Grupo da UFMG reúne histórias e ilustrações de espécies do Parque Estadual do Rio Doce em álbum de figurinhas

Onça-pintada, tatu-canastra, jacaré-de-papo-amarelo. Esses e outros animais que vivem no Parque Estadual do Rio Doce (Perd), agora também podem ser encontrados em outro lugar: no álbum de figurinhas Tem Bicho no Parque?. O álbum, produzido por um grupo de pesquisadores, técnicos e alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), traz histórias e ilustrações de dez espécies nativas do Perd, primeira unidade de conservação legalmente criada em Minas Gerais e abrigo do maior remanescente de Mata Atlântica do estado.

A elaboração do material educativo faz parte do projeto de extensão De Minas para o mundo: Orgulho de viver no Parque Estadual do Rio Doce. A ideia da iniciativa nasceu em 2015, durante um trabalho de campo de Daniel Marchetti Maroneze, professor do Colégio Técnico (Coltec) da UFMG e um dos idealizadores do projeto. Na ocasião, ele ouviu do líder dos guarda-parques que, muitas vezes, a equipe tinha acesso limitado às pesquisas ali desenvolvidas e que tais resultados poderiam contribuir para desenvolver ações de sensibilização mais efetivas com os visitantes.  Os exemplares impressos do álbum de figurinhas são destinados ao público e às escolas de Educação Básica do entorno da unidade de conservação. Segundo Vanessa Cappelle, coidealizadora do projeto e técnica em Assuntos Educacionais da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da UFMG, a escolha do público se deu de forma estratégica, considerando o potencial das crianças de atuarem como multiplicadores desse conhecimento e sua capacidade de engajar a família no debate em prol da conservação da Mata Atlântica.

versão adaptada em formato e-book já está disponível, a fim de ampliar a divulgação para todos os interessados.

Escolha das espécies

A seleção das dez espécies citadas no álbum, algumas delas ameaçadas de extinção, foi feita a partir de consulta à equipe do parque. O levantamento considerou, entre outros, quais animais seriam mais atrativos para o público infantil. Paralelamente, foi desenvolvido um projeto de pesquisa voltado à biodiversidade por meio da revisão de literatura das espécies descritas no Perd desde a sua fundação. O estudo levou à escolha de mais duas espécies para integrar a obra, a pulga d'água e a mosca mapinguari uai.  

Construção em conjunto 

Um dos desafios deste projeto foi encontrar a linguagem adequada para o público pretendido. Segundo Vanessa, a linguagem escolhida convida a criança a se engajar com a causa da conservação por meio de um texto mais poético e animado, como se o próprio animal contasse sua história. “Queríamos algo mais próximo deste universo literário e que atraísse mais a atenção das crianças pela historinha", explica.

A fase de pesquisa e a primeira versão do texto envolveu estudantes do Coltec, além de bolsistas e voluntários dos cursos de Ciências Biológicas e Ciências Socioambientais. Já o trabalho de ilustração foi feito por Bruno Assis Fonseca, baseando-se em uma pesquisa de referências com base em fotos tiradas no próprio parque, com o objetivo de tornar as representações bem próximas aos habitats das espécies citadas.

Profissionais da educação em ciências com experiência prévia em trabalhos com o público infantil e cientistas que desenvolvem pesquisas no Perd foram convidados a contribuir com críticas e sugestões. Eles também auxiliaram com a atualização dos dados das espécies representadas. “Foi uma fase muito rica de trabalho porque todos receberam um convite para fazer a leitura e trocar ideias. Eles fizeram isso com muita satisfação, se engajaram e responderam os e-mails prontamente”, relembra a coidealizadora do projeto. “Foi uma porta para novas parcerias como, por exemplo, com o pessoal do Projeto Tatu Canastra, que monitora a população de Tatus do Parque.”  

Perspectivas

Vanessa conta que o álbum já estava impresso desde o ano passado, mas que, devido às medidas restritivas impostas pela pandemia de covid-19, a distribuição dos exemplares foi adiada. A previsão é que isso aconteça agora. “Estamos em contato com o pessoal do parque para nos indicar e articular uma escola parceira do entorno para podermos fazer a entregar”, explica.    

“Tem sido muito bom o retorno sobre o álbum. Colegas professores perguntam como podem acessar ou imprimir”. Vanessa revela que tem conversado com o ilustrador Bruno Fonseca para imaginar adaptações que possam suprir estas demandas.  

A coidealizadora do projeto também relata que assim que a versão digital ficou pronta foi imediatamente enviada à equipe do parque. “O pessoal se reconheceu nesse material, especialmente aqueles que participaram na proposição de quais bichos entrariam, e no próprio contexto das imagens do parque.”  

Dentre os próximos passos, a equipe do projeto espera desenvolver junto aos professores formas possíveis de trabalhar este material em sala de aula. A equipe de extensão ainda pensa em desenvolver fichas, destinada às crianças, com informações voltadas à biologia das espécies.

O projeto obteve financiamento via edital de produtos extensionistas destinados à educação básica e profissional pública da Proex-UFMG.

Com informações da Assessoria de Comunicação Social da Fapemig

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG