodescendentes, indígenas, quilombolas, de terreiros e da terra.
Oficinas
As inscrições vão até 10 de fevereiro para 13 oficinas educacionais e artísticas pelo site do Festival. Nos dias 11 e 12 de fevereiro, caso ainda haja vagas, interessados poderão se inscrever presencialmente na secretaria do Festival, situada no Conservatório da UFMG. Todas as oficinas serão oferecidas a preços populares, entre R$ 10 e R$ 30, e são abertas ao público.
Locais de realização do Festival:
Centro Cultural UFMG – Av. Santos Dumont, 174 - Centro
Conservatório UFMG – Av. Afonso Pena, 1534 – Centro
Espaço do Conhecimento UFMG – Praça da Liberdade, 700 - Funcionários
E atividades ao ar livre no bairro Lagoinha, Praça da Liberdade e Viaduto Santa Tereza