Instituto de Ciências Agrárias da UFMG participa da Festa do Pequi
ICA realiza seminário para discutir o panorama da atividade na região e apresentar projetos e ações sobre o tema; feira reúne especialistas para
O Instituto de Ciências Agrárias (ICA) UFMG, campus regional em Montes Claros, está entre os organizadores do Seminário Meio Ambiente – Extrativismo: as possibilidades do Cerrado mineiro, que acontece no sábado, dia 2 de fevereiro, a partir das 14h, no Centro Cultural Hermes de Paula. O ICA UFMG também participa do evento com um estande para apresentação de resultados de pesquisa sobre o tema.
O Seminário será gratuito e aberto ao público. As inscrições poderão ser realizadas no estande da UFMG, montado no evento. Haverá emissão de certificado de participação. Durante o Seminário, a partir das 16h30, será apresentado o planejamento estratégico do Conselho Pró-pequi, a agenda de atuação de 2019 a 2023 e as perspectivas do grupo.
As atividades integram a 28ª Festa Nacional do Pequi em Montes Claros, que acontecerá até o dia 3 de fevereiro, sendo uma oportunidade para levantar as demandas em defesa dos extrativistas pela valorização e pelo incentivo às atividades produtivas com os frutos do Cerrado.
Além da UFMG, também participam da organização do Seminário o Núcleo do Pequi, o Conselho Estadual Pró-pequi e a Prefeitura Municipal de Montes Claros.
A 28ª Festa Nacional de Pequi em Montes Claros é organizada pela Prefeitura Municipal e possui ampla programação com encontros, gastronomia e atividades culturais. Veja a programação completa no site da Prefeitura.
O Conselho
O ICA faz parte de um Conselho, que atua como um órgão colegiado, composto por representantes do poder público e da sociedade civil e visa a proposição, a deliberação e o monitoramento da execução projetos e ações do “Programa Mineiro de incentivo ao cultivo, à extração, ao consumo, à comercialização e à transformação do pequi e demais frutos e produtos nativos do cerrado – Pró-pequi”, criado pela Lei nº 13.965, de 27 de julho de 2001. As atribuições do Conselho estão dispostas no Decreto nº 46186 de 15 de março de 2013, que regulamenta a legislação estadual.
De acordo com o professor da UFMG, Fausto Makishi, que faz parte do Conselho, a reunião visa apresentar os avanços nas atividades do último ano e os desafios para o novo cenário, a fim de que o Conselho não perca a força nesta fase de transição de Governo.
Neste mês, foi publicada uma portaria do Governo Federal que proíbe o corte de Pequizeiro (Caryocar spp.) em áreas situadas fora dos limites do bioma Amazônia, exceto nos casos de exemplares plantados. A portaria representa um avanço, já que a espécie, até então, só estava protegida por lei estadual (Lei 10883/1992).
Agenda estratégica
Na Agenda Estratégica do Conselho, que será apresentada durante o Seminário, estão as ações previstas para os anos de 2019 até 2023. “É um plano ousado, tem onze tópicos que vão desde a estruturação do próprio Conselho, sua governança, sua divulgação, até boas práticas de produção e de sanidade dos produtos”, explica o professor Fausto.
De acordo com o documento, a finalidade é “ampliar a discussão envolvendo a valorização da sociobiodiversidade do Cerrado e da Caatinga e o fortalecimento das populações tradicionais que vivem e trabalham nestes biomas”. Visa também a construção de um projeto de médio e longo prazo que “permitam potencializar as ações de impacto positivo à Política”. A apresentação da agenda será feita pela pesquisadora Sarah Melo, doutoranda em Ecologia na UFMG, que também compõe o Núcleo do Pequi e pelo presidente do Núcleo, Jacy Borges.
Conhecimento científico e protagonismo no Norte de Minas
O Seminário será iniciado com a palestra “Pesquisa e extensão: importância para o fortalecimento da cadeia produtiva do pequi e frutos do cerrado”. Na ocasião, o professor e Pró-reitor adjunto de Extensão da UFMG, Paulo Sérgio Nascimento Lopes, expõe as ações desenvolvidas pela Universidade que abarcam o tema do extrativismo e do uso sustentável de espécies nativas da flora.
O ICA UFMG possui protagonismo no desenvolvimento de pesquisas científicas sobre o pequi e outras espécies nativas do Cerrado e da Caatinga. Há cerca de 20 anos, professores e estudantes buscam conhecer o desenvolvimento das espécies e métodos de propagação de mudas das plantas, que ainda não são domesticadas.
De acordo com Paulo Sérgio Nascimento Lopes, o protagonismo da unidade acadêmica no desenvolvimento destes projetos se configura pela inserção da unidade nesse território e pelo engajamento do campus com as demandas regionais.
“Os principais resultados que já obtivemos, ao longo dessa trajetória, estão relacionados principalmente com a propagação das mudas de espécies nativas. Hoje, conseguimos produzir mudas de pequi durante o ano todo, o que anteriormente não era possível”, relatou o professor. Paulo explica que os estudos também investigam tecnologias de plantio e manejo do pequizeiro em áreas naturais, buscando compreender as práticas necessárias para garantir a sobrevivência da planta em campo.
Outro fruto nativo que é foco dos estudos é o coquinho-azedo. “Nestas pesquisas, conhecemos coeficientes técnicos, que seriam: o quanto a planta produz por ano, qual o tamanho médio dos frutos, a qualidade dos frutos, entre outras coisas”, de acordo com o professor, estes resultados contribuem para o estabelecimento de estratégias de manejo das plantas. Outros estudos são desenvolvidos para a experimentação de tecnologias de manejo e também nas áreas da educação e de conservação ambiental. Também são realizados trabalhos em parceria com o professor Leonardo Ribeiro da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Parte destes trabalhos estará exposta no estande da UFMG na Praça da Matriz. Os estudos são realizados pelo Grupo de Estudos em Frutíferas Exóticas e Nativas (Gefen), em parceria com o Viveiro de Mudas Frutíferas Ornamentais e Silviculturais, ambos do ICA UFMG. No viveiro, são produzidas mudas nativas que estarão expostas e também serão sorteadas durante o evento.
Novo projeto
Às 15h30, está programada a apresentação do panorama da cadeia produtiva do pequi no Norte de Minas Gerais pelo técnico do Laboratório de Óleos do ICA, Teddy Marques de Faria.
Será lançado o projeto “Melhoria no sistema de gestão da produção e da qualidade dos produtos nas unidades de processamento de frutos nativos e da agricultura familiar do Norte de Minas Gerais”. De acordo com Teddy Marques de Faria, o projeto terá a duração de dois anos e envolverá professores e estudantes de diferentes áreas e está alinhado com a Agenda Estratégica do Conselho Pró-pequi.
“Vamos trabalhar com quatro pilares: pessoas, organizações, qualidade e empreendedorismo. Dentro desses quatro pilares, vamos produzir informações mediante ações, como capacitações. Serão realizados diagnósticos e, de acordo com as demandas levantadas, vamos dar assistência à produção, principalmente para melhorar a qualidade do processo de produção, a formulação de protocolos e o levantamento de informações dos produtos, entre outras ações”, explicou Teddy Marques de Faria.
O professor Fausto Makishi, que também faz parte da equipe, explica que uma das propostas é reunir dados e indicadores para monitorar o impacto de projetos extrativistas. O foco do projeto serão o pequi e a macaúba e os estudos vão contemplar 15 empreendimentos que compõem o Núcleo Pró-pequi.