Filarmônica de Minas Gerais faz apresentação em comemoração aos 90 anos da UFMG

Dentro da série UFMG, 90: muitas culturas, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais fará concerto gratuito dia 13 de junho, terça-feira, às 18h30, no gramado da Reitoria do campus UFMG Pampulha. Em setembro a UFMG completa 90 anos e a apresentação da Filarmônica integra o calendário de eventos de aniversário. O concerto integra a série Clássicos na Praça com as obras Uma noite no Monte Calvo, de Mussorgsky; Orfeu no Inferno: Abertura, de Offenbach; Dança Macabra, de Saint-Saëns e O Aprendiz de Feiticeiro, de Dukas.

Criada pelo Governo do Estado e gerida pela sociedade civil, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais fez seu primeiro concerto em 21 de fevereiro de 2008. Ela nasceu com o compromisso de ser uma orquestra de excelência, cujo planejamento envolve concertos de série, programas educacionais, circulação e produção de conteúdos para a disseminação do repertório sinfônico brasileiro e universal.

Tem 90 músicos, já foi ouvida por 820 mil pessoas ao vivo e fez 641 concertos com execução de 835 obras de 242 compositores brasileiros e estrangeiros. 93 concertos foram realizados no interior de Minas Gerais e outros 27 em diversas cidades brasileiras, além de cinco concertos em cidades da Argentina e Uruguai. Foram lançados seis álbuns musicais, sendo três deles internacionais

Uma noite no Monte Calvo, Mussorgsky (Rússia, 1839-1881)

As obras orquestrais de Modest Mussorgsky compõem-se de pouco menos de dez títulos. Neste concerto, o público irá desfrutar de Uma noite no Monte Calvo, na versão de outro compositor russo, Rimsky-Korsakov. Por que uma versão e não o original? Faz-se necessário voltar a 1867. A Rússia está em ebulição pré-revolucionária, quando surge o Grupo dos Cinco: dois jovens oficiais (César Cui e Modest Mussorgsky), um aluno da Escola Naval (Rimsky-Korsakov), Balakirev (o único músico profissional) e um assistente de química da Academia de Medicina (Alexandre Borodin). Trabalhando sem cessar, o grupo fez a revolução antes mesmo de Lenin…

Dos cinco, o mais revolucionário foi Modest Mussorgsky. Com sua tarefa de restaurar a cultura tradicional das raízes da música russa para sua divulgação em formas modernas, o acervo de Mussorgsky acabou ficando desorganizado, cheia de esboços não concluídos e, mesmo em manuscritos mais completos, com diversas passagens pouco claras. Não fora o grande e cuidadoso empenho de Rimsky-Korsakov em resgatar, revisar e publicar a sua obra, após sua morte, a maior parte da música de Mussorgksy hoje estaria perdida.

Orfeu no Inferno: Abertura, Offenbach (Alemanha, 1819 – França, 1880)

Conta a lenda que Orfeu foi o melhor músico que já pisou na terra. Com o poder da música, domou animais selvagens, fez com que as árvores o seguissem e despertou a natureza inanimada para a vida e o arrebatamento. Ele tocou tão divinamente a lira que toda a natureza parou para ouvir sua música. Quando sua amadíssima esposa, Eurídice, morreu, foi buscá-la no Hades, e a força de sua lágrima suavizou até o severo deus dos mortos... Mas, a versão de Jacques Offenbach para Orfeu no Inferno é de outra ordem.

Escrita como ópera burlesca, transformou-se em uma sátira na qual Orfeu e Eurídice não fazem uma típica vida de casal, estão cansados um do outro e, por isso, já nenhum deles é fiel aos votos do matrimônio. Enquanto Orfeu se encanta com as suas belas alunas, Eurídice jura amor a Aristeu. Depois de descoberta a traição e em prol da sua imagem, Orfeu prepara a morte do amante da mulher e esta corre para lhe contar os planos do marido... Aristeu (na verdade, é Plutão disfarçado) atrai Eurídice e toma o mesmo veneno que ela, em nome do amor. Ela morre e é conduzida por Aristeu/Plutão para o inferno. Orfeu fica feliz com a morte da mulher, mas, para seu infortúnio, a opinião pública exige-lhe que a vá salvar. A reviravolta temática engendrada por Offenbach possibilitou o surgimento do tema que tornou o compositor e esta ópera dignos de notoriedade internacional: o Can-Can.  

Dança Macabra, Saint-Saëns (França, 1835 – Argélia, 1921)

A composição de Dança Macabra, de Camille Saint-Saëns, é baseada em um poema de Henri Cazalis sobre uma velha superstição francesa na qual a Morte aparece todo ano à meia-noite do Halloween. “Hallow” é um termo antigo para “santo” e “eve” é o mesmo que “véspera”. O termo designava, até o século XVI, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro. A título de curiosidade, foi no século VIII que o papa Gregório 3º mudou a data do Dia de Todos os Santos, de 13 de maio – a data do festival romano dos mortos – para 1º de novembro, a data do festival celta de Samhain (fim do verão).

Mas, aqui no Brasil, ainda estamos no meio do ano e se há algo em comum, agora, são as fogueiras, muita comida e diversos rituais de adivinhação proporcionados pelas festas juninas. No mais, uma curiosa música que se inicia com uma harpa tocando uma única nota 12 vezes consecutivas – para expressar as batidas do relógio a indicar meia-noite. Entra um violino solo – representando a Morte – que então é substituído por uma flauta, acompanhada de orquestra. Os xilofones adicionam um toque especial à música, incorporando os sons dos ossos dos esqueletos chocando-se em sua dança. A música se intensifica, como a dança dos mortos, até que resta apenas, ao fim, um violino solo, representando os esqueletos voltando às suas tumbas ao amanhecer.

O Aprendiz de Feiticeiro, Dukas (França, 1865 – 1935)

Enquanto jazem os mortos, é preciso reinventar a vida. E é assim que chegamos ao Aprendiz de Feiticeiro, de Paul Dukas. Decidido a compor um poema sinfônico, Dukas escolheu, como programa literário, a balada de Goethe Der Zauberlehrling, escrita em forma de monólogo: — “Enfim o velho mestre se ausentou! Agora vou eu também conduzir os Espíritos!”. O aprendiz pronuncia a fórmula mágica, ordenando à vassoura que vá ao rio buscar água e lave a casa. Mas ele esqueceu a palavra para interromper o trabalho da vassoura, e a água ameaça fazer submergir a casa.

Com a volta do Mestre Feiticeiro, tudo termina bem. Composta em 1897, a obra ganhou o título de L’Apprenti sorcier – Scherzo Symphonique d’après une ballade de Goethe e ficou mundialmente conhecida ao ser incluída no filme Fantasia (1940), de Walt Disney, com Mickey Mouse no papel do aprendiz.

O maestro Marcos Arakaki

Marcos Arakaki é Regente Associado da Filarmônica de Minas Gerais e colabora com a Orquestra desde 2011. Sua trajetória artística é marcada por prêmios como o do 1º Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes 2001 e o Prêmio Camargo Guarnieri 2009, ambos como primeiro colocado. Foi também semifinalista no 3º Concurso Internacional Eduardo Mata, realizado na Cidade do México em 2007.

O regente tem dirigido outras importantes orquestras tanto no Brasil como no exterior. Estão entre elas as orquestras sinfônicas Brasileira (OSB), do Estado de São Paulo (Osesp), do Teatro Nacional Claudio Santoro, do Paraná, de Campinas, do Espírito Santo, da Paraíba, da Universidade de São Paulo, a Filarmônica de Goiás, Petrobras Sinfônica, Orquestra Experimental de Repertório, orquestras de Câmara da Cidade de Curitiba e da Osesp, Camerata Fukuda, dentre outras. No exterior, dirigiu as orquestras Filarmônica de Buenos Aires, Sinfônica de Xalapa, Filarmônica da Universidade Autônoma do México, Kharkiv Philharmonic da Ucrânia e a Boshlav Martinu Philharmonic da República Tcheca.

Marcos Arakaki foi regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira e regente titular da OSB Jovem e da Orquestra Sinfônica da Paraíba. Natural de São Paulo, Marcos Arakaki é Bacharel em Música pela Universidade Estadual Paulista e Mestre em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts, Estados Unidos. Recebeu orientações de David Zinman na American Academy of Conducting at Aspen e participou de masterclasses com os maestros Kurt Masur, Charles Dutoit e Sir Neville Marriner.

Nos últimos dez anos, Marcos Arakaki tem contribuído de forma decisiva para a formação de novas plateias, por meio de apresentações didáticas, bem como para a difusão da música de concertos através de turnês a mais de setenta cidades brasileiras. Atua, ainda, como coordenador pedagógico, professor e palestrante em diversos projetos culturais, instituições musicais, universidades e conservatórios de vários estados brasileiros.

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Serviço

Filarmônica de Minas Gerais faz apresentação em comemoração aos 90 anos da UFMG

Dia 13 de junho de 2017

18h30

Reitoria da UFMG, gramado - campus Pampulha - Av. Antônio Carlos, 6.627 - Belo Horizonte