Inteligência artificial é tema de série de seminários internacionais promovida pela UFMG

Evento conta com pesquisadores renomados do 4º 'Intercontinental Academia', encontro de rede que reúne institutos globais de estudos avançados

Diversos aspectos e perspectivas relativos à inteligência artificial serão debatidos, a partir desta terça-feira, 8, na série de seminários Inteligência e inteligência artificial. O evento, organizado pelo Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat) da UFMG, em parceria com o Instituto de Estudos Avançados de Paris, segue até a sexta-feira, 11, no âmbito das atividades do Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Unesco e das celebrações dos 95 anos da UFMG. 

Ao mesmo tempo, a UFMG recebe a quarta edição do Intercontinental Academia (ICA4), evento concebido pela University-Based Institutes for Advanced Study (Ubias), rede internacional que congrega institutos avançados transdisciplinares de todo o mundo, entre os quais o Ieat. O ICA4 é um evento com programação privada, cujo objetivo, segundo o professor Estevam Las Casas, diretor do Ieat, é estimular a criação de uma rede global de novos líderes em pesquisa.

Estevam Las Casas explica que os dois eventos são conectados. “O ICA4 é organizado por uma rede internacional de institutos de estudos avançados (a Ubias), que congrega mais de 50 institutos filiados. A cada dois anos, esse evento é patrocinado por dois institutos-membros. Neste ano, ele é realizado por nós e pelo instituto de Paris”, explica. O encontro internacional consiste de duas reuniões principais, realizadas em continentes distintos. “Daí vem o termo intercontinental”, afirma. A primeira etapa foi realizada no ano passado, na França, e a segunda ocorre agora, em Belo Horizonte. 

Nas reuniões, os pesquisadores selecionados convivem com 17 mentores, que são cientistas experientes e de nível elevado. Para esta edição, entre 60 inscritos, foram escolhidos 19 jovens pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa de Brasil, África do Sul, Alemanha, Estados Unidos, França, Holanda, Israel, Japão, Polônia e Reino Unido. As áreas de pesquisa dos selecionados incluem matemática, computação, engenharia, direito, filosofia, linguística, neurociência e história.

“Desse encontro, participa um grupo de jovens pesquisadores que concluíram seus doutorados há não muito tempo, provenientes de universidades distribuídas por todo o mundo. O objetivo é formar uma rede internacional que permaneça depois do evento. Os candidatos selecionados participam dessas reuniões que, a princípio, devem gerar algum produto: um livro, artigos, por exemplo. Mais do que esses produtos, o objetivo é mesmo fomentar redes de cooperação”, detalha o diretor do Ieat.

Temas

A programação da série de seminários Inteligência e inteligência artificial, aberta a um público amplo, foi concebida, de acordo com Estevam Las Casas, como uma forma de aproveitar a passagem, pela UFMG, de pesquisadores de relevância e renome mundial, como Toshio Fukuda, Zaven Paré, Itzhak Fried e Xiao-Jing Wang. 

“Praticamente todos os mentores vão participar dessa nossa programação simultânea. Já na abertura, teremos a participação da professora Melanie Mitchell, do Instituto Santa Fé, nos Estados Unidos, uma das pioneiras no estudo das relações entre a IA e fenômenos complexos. Também vamos receber representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), para discutir a política brasileira para a área de inteligência artificial”, explica.

A série de seminários será composta de palestras e mesas-redondas, com a participação de mentores do ICA4 e outros convidados da academia e também da indústria. As atividades, sediadas no Centro de Atividades Didáticas de Ciências Naturais (CAD 1), no campus Pampulha, serão transmitidas para participantes e instituições parceiras. 

Foram definidos seis temas: Neurociências e abordagens de inteligência artificial para a cognição, Fundamentos e aspectos éticos da inteligência artificial e ciências cognitivasRobôs e sociedadeExplorações interdisciplinaresNovas perspectivas sociais e econômicasCenários futuros para economia, emprego e desigualdade sob o impacto da inteligência artificial.

Questão ética

“A inteligência artificial é uma ferramenta essencial em vários processos de tomada de decisão, de definição de políticas públicas e que tem estado cada vez mais presente na vida das pessoas e da humanidade. Falar desse tema também suscita uma questão ética: quem controla essas ferramentas tão poderosas, quais são as tendências de discriminação e de favorecimento que estão embutidas nesses algoritmos? Todas essas questões serão debatidas nesses seminários", exemplifica Las Casas.

Outro tópico de destaque, segundo o diretor do Ieat, é a concentração de poder provocada pela inteligência artificial, o que tem impactado até mesmo os processos eleitorais. "Esse é um tópico que assusta as pessoas: a quantidade de poder que está sendo delegada para umas cinco empresas internacionais, que são as que detêm o conhecimento e as ferramentas até para manipular a realidade, algo que a gente viu nas eleições em vários países. Pudemos ver como é possível segmentar as informações e criar aspirações que muitas vezes não têm nenhuma vinculação com a realidade nem com o interesse da população, além da possibilidade de gerar realidades paralelas em que as pessoas acreditam e embarcam, que podem ser ameaçadoras”, analisa.

A série de seminários Inteligência e inteligência artificial será realizada em formato híbrido, com participações presenciais e remotas. Todas as atividades, ministradas em inglês, contarão com tradução simultânea. A programação completa está no site do evento.

Texto de Hugo Rafael

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG