Lançamento do Portal do Bicentenário terá 26 horas de lives sobre os 200 anos da Independência
Projeto, que conta com a participação de grupos da UFMG, será lançado hoje e amanhã, dias 6 e 7
Para marcar os 200 anos da Independência do Brasil, que serão completados em 2022, professores, pesquisadores, movimentos sociais e entidades criaram o Portal do Bicentenário. O projeto, que conta com a participação de grupos da UFMG, será lançado hoje e amanhã, dias 6 e 7 de setembro, com programação intensa transmitida no YouTube.
O portal dará acesso livre e gratuito a conteúdos variados destinados à educação básica e a discussões sobre a independência do país que extrapolem os livros escolares. Professores estudantes vão encontrar lá sequências didáticas, relatos de práticas, material acadêmico, dissertações, livros e vídeos. O site foi desenhado para garantir acessibilidade e inclusão no acesso ao conteúdo.
De acordo com os organizadores, o Portal do Bicentenário vai ser um hub com temas e abordagens inéditos. O objetivo é propor pensamento crítico sobre o período em que o país deixou de ser colônia portuguesa, incluindo os diversos movimentos locais que levaram à construção da nação ao longo de dois séculos; a partir daí, instigar o debate sobre o país que deve ser construído.
O debate é urgente, enfatizam os pesquisadores que integram a iniciativa em rede. “Estamos enfrentando forte retrocesso de direitos, daí nossa responsabilidade de iniciar já um debate aprofundado sobre a possibilidade de parir outro país ou, ao menos, recuperar parte do que perdemos”, afirma o professor Luciano Mendes, coordenador do projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil 1822-2020, vinculado à UFMG, e um dos membros da equipe do Portal do Bicentenário.
Também coordenador do Pensar a Educação e do novo projeto, João Victor Oliveira, mestrando em História, lembra que a UFMG tem preocupação antiga com a escola pública. “O Portal do Bicentenário foi pensado primordialmente para a escola pública, seus estudantes e professores, que devem ser inseridos de forma efetiva no debate em âmbito nacional”, afirma o pesquisador, que é também professor da rede estadual mineira da educação básica.
João Victor informa que outros grupos da UFMG contribuem com o Portal e ressalta que a forte presença do Pensar a Educação no projeto “reforça o protagonismo da extensão nessa iniciativa, em articulação com o ensino e a pesquisa”.
História, cultura e sociedade
O Portal do Bicentenário vai entrar no ar às 22h do dia 6 de setembro. Vai começar, então, a virada de 26 horas de lives e debates. A mesa de abertura vai abordar os diversos Brasis e as trilhas percorridas até a Independência. Depois, será apresentada a temporada sobre o bicentenário no podcast No recreio. E a madrugada vai abrigar conversas sobre cinema, literatura, mulheres e indígenas nas artes.
Alguns outros temas postos para debate serão a escola após a independência até o homeschooling, a elitização do ensino secundário, a descolonização do ensino de matemática segundo teóricos africanos, a educação no campo, a liberdade de uso e acesso às mídias digitais, e a proposta de novos olhares sobre a independência do Brasil no ensino de história.
Já há conteúdos publicados nos canais e redes sociais do projeto: YouTube, Instagram, Facebook e Twitter. No YouTube, pesquisadores já abordaram, em lives, temas como a Independência nos livros didáticos, a história das mulheres nos últimos 200 anos e educação para as relações étnico-raciais. Na mesma plataforma, está disponível a série Educação e nação no bicentenário da Independência, formação para professores que já tem 14 aulas.
Diálogo e transdisciplinaridade
O Portal do Bicentenário tem como marcas a inter e a transdisciplinaridade de conteúdos e ações que promovem o diálogo entre saberes e práticas de professores e professoras, de estudantes da educação básica e do ensino superior, de povos tradicionais, de movimentos sociais e coletivos democráticos espalhados pelo país.
A iniciativa une 61 entidades e grupos de pesquisa, entre eles a Associação Nacional dos Professores Universitários de História (Anpuh), a Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (Anped), a Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de História (Abeh), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e grupos de pesquisa ligados à UFMG, à Unicamp, às federais de Uberlândia (UFU), Pernambuco (UFPE) e São Carlos (UFSCar), à Universidade de Pernambuco (UPE), entre outros.