ISTs avançam entre os jovens e mostra redução do uso de preservativos, revela estudo da UFMG

PrEP 15-19 Minas, projeto desenvolvido pela Faculdade de Medicina da UFMG, aponta dados alarmantes de ISTs entre jovens participantes em BH

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima seis milhões de novos casos de sífilis por ano, sendo a maioria em países em desenvolvimento, onde essa infecção é considerada endêmica. No Brasil, os adolescentes e jovens adultos compõem o grupo que mais contribui para aumentar as estatísticas de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), apesar de representarem apenas um quarto da população sexualmente ativa. Para se ter uma ideia, as maiores taxas de sífilis adquirida - transmitida por meio do contato sexual - são encontradas na faixa etária de 20 a 29 anos. Entre os jovens de 13 a 19 anos, a taxa de detecção para essa infecção aumentou 1,654% entre 2010 e 2020.  

Embora o número de novos casos de ISTs avancem entre adolescentes e jovens de todos os gêneros e orientações sexuais, afeta desproporcionalmente aqueles que se identificam como homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans em todo o mundo, consideradas populações-chave para as ações de saúde. Em Belo Horizonte, essa população tem apresentado alta prevalência para infecções como sífilis, gonorreia e clamídia.

Dados do PrEP 15-19 Minas – projeto desenvolvido pela Faculdade de Medicina da UFMG para avaliar o uso da Profilaxia Pré-exposição ao HIV (PrEP) nessa população-chave entre 15 e 19 anos – mostram que dos 214 participantes recrutados de 2019 a junho de 2021, 13,64% foram testados com sífilis, percentual maior que o encontrado na população geral da mesma idade. E ao analisar dados entre a população-chave de homens que fazem sexo com homens, a taxa identificada em Belo Horizonte se mostrou maior.

“Em outros estudos, essa prevalência entre HSH fica entre 5% a 10%, o que mostra que estamos recrutando uma população ainda mais vulnerável, com risco acrescido para práticas desprotegidas, múltiplas parcerias, vulnerabilidades raciais, econômicas, entre outras”, pontua o infectologista e professor da Faculdade de Medicina UFMG, Mateus Westin. 

Já infecções como clamídia e gonorreia não são de notificação compulsória. Mas o infectologista salienta que dados comparativos com outros estudos mostram que o percentual identificado pela PrEP 15-19 Minas, de 19,48% para gonorreia e 10,23% para clamídia, está próximo às taxas encontradas na população-chave. Porém, os números ainda são considerados alarmantes.

“Os números chamam atenção por refletirem relações sexuais desprotegidas e que veiculam infecções que facilitam a efetivação da infecção pelo HIV, seja por úlceras ou inflamações das células do canal uretal, anal ou vaginal”, observa Westin.

Estudo

Para conhecer melhor os fatores de risco comportamentais entre os participantes da PrEP 15-19, outro estudo realizado pelo projeto* coletou dados de 289 jovens que estavam iniciando o recrutamento no projeto em 2019, nos três polos do projeto: em Belo Horizonte, Salvador e São Paulo. Os resultados, obtidos por meio de testes de ISTs e questionário estruturado sobre comportamento, mostraram que cerca de 78% desses jovens praticavam sexo anal desprotegido e 60,5% disseram fazer uso de alguma droga psicoativa durante a prática sexual, especialmente o álcool.

Leia matéria completa no site da Faculdade de Medicina da UFMG

*Dirceu Greco, U. Tupinambás, M. Westin, Y. Martinez, M. Greco, A.P. Silva, A. Granjeiro, M. Depallens, L. Miranda Marques, G. Barreto Campos, L. Magno, I. Dourado. Prevalence of STIs among adolescent men who have sex with men (MSM) and transgender women (TGW) at high risk of HIV infection. 2020. Trabalho apresentado no AIDS 2020 – 23rd International AIDS Conference San Francisco and Oakland, US, on 6-10 July 2020. 

Com assessoria de comunicação da PrEP 15-19 Minas

Fonte

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG

http://www.medicina.ufmg.br/