Atualmente, 50 estudos clínicos são conduzidos pela equipe do HC-UFMG/Ebserh

A pesquisa, o desenvolvimento e a regulamentação de uma nova tecnologia de saúde, como um medicamento ou um dispositivo de saúde, é um processo longo e rigoroso que envolve diversas etapas, entre elas os ensaios clínicos, estudos sistemáticos envolvendo seres humanos com o objetivo avaliar a segurança e eficácia do produto investigado. No Hospital das Clínicas (HC) da UFMG/Ebserh, essas pesquisas são realizadas no Centro de Pesquisas Clínicas (CPC), que atualmente conduz cerca de 50 pesquisas em diversas áreas da saúde. 

Uma delas é um estudo multicêntrico com terapia gênica em crianças, o primeiro do tipo no HC. Trata-se de um tratamento baseado na introdução de genes sadios, com uso de técnicas de DNA recombinante, em pacientes pediátricos da América Latina e Canadá com atrofia muscular espinhal (AME). “É um grande desafio”, disse o pneumologista e coordenador do CPC, Ricardo Amorim. O estudo está sendo conduzido pela professora Juliana Gurgel Giannetti (pesquisadora responsável).

Todas as pesquisas que envolvem seres humanos precisam da apreciação de um comitê de ética em pesquisa. Além disso, devem ser conduzidas de acordo com as normas das Boas Práticas Clínicas (BPC), um conjunto de normas e orientações éticas e científicas para condução e divulgação de resultados de estudos clínicos, o que garante a segurança e a precisão dos dados e resultados relatados. Desde que foi criado, em 2007, o CPC passou a sistematizar e centralizar os estudos desenvolvidos no âmbito do HC-UFMG. 

Segundo explica Ricardo Amorim, isso contribui para evitar a dispersão de recursos financeiros e a perda do controle dos critérios de segurança dos estudos. “A área de pesquisa é uma das mais auditadas. Há controles regulatórios, de segurança dos pacientes, dos produtos, dos processos. Todos os eventos adversos com o voluntário durante um ensaio clínico precisam ser relatados”, enfatizou.

O CPC

O Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital das Clínicas da UFMG é atualmente referência em pesquisas clínicas e um dos centros mais avançados do país. Colaboradores especializados auxiliam os pesquisadores desde a etapa regulatória à coleta e processamento de amostras biológicas. A unidade conta com espaços específicos dedicados à execução dos projetos, incluindo farmácia própria, área de coleta, guarda, processamento e envio de amostras biológicas para laboratórios internacionais, além de consultórios desvinculados da área de assistência. 

O CPC tem capacidade para realizar todas as fases da pesquisa clínica, mas grande parte dos estudos em andamento é de fase 3, etapa em que a tecnologia de saúde vai ser testada em larga escala. Esses ensaios são patrocinados, em sua maioria, por institutos e órgãos nacionais e internacionais de fomento à pesquisa, como o National Institutes of Health - USA (NIH), a George Washington University, a University of California in San Francisco, o Ministério da Saúde, Fiotec (Fundação de apoio à Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), dentre outros. 

“São 15 anos de estrada, tempo em que fomos adquirindo experiência e credibilidade. Hoje, recebemos convites de patrocinadores de estudos de instituições privadas e públicas de todo o mundo. Acredito que, como centros de pesquisa, temos um papel fundamental na melhoria da saúde pública, por isso mesmo nosso trabalho é sempre pautado na ética e nas normas regulatórias nacionais e internacionais”, afirmou o coordenador do CPC, Ricardo Amorim.