Livro oriundo de dissertação defendida na UFMG entrelaça futebol e projeto de modernidade de Belo Horizonte
E-book editado pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação está disponível para download gratuito
Está disponível para download o livro O dinheiro do Otacílio – Futebol, política e jornalismo em Belo Horizonte, do jornalista Ives Teixeira Souza, lançado pelo editorial do Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da UFMG. A obra aborda as questões que entrelaçam o projeto de modernidade da cidade e o cotidiano dos clubes de futebol durante a gestão de Otacílio Negrão de Lima em Belo Horizonte, entre 1947 e 1950.
A expressão que dá nome ao trabalho — o dinheiro do Otacílio — remonta ao episódio em que o então prefeito de Belo Horizonte liberou, em forma de crédito, nove milhões de cruzeiros para os principais clubes de futebol da cidade (cerca de 500 mil dólares, na época) e pagou mais cinco milhões de cruzeiros (270 mil dólares) à Confederação Brasileira de Desportos (CBD) para que Belo Horizonte fosse uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 1950.
A imprensa, de acordo com o autor, teve significativa influência naquele contexto. “Os clubes, nos anos 40, passaram a produzir conteúdo jornalístico próprio, feito pelos mesmos jornalistas que cobriam a cidade. Essa espécie de parceria era capitaneada por Januário Carneiro, o fundador da Rádio Itatiaia. Ao mesmo tempo, os times de futebol se promoviam, construíam ou reformavam seus estádios”, afirmou Ives Teixeira em entrevista concedida ao Portal UFMG em abril de 2022, pouco depois da defesa de sua dissertação de mestrado agora transformada em livro.
A pesquisa revelou também como o desenvolvimento dos clubes de futebol foi impulsionado pelo poder público. Ainda nas três primeiras décadas do século 20, o município doou os terrenos que formaram o patrimônio inicial de clubes como Atlético, América, Cruzeiro e Minas Tênis Clube.
Desejo de modernidade
"Quando a gente investiga a história de Belo Horizonte, o desejo de modernidade aparece, de uma forma ou de outra. Ao tecer as relações da época, percebi que sempre pairou uma ‘desconfiança’ na cidade. O tempo todo pede-se uma mudança — e por quê? Porque se desconfia que a Belo Horizonte do presente seja insuficiente para o projeto de futuro”, comentou o autor.
Ives Teixeira Souza é doutorando, mestre e bacharel em Comunicação Social (com habilitação em Jornalismo e em Relações Públicas) pela UFMG e integrante do Temporona: Coletivo de Ações em Temporalidades e Narrativas.