Livro do Cedeplar UFMG 'Crise, pandemia e alternativas' indica saídas para os impasses atuais
Em 23 capítulos, publicação reúne robusta reflexão sobre o legado político, econômico, social e cultural da emergência
Está disponível no site do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG o livro Crise, pandemia e alternativas, lançado no âmbito da Coleção População & Economia, que desde 2003 vem servindo como veículo para divulgação dos estudos realizados pelo Centro. Organizado por Eduardo da Motta e Albuquerque, Frederico Gonzaga Jayme Jr. e Gustavo de Britto Rocha, professores da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), o livro contém robusta reflexão sobre o legado político, econômico, social e cultural da pandemia de covid-19. Assinados por 59 autores, os 23 capítulos da obra são divididos em quatro grandes eixos.
Predominantemente destinada a diagnósticos, a primeira parte do volume é composta de seis capítulos que tratam dos diferentes impactos da pandemia nos diversos setores e aspectos da economia e da sociedade. Nesse sentido, os seus textos abordam a covid-19 em face de temas como a economia, a demografia, a saúde (sexual e reprodutiva, por exemplo) e a moradia (em particular, o caso dos assentamentos informais nas periferias).
A segunda parte, por sua vez, amplia o olhar para o cenário internacional, buscando fazer, a partir dele, uma análise – espacial e tematicamente – global dos impactos. Em sete capítulos, busca-se interpretar, entre outros aspectos, a atuação (ou a falta dela) das lideranças políticas sul-americanas na crise sanitária e suas consequências, os reflexos dessa crise nos setores culturais, as migrações internacionais no âmbito da pandemia e as experiências de recuperação econômica (ou tentativa de recuperação) no pós-crise, com enfoques em casos particulares, como o chinês.
Integração tardia
A terceira parte concentra-se na questão política e em sua relação com a crise e a pandemia. Composta de três capítulos, traz à baila, por exemplo, uma recapitulação da “evolução do posicionamento político e de valores no Brasil entre 2006 e 2018” (na qual se analisa, naturalmente, a eleição de Bolsonaro) e uma análise do período do capitalismo compreendido entre o pós-Segunda Guerra e o presente – com foco no trânsito entre as noções de um tardio Estado de bem-estar social e um anacrônico Estado mínimo ultraliberal.
“No transcurso de mais de três quartos de século, verificou-se a propensão de integração tardia do Brasil aos movimentos históricos sistêmicos, vigentes nos países centrais, que, assim, assumiu feição desalinhada ou anacrônica em relação às tendências hegemônicas”, explicam os organizadores na introdução do volume, na qual apresentam cada um dos capítulos.
Por fim, a quarta e última parte do livro trata de propostas de saídas para os impasses domésticos e globais provocados pela emergência sanitária, como a renda básica universal e o incremento do investimento verde. Essa parte reúne sete capítulos, que buscam combinar elementos de diagnóstico com propostas e sugestões de políticas em diversas dimensões, sempre com foco na superação da crise.
As saídas
“Os 23 capítulos deste livro, ao lidar com diversos aspectos dessas crises que se superpõem, são uma contribuição para compreender que a situação vivida em nosso país não é trivial e exige reflexão profunda de todos os atores envolvidos”, demarcam os organizadores na apresentação do volume. “Esses capítulos ajudam a demonstrar como as crises que se superpõem têm múltiplas dimensões que não podem ser desprezadas. Ao contrário, devem ser integradas tanto no momento do diagnóstico como na preparação de propostas e alternativas à crise”, afirmam.
“O ano de 2022 se inicia com agravantes do cenário de crise, invasão da Ucrânia e a guerra, que é fonte de novos choques na economia global e no seu contexto geopolítico, com efeitos importantes sobre a agenda de discussões e debates – talvez destacando a importância de construção de instituições internacionais mais sólidas e influentes e a necessidade de discussões sérias sobre desarmamento em escala global”, ponderam. “Esses dois tópicos podem ser pré-requisitos para o planeta se debruçar sobre desafios globais, como a emergência de novas doenças infecciosas e o aquecimento global", projetam os organizadores.
Coleção População & Economia
O objetivo da Coleção População & Economia é gerar e difundir conhecimento científico, tecnológico e cultural capaz de servir como insumo para intervenções transformadoras na sociedade, orientadas para o desenvolvimento socioeconômico regional e nacional. Nesse sentido, suas publicações têm formato eletrônico e acesso gratuito – como o livro que ora vem a público, Crise, pandemia e alternativas, que é resultado de seminário homônimo realizado na Face de maio a agosto de 2021.
Além dele, a coleção já conta com outras 15 publicações individuais, todas de acesso gratuito no site do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG. Uma delas é o livro Alternativas para uma crise de múltiplas dimensões, que também tem como eixo os impasses – demográficos, sanitários, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais, políticos – vividos pelo mundo a partir de 2007-2008. Editado por Mônica Viegas Andrade e Eduardo da Motta e Albuquerque e publicado em 2018, o volume também pode ser baixado gratuitamente no site do Cedeplar.
Livro: Crise, pandemia e alternativas
Organizadores: Eduardo da Motta e Albuquerque, Frederico G. Jayme Jr. e Gustavo Britto
Edição: Cedeplar
Gratuito / 629 páginas
Livro: Alternativas para uma crise de múltiplas dimensões
Organizadores: Eduardo da Motta e Albuquerque e Mônica Viegas Andrade
Edição: Cedeplar
Gratuito / 440 páginas